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ksly
1 min de leitura ·

Contradições do tecno-capitalismo

Mesmo após anos e anos de desenvolvimento tecnológico quase não vemos propostas de redução da carga horário dos trabalhadores, muito pelo contrário, trabalhamos cada vez mais e essa é apenas uma das contradições do tecno-capitalismo.

Me refiro ao tecno-capitalismo numa conjuntura teórica do capitalismo focado nas tecnologias que permeiam nossa história e sociedade desde a antiguidade.

Gostaria de saber se vocês conseguem reconhecer essas contradições nos meios que vocês estão inseridos e conseguem exemplificar, além de claro propor apenas uma reflexão acerca do tema

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Confesso que fiquei um pouco confuso com o termo "tecno-capitalismo", porém sem querer politizar demais mas já politizando um pouco: Qualquer termo ou área que esteja ligada e com intenção de manter e fortalecer o capitalismo, nunca trará como opção uma redução da jornada de trabalho de forma amigável, mesmo que na prática existam profissionais cumprindo todas as suas atividades em apenas 2 horas (e de fato existam empresas testando a semana de 4 dias), nunca vai ser interessante para um modelo de dominação como o capitalismo que o trabalhador tenha mais tempo para se educar, abrir seu próprio negócio e se tornar um competidor ou até mesmo para "revolucionar" contra ele lutando pela sua própria qualidade de vida. Vide o discurso de "se reduzir a jornada de trabalho as empresas vão quebrar", ou voltando algumas décadas: "se acabar o trabalho infantil as empresas vão quebrar", "se pagar décimo terceiro as empresas vão quebrar", "com férias remuneradas as empersas vão quebrar", "se der licença maternidade as empresas vão quebrar". Qualquer evolução que melhore a vida do trabalhador, principalmente em função científica ou social eu acredito que será mal vista pelo modelo capitalista de forma generalista pois estará ameaçando as pessoas que realmente têm poder. Recomendo um pouco sobre o "capitalismo tardio", onde estamos produzindo cada vez mais e a parte consumidora está tendo cada vez menos poder de compra devido concentração de riqueza, tornando o modelo cada dia mais insustentável.

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Conheço a teoria do capitalismo tardio e creio que vc pontuou muito bem em suas colocações, obrigado pelo comentário

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Acredito que por questão de contrato o trabalhador não poderia rivalizar com a empresa que trabalha sem antes sair dela, só queria pontuar isso.

Mas aproveitando que tô aqui: As empresas que estão testando as reduções é por enchergam valor... Numeros de que a qualidade do trabalho melhorou é o que eles precisam para reduzir a jornada de trabalho. no fim se gera lucro tá bom... Outro motivo para não haver reduções da jornada é o aumento salarial, uma coisa ou outra né, ou as duas em pequeno porte.

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Isso da atribuição de valor é raro de se encontrar em empresas, as privadas principalmente são pautadas pelo lucro e o valor em si é algo que pode rivalizar diretamente com o

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Na verdade, não é nada raro. Uma empresa que não gera valor, eventualmente quebra. Não é coincidência as maiores empresas do mundo terem ótimos produtos e serviços.

Agora, não dá para comparar uma empresa de bairro com uma multinacional com dezenas ou centenas de milhares de colaboradores.

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Me expressei errado, as empresas preocupam em gerar valor na forma de imagem, mas não em gerar valor para os seus funcionários e dizer que a maioria das empresas se preocupam, me parece precipitado, Amazon, Apple são exemplos de empresas que tem funcionários reclamando das condições horríveis de trabalho

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Como comunista, enxergo nas "melhorias trabalhistas" uma forma de cada vez ter mais controle sobre a classe trabalhadora, dando uns migalhos aqui e ali, e tentando diminuir a percepção das contradições captalistas.
Então nunca é sobre de verdade acabar com os problemas pelas suas raízes , e sim, manter o sistema burgues em ativa pelo maior tempo possível. E de tempos em tempos sempre vimos crises capitalistas, e é claro que sempre um fascista urge. Vide nossos tempos atuais no Brasil.
(não tenho uma capacidade de comunicação muito alta, mas espero ter sido claro nas minhas afirmações -.-)

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Você foi Henrique, seu comentário foi lúcido e parabéns pela coragem de seu posicionamento enquanto comunista

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Acho importante trazer dados. Uma breve pesquisa no Google me levou a um artigo no Wikipedia sobre Jornada de trabalho. Pode não ser uma referência excelente, mas ele traz dados de que a jornada de trabalho diminuiu com o avanço da tecnologia:

Com a revolução industrial veio um aumento do tempo de trabalho durante o ano, entre outros fatores pela iluminação artificial e o êxodo rural. Nos Estados Unidos, a jornada média era de 70 horas semanais ao fim do século XVIII, de 60 horas ao fim do século XIX, e de 50 horas no início do século XX. Em 1926, a Ford e outras empresas adotavam uma jornada de 40 horas. Em 1938, o presidente Franklin Roosevelt sancionou uma lei estipulando uma jornada máxima de 40 horas, sendo a média à época de 42 a 27 horas de acordo com o setor. No século XXI, na França a jornada é de 35 horas. No Brasil, a jornada de trabalho é regulamentada na constituição de 88 e pela CLT, sendo o limite normal 8 horas diárias, correspondentes a 44 horas semanais.

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A contradição ainda existe visto que nossa evolução tecnológica avançou em muito desde os períodos de 70h, um outro colega mencionou sobre trabalho vivo e o trabalho morto que poderia reorganizar os trabalhadores justamente para trabalharem menos

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Não existe contradição se a jornada de trabalho diminuiu conforme a tecnologia avançou. E outro ponto, existe o debate da tecnologia causar demissões em massa no futuro por não precisar mais de humanos trabalhando. Você sabe me dizer se o tecno-capitalismo considera isso positivo ou negativo?

Apenas para dar um exemplo: com caminhões autônomos ganhando mais espaço, isso pode causar o desemprego de caminhoneiros.

Me parece que o termo para isso é technological unemployment (desemprego tecnológico).

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Mas está aí! uma pessoa não deveria trabalhar de caminhoneiro, não é um trabalho qualificado. Uma coisa que o capitalismo produz são funções alienantes de trabalho. Talvez seja positivo que a tecnologia ocupe áreas que possam ser automatizadas e nos deixe livres para tarefas criativas, ténico-cientificas, investigativas, administrativas, artisticas, curadoras e educativias.

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Como pode você defender igualdade mas rebaixar o trabalho de caminhoneiro apenas por não necessitar estudos. Você acha que em um outro sistema não teríamos caminhoneiros? Os caminhões já seriam inventados autônomos?

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Não desqualifico os caminhoneiros, penso que lixeiros, entregadores de comida como qualquer outra classe não deveria receber salários muito diferente das demais funções. Me refiro ao projeto de sociedade na qual estamos inseridos. O capitalismo introduziu o trabalho alienante e muitas vezes produzindo demandas artificiais.

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Estamos andando na contramão há décadas. Os governos tomam medidas que destroem as riquezas. Portanto o nosso sistema de mercado está patinando. O lockdown por exemplo ( sem discutir o mérito ) foi uma medida que "atrasou" a economia em pelo menos 10 anos. Não há mais capital disponível no planeta, todos os países endividados até a tampa.

Amigo acho que a sua crítica está endereçada para o sistema errado. O grande vilão da nossa sociedade é o corporativismo, que não tem NADA a ver com capitalismo.

Abraço!

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Acho meio controverso, bilionários como Musk e Bezos batem recordes de fortura e de lucro, no Brasil mesmo os ricos ficaram muito mais ricos, esse argumento de que não existe capital é inválido, ele existe mas não vem pra classe trabalhadora.

O lockdown tardio aqui no Brasil culminou na morte 600 mil pessoas, o que teria acontecido se ele nem tivesse sido estipulado?

E o corporativismo se liga diretamente com o capitalismo principalmente no domínio dos burgueses e dos afetuosos deles, além claro, das oligarquias, não se engane a maioriandas decisões políticas públicas são afetadas pelas decisões de uma pequena parcela da população.

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O que chamamos aqui de "tecnocapitalismo" é uma cultura

Mais do que sistema, o "tecno-capitalismo" é uma cultura. É uma forma de pensar que permeia a sociedade e um conjunto de práticas consolidadas no mercado.

Se é uma cultura, podemos mudá-la

Podemos abrir nossos empreendimentos com uma mentalidade melhor. Podemos conversar com nossos chefes (e se a empresa em que trabalhamos não é aberta a uma conversa com o empregado, o melhor é se esforçar para encontrar um emprego melhor).

O que eu percebo é que a tendência geral é a melhora.

Uma empresa que não gera valor para o cliente está fadada ao fracasso, isso é óbvio. Mas se ela não gerar valor para o empregado, corre o mesmo risco.

No mercado de TI isso é ainda mais evidente. O bom profissional, aquele que a empresa quer reter, precisa estar bem no seu emprego, porque a facilidade para obter um novo emprego é muito grande.

O problema é que as empresas brasileiras são, na média, ruins.

O que a gente pode fazer é se esforçar para criar "um pedaço melhor de mundo", da mesma forma que estamos buscando fazer um pedaço melhor de internet aqui. Quem sabe isso não cause uma revolução no trabalho, aqui no Brasil?

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Interessante o seu comentário, mas acho que é uma análise muito rasa.

No meu caso, a empresa em que eu trabalho é tão grande e com tantas camadas que se eu conseguisse sequer 1 minuto de atenção de quem realmente tem poder para definir a jornada de trabalho seria muito.

Discordo que a tendência geral seja de melhora, posso mudar de ideia se alguém me der uma análise mais profunda de que realmente está melhorando, mas o que eu vejo é que mesmo com mais tecnologias para produtividade, as pessoas trabalham cada vez mais para gerar lucros. Um exemplo claro do que está piorando é o Twitter, onde só vai sobrar quem é "hardcore" e está disposto a sacrificar a própria saúde mental para favorecer um trilionário. Saindo da área de TI, tempos apps como Ifood e Uber, onde a proposta é ter um trabalho para tirar uma renda extra, ou pior, ser chamado de "empreendedor", mas que na realidade está mais para uma escravidão digital, elevando muito o seu tempo de trabalho por um retorno pífeo.

A demanda de vagas na área também é volátil, estamos em um momento onde há muitas vagas, então temos um pouco mais de poder de barganha, mas no futuro pode ser diferente, não é segredo que grande parte das empresas tech não dão lucro, mas elas não quebram porque tem muito dinheiro injetado. Vale lembrar que as crises são ciclicas e inerentes ao capitalismo, nesses momentos é onde quem sai perdendo é o trabalhador.

Por fim, só dizer que o problema é que as empresas são, na média, ruins, e que a tendência é de melhora é no mínimo ideológico, o primeiro a se dar mal se algo acontecer será o trabalhador.

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Não tive tempo de desenvolver, concordo que tenha sido uma análise rasa. Não demonstrei o motivo por trás das opiniões, o faço aqui:

Esse fenômeno que vemos, do Twitter, por exemplo, é passageiro. A carga de trabalho precisa ser sustentável no longo prazo, no sentido de que a empresa perde funcionários, perde qualidade nos produtos e serviços. Concorda que um funcionário motivado, com a vida arrumada, feliz, produz mais? E também o contrário.

As empresas que possuem essa mentalidade de gerar valo para os funcionários e geram valor para os clientes ao mesmo tempo que geram lucros têm vantagem competitiva no mercado. Aquelas que não seguem essa linha perdem dinheiro, porque um funcionário motivado gera mais valor que o insatisfeito.

Por isso eu acredito que a tendência é melhorar.

É claro que a cultura geral do mercado influencia muito nisso. Se a mentalidade geral é a de gerar lucros e esquecer do valor real, tanto para o cliente quanto para o funcionário, é muito difícil que o mercado faça a tendência ao melhor – o mercado reflete a cultura.

Aí está a nossa oportunidade de mudar a cultura. Podemos convencer nossos amigos, entrar em discussões na internet, promover vídeos, etc.

Eu trabalho numa empresa de economia mista, o Banco do Brasil. Aqui o "RH" faz até pesquisa de satisfação com o funcionário. Tem muito o que melhorar, mas a mentalidade geral dos gestores é essa que eu falei acima, e gera vantagem competitiva.

Porém, se a empresa não tem nem mesmo esse objetivo de fazer o bem para o cliente, só espera o lucro, aí é que não vai querer fazer o bem para o funcionário mesmo. Por isso falei que o problema é a falta de qualidade nas empresas – falta esse senso de que o lucro pelo lucro é uma métrica horrível, não se sustenta no longo prazo.


Não tive tempo de elaborar melhor, mas acredito que tenha exposto bem os motivos por trás das opiniões.

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Achei esta esta definição na na internet:

Luis Suarez-Villa, em seu livro de 2009 Technocapitalism: A Critical Perspective on Technological Innovation and Corporatism, argumenta que o tecnocapitalismo é uma nova versão do capitalismo que gera novas formas de organização empresarial projetadas para explorar a criatividade e novos conhecimentos. Esta abordagem é desenvolvida por Suarez-Villa em seu livro de 2012 livro Technocapitalism: The Political Economy of Corporate Power and Technological Domination, no qual ele relata o surgimento do tecnocapitalismo à globalização e ao crescente poder das corporações technocapitalistas.

O significado por trás do conceito é parte de uma linha de pensamento que relaciona ciência e tecnologia para a evolução do capitalismo. No cerne desta ideia de evolução do capitalismo é que a ciência e a tecnologia não são separadas da sociedade, ou estão fora do alcance de ação social e de decisão humana. O setor de ciência e tecnologia é parte da sociedade humana e está sujeito às prioridades do capitalismo, tanto quanto qualquer outra atividade humana, se não mais. Cientistas proeminentes no início do século XX, como John Bernal, postularam que a ciência tem uma função social e não pode ser vista como algo à parte da sociedade.

Eu já havia escutado o termo em algum momento no passado, achei interessante ler sobre.

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Caraca, eu mencionei aqui, sem saber da existência do termo cunhado e estudado, muito obrigado pela referência vou estudar futuramente.

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Jogos digitais e softwares são produtos filhos do capitalismo.

Mas jogos e software são feitos por pessoas e para pessoas.

Nesse cenário, se você é a pessoa que lucra com eles, provavelmente nunca verá contradições.

Porém, se você é a pessoa que precisa programar para sustentar sua família e se vê em uma relação de dependência, sabendo que não pode ficar sem trabalhar pelo resto da vida, daí as contradições são tão claras que dói.

Esperar redução de jornada de trabalho derivado de avanços tecnológicos é ignorar outros aspectos fundamentais do capitalismo.

Provavelmente o CEO certamente trabalhará cada vez menos com o avanço das tecnologias. Porém, aquele que, se ficar sem trabalhar/ganhar dinheiro/fonte de renda um mês, dois, ou até um ano ou mais e falir, certamente será cada vez mais explorado pelos detentores dos meios de produção, donos de "unicórnios" e big-techs.

O capitalista quer lucrar. Se a tecnologia te faz um dev mais produtivo, isso vai trazer mais lucro. A questão é: lucro pra quem?

Se tu gosta de vídeos, recomendo o canal Teclas - Tecnologia e Classe do pessoal da Soberana.

Se tu é um dev inconformado com a precarização da indústria, cadastre-se na coopera.dev.br e participe da construção de ações revolucionárias.

Aos meus queridos devs camaradas, uní-vos!

Venceremos.

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"Você não terá nada e será feliz."

Klaus Schwab
Great Reset

Ao longo do tempo tenho me atentado para onde "estamos" indo, a tecnologia de fato avançou e trouxe muitas facilidades para todos!

Infelizmente poucos se aproveitam da grande maioria, independentemente da sua posição política (capitalista, socialista, comunista, anarquista, imperialista) tudo depende de pessoas, e o problema do mundo são as pessoas! Todo modelo de gestão em sua teoria é bonito, porém na prática o que vemos são pessoas ruins, invejosas, mentirosas, inescrupulosas, demagogas que mentem, enganam para tirar proveito!

Caminhamos para um abismo sem precedente!

Hoje vivemos a mercer dos tecnocratas, estes por sua vez estão em conluio com os governantes que por sua vez com a mídia (ciclo vicioso)! Digo isto com eufemismo para não falar o “bom português”

(O objetivo é se dar bem custe o que custar e quem custar!).

Tudo o que acontece na geopolítica faz parte do jogo. Com o advento da internet, rapidamente migramos nossas vidas para o digital. Hoje não assistimos filmes, ouvimos música, conversamos, estudamos, jogamos, compramos, pagamos contas sem internet. Isto é bom até um certo ponto, que é, quem é o dono disso tudo? Se olharmos para o mapa das holdings mundiais percebemos que praticamente tudo está nas mãos de poucos!

Com relação à governos, independente do viés ideológico sempre caminharemos para o globalismo (para o fim), e sem entrar em questões escatológicas ou teorias da conspiração, o fato é, somos forçados a utilizar o “sistema” e quem não obedecer às regras é cerceado, vemos o modelo de gestão ideal sendo testado na China. Em breve outras partes do mundo, a exemplo, o lockdown e a imposição por parte das empresas obrigando seus funcionários a tomarem as vacinas para retornarem a suas funções presencialmente (sem entrar no mérito de eficácia).

Onde trabalho, fomos obrigados, e quem não tomou foi sumariamente demitido, independente do excelente trabalho desempenhado.

Já abri demais a minha explanação, o problema é que um ponto vai puxando o outro e sucessivamente, quando percebemos, estamos em um emaranhado de dilemas que fica difícil de entender onde começou e para onde vai.

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Comparar socialismo, anarquismo e comunismo ao dizer que produzem os mesmos resultados que o capitalismo é uma contradição de termos e talvez desconhecimento da história e antropologia. A natureza humana é um tanto plastica e em um sistema competitivo e hierarquico há de promover nas pessoas valores e afetos distintos dos que promeveria numa socidade aberta, cooperativa, solidária... As primeiras sociedades desde da pré história se estabeleciam em um tipo de comunismo primitivo. O advento do Feudalismo seguido do mercantilismo e por fim o capitalismo. As coisas são como são fruto de uma construção secular, mas podem vir a ser radicalmente diferentes e em oposto ao modo atual de organização. Sistemas colaborativos produzem mais e melhor que sistemas competitivos. O capitalismo é anti natural e contraditório e há de cair ou seremos consumidos por ele. O capitalismo está esgotando os recursos naturais do planeta, esterelizando a biodiversidade, suprimindo a empatia e a individualidade das pessoas. O capitalismo é o beneficio de poucos sobre muitos. Dizer que sempre foi assim é desconhecer nossa trajetória como espécie.

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Diletante, boa tarde.

O meu ponto de reflexão não foi comparar ideologia, nem tão pouco suprimir a história. O cerne do meu comentário se refere justamente ao indivíduo! E que, indepentemente de qual regime governamental estiver em vigor, estaremos a mercer de pessoas que em sua maioria são ruins! Não estou defendendo ponto A ou B.

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Quero pedir desculpas porquê sem perceber eu produzi um Argumentum Ab hominen (desqualificar o autor da fala e não a fala em si) minha atitude de deixar isto claro faz parte do meu esforço em introduzir a comunicação não-violenta e premissas lógicas válidas em minhas linhas argumentativas. Por algum motivo os ânimos se agitam quando as pessoas tratam sobre Humanidades e principalmente no campo da política.

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Bom dia, Diletante me desculpe não ter respondido antes, é que foi aniversário da minha filha e não tive tempo.

Quanto ao seu pedido de desculpas, obrigado, mas não se faz necessário face que estamos debatendo em um ambiente virtual, e que, nem sempre respondemos quando as partes se manifestam. Mas como você bem colocou, atualmente no mundo, os ânimos de todos têm estado um tanto quanto "alterado" quando falamos de política.

E seu esforço em "introduzir a comunicação não-violenta e premissas lógicas" é plausível, vez que, todos os debates (políticos) elevam os ânimos e acabam em brigas e discussões.

Reforço que, meu comentário foi de modo geral, não me refiro a totalidade, mas sim a grande maioria dos políticos que lá estão (em todas as esferas de poder e em todos os países).

Quanto a nossa nação, enxergo um futuro muito incerto e preocupante independente de qual caminho tomará.


Eu tive a oportunidade profissional de fazer parte de um time de governança corporativa, onde em 02 anos implementamos uma cultura empresarial nova. Talvez a mais importante tenha sido a meritocracia, esta sem dúvidas representou uma mudança de paradigma gigantesca, onde desde o presidente até a "tia do café" (sem demérito algum ao cargo, apenas a título de comparação hierárquica), entenderam que o resultado é fruto de empenho e trabalho diligente. A melhor forma da empresa expressar o reconhecimento é remunerando variavelmente (seja: “Aquecendo o bolso“, “Aquecendo o coração” ou até mesmo “Aquecendo a barriga”) mas isto só foi possível porque as pessoas compreendam seu valor na cadeia de processos chamada "Empresa".
Em uma empresa familiar (com faturamento milionário), mudar este tipo de cultura que reflete diretamente no EBTDA é sem dúvidas a prova de que funciona, conseguimos construir um time formidável, formamos pessoas que deslancharam profissionalmente (pessoas que saíram de uma perspectiva social e profissional pequena), e outras claro, foram incomodadas e não quiseram se atualizar, consequentemente foram substituídas, não por que não concordaram mas porque se achavam insubstituíveis, e superiores as demais.

Onde quero chegar com isto? Mais uma vez, o problema não é a ideologia, mas sim pessoas.

Se não mudarmos as pessoas, não mudaremos a sociedade. E trazendo para um pensamento lógico, como mudar a cultura de uma nação se os 3 poderes não estão nem um pouco a fim de transformar para melhor as gerações futuras? Na verdade, querem sim, transformar para pior. Entregando ensinos cada vez mais superficial e rasos, não agregando valores científicos, históricos, lógicos, cívicos e morais. Falo com propriedade, pois meus filhos estudam em escola pública, pouquíssimas são as pessoas que tentam fazer mais.

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Carga horária trabalhada e o excesso dela é um problema de gestão, não de tecnologia em si, problema de produtividade, de como achamos que produzimos melhor, de achar que trabalhar mais tempo por exemplo = produzir mais. Não existe contradição (nisso especificamente) no "tecno-capitalismo".

Relações de trabalho mediadas por tecnologias digititais seria mais apropriado.

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Opa Alysson, boa tarde.

Em meu entendimento, seu ponto de vista é coeso, dado ao fato de que nosso trabalho é medido por tempo e não entregas. Isso se dá pelo paradigma praticado. Empresas disruptivas já perceberam isto e estão avançando com esta mudança de cultura. Não me recordo da reportagem, mas vi em algum lugar que empresas adotaram o trabalho de seg-qui (ainda com uma carga horária maior), porém os colaboradores trabalham mais e melhor, sabendo que tem 01 dia útil livre para resolver seus problemas pessoais.

Existe muito o que se debater sobre o tema, mas é uma alternativa diferente ao modelo atual.

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Eu não conheço o termo tecno-capitalismo, mas acho que sei o que você quer dizer.
Todos temos que ter em mente que o capitalismo ao qual estamos inseridos não está livre de regulações, e que estamos ainda trabalhando 8 horas por dia por conta da regulação estatal que determina isso como uma jornada de trabalho.
Podemos observar tal ponto quando olhamos para países mais desenvolvidos, especialmente na Europa, que são mais capitalistas que o Brasil. O trabalhador de tais regiões, tende a trabalhar muito menos do que em locais como aqui, pois o poder de compra de lá é muito maior que o nosso, e portanto, o necessário para viver é alcançado com muito menos esforço. Já que os impostos são mais simplificados e a regulação sobre as empresas são menores.
O capitalismo não é um regime de dominação, mas sim um modelo de trocas voluntárias, ou seja, algo natural. Não há dominação quando há contratos voluntários entre ambas as partes, e se você aceitar tal requisição com base em um acordo, você teve total controle sobre isso, caso se arrependa, basta cumprir a rescisão do contrato.

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"O capitalismo não é um regime de dominação, mas sim um modelo de trocas voluntárias, ou seja, algo natural."
Muito bem pontuado.

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As inovações feitas no sistema capitalista não servem para emancipar a classe trabalhadora, mas sim para aumentar o capital. Quando se ouve falar de carros autonomos, mercado sem atendentes, IA que programa/cria arte e etc. O que causa é medo na classe trabalhadora de ela perder sua forma de sustento. Por isso só vejo alteranativa com a mudança na forma de produção que deve servir para o bem da classe que produz a riquiza e ela só vem numa pespectiva revolucionária.

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Concordo plenamente... e isso é historicamente comprovado. A classe dominante sempre busca aumentar o capital, reduzindo ao máximo o custo. E isso significa explorar a classe trabalhadora. Os direitos que temos hoje (que alguns chamam de "benefício") veio com muita luta.

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Cirúrgico seu comentaário joaojvt. Infelizmente, ao mesmo tempo que os métodos do captilalismo se tornam cada vez mais sofisticados, eu vejo um recuo de narrativas revolucionárias e emancipatórias nas massas; um tipo de entreguismo ou assimilação da classe trabalhadora aos valores daqueles que detém os metodos de produção. Já dizia Paulo Freire: "Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor"

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Acredito que seja por conta dos acordos que a o PT e o Lula teve que fazer para conseguir chegar à presidencia. Fez com eles se movessem à direita, algo consiliador.

Concordo em partes que a educação é libertadora, mas a consientização de classe e a organizção fará mudanças siginificativas no país. E também acredito que é necessário superar o Lula na luta. Um outro expoente na esquerda para liderar e movimentar as massas.

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No governo lula na pasta da educação as figuras que estão por trás da escola sem partido, reforma do ensino médio e da consolidação do BNCC (documento que não foi concebido sem a participação da classe dos trabalhadores da educação) essa galera é que está lidando. Então eu não vejo melhoras no sentido da qualidade de ensino, mas certamente haverá mais investimento em educação no governo Lula do que houve no atual governo.

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Com relação a trabalharmos mais, na minha percepção, a pandemia e o início do home-office para muitas funções de office e ligadas a tecnologia trouxeram, de alguma forma, um entendimento de que os profissionais podem ser medidos pelos resultados ao invés de exigir horas presenciais, principalmente aqueles que são de maior valor (escassez / qualidade).

Com relação ao capitalismo fazer trabalhar mais, eu entendo que o capitalismo permite que você trabalhe e ganhe retornos do seu trabalho, e quando você está numa posição assim, entendo que você queira trabalhar bastante pra gerar bastante valor e receber mais.

Quanto a crítica política ao capitalismo e a quantidade de trabalho exigida, acredito que basta o simples reconhecimento de que no modelo "capitalismo", você não é obrigado a nada. Se a quantidade/qualidade do serviço que te é oferecido executar não te agrada, você tem o direito de sair.

Antes isso do que a inteligência artificial do governo definir com o que você vai trabalhar, né?!

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A tecnologia tem produzido tantas inovações, produtos, métodos, soluções, etc e de maneira tão rápida que as sociedades mal tem tempo de se acomodar e entender esses impactos. Por vezes as tentativas de acomodação ou direcionamento de governos e entidades reguladoras são atropeladas por este combo de inovação e criatividade. Eu penso que seria mais (ou pelo menos não deixar de priorizar) benéfico pensar na constante adaptação dos trabalhadores a esses novos paradigmas e assim se beneficiar das vantagens de estar a frente dos processos do que pensar em concentração de riqueza. A melhor forma de distribuir riqueza é ampliar as capacidades dos trabalhadores de produzirem e se adaptarem. Talvez não sirva para os profissionais de mais idade, mas os profissionais mais novos que tem bastante caminho pela frente devem colocar como objetivo a ser constantemente buscado. Coloco a questão nestes termos é devido a competição de mercado, se você não se propõe a essa busca sempre haverá profissionais nos diferentes locais do mundo em busca de ocupar as posições vagas. E sabemos que boas vagas são limitadas e não ficam desocupadas.

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Eu acredito que a tecnologia não acaba com empregos, apenas muda eles de lugar, porém, se esse ganho de produtividade não for acompanhado proporcionalmente com a melhoria/manutenção da qualidade de vida da classe trabalhadora, esses "novos empregos" não serão gerados em quantidade suficiente, ocasionando o aumento da pobreza e da concentração de renda, que é exatamente a nossa realidade.

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Milton Santos, grande geógrafo brasileiro, chama essa nossa era de meio técnico-científico-informacional. A atual fase do capitalismo utiliza do meio técnico-científico-informacional para gerar a mais valia necessária para o acúmulo de capital. Logicamente que o setor de tecnologia/programção é um dos primeiros a sofrer os efeitos (positivos e negativos) do capitalismo.
Quanto à jornada de trabalho, sempre crescente, é facilmente explicado pela mais valia. O capitalismo enrriquece se apoderando do excedente de produção realizado pelo trabalhador. Se a empresa paga R$ 5.000,00 para o empregado por uma jornada de trabalho de 40h semanais, é porque ele produz bem mais do que o valor de seu salário. Assim, quanto maior o tempo de trabalho mais valia a empresa se apropia, sem a necessidade de reajustar o salário do empregado.
Muitos profissionais só percebem isso na pele, pois ignoram disciplinas da área da formação humana (filosifia, sociologia e outras que geram softskills importantes) se deticando apenas aos conhecimentos técnicos. Acabam por si tornarem profissionais alienados volutariamente.
Sou formado em agronomia e em licenciatura em geografia, foi nesta última que aprendi a ler o mundo (como diria nosso patrono da educação Paulo Freire). Estou fazendo minha 3ª graduação (engenharia de software) e vejo os colegas ignorarem as disciplinas de humanidades. Serão os profissionais perfeitos para o mercado de trabalho, porém infelizes e limitados.

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