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Como a faculdade pública quase me fez desistir de tudo

Desde a adolescência, eu sempre invejei estudantes universitários.
Venho de uma cidade estudantil que tem uma universidade pública muito forte e concorrida, sempre quis estar ali entre eles, ser um deles.

Essa pira com universidade pública veio da adolescência. Muitos me falavam: "não faça faculdade particular, faça faculdade pública, elas são as melhores e se você entrar lá (UFMG, USP, Unicamp...) você vai se dar muito bem".

Eu cresci com essa ideia na cabeça, de que faculdade privada não valia nada e que eu tinha que ter um diploma de uma dessas universidades federais ou estaduais.

Esse sonho de entrar em uma boa universidade só veio a se realizar aos 26 anos, depois de inúmeras tentativas, consegui passar em Engenharia Mecatrônica em uma instituição federal. Porém, quando cheguei no terceiro período eu já estava decepcionado 🥲

Faculdades públicas podem ser muito prestigiadas (inclusive supervalorizadas pelas grandes empresas), mas também considero que tudo é muito teórico com um modelo de ensino que se mantém conservado da mesma forma desde os anos 50,60,70... pouca coisa mudou.

Nunca gostei da ideia de estudar páginas e mais páginas de livros de cálculo para depois fazer uma prova para encontrar o valor de "x". Minhas notas eram bem baixas por não ter vontade de estudar para resolver essas provas. Mas se o assunto fosse criar algum projeto que resolvesse algum problema, eu seria capaz de encarar os livros mais difíceis para achar a solução.

Na faculdade eu aprendia limite e derivada, resolvia alguns exercícios e encontrava o valor de x, mas no final eu queria mesmo era saber onde tudo aquilo se enxcaixava para colocar um avião de pé, onde tudo aquilo se aplicava no mercado para resolver problemas de engenharia, de computação... problemas de negócio. Era isso que eu queria entender.

Acabei desistindo da faculdade, saindo de lá com a sensação de incapacidade, eu me sentia burro e incompente. Mas no fundo eu sabia que nunca fui incapaz ou preguiçoso, eu apenas não me adequava a esse modelo de ensino que eu considerava ruim para a criatividade, para o empreendedorismo e para o mercado de trabalho em geral.

Eu tirava notas baixas nas provas não por incapacidade de entender ou de estudar, eu apenas me distraia com coisas que eu achava mais interessantes como assistir um tutorial de alguém ensinando como analisar dados da bolsa de valores em Python implementando estatística e probabilidade e outros cálculos avançados. Era disso que eu gostava!

Um modelo de ensino ultrapassado

Faculdades tradicionais ainda estão presas no passado com um modelo de ensino que castiga os estudantes para que eles aprendam coisas complexas da pior maneira, da maneira chata! Percebi inclusive, que nessas universidades muitos professores se orgulham de serem campeões de reprovação e de fazerem seus alunos desistirem, como se isso fosse um motivo de orgulho. Mas será que para fazer alguém aprender alguma coisa, temos que fazer esse alguém sofrer?

Lembro de um professor no segundo semestre dizendo que a sala estava bem mais vazia e que engenharia era mesmo para poucos com um orgulho danado. Engenharia não é para poucos, é para muita gente. Acontece que existem muitos alunos que não conseguem se adequar ao modelo de ensino tradicional. Alguns alunos podem ser nota zero em uma prova de cálculo, mas podem ser excelentes estudantes na hora de criarem um projeto de computação que faça uso de cálculos avançados e no final das contas, eles podem entender como esses cálculos funcionam na prática do mesmo jeito.

Me lembro das aulas de estatística extremamente teóricas, o período de provas estava chegando e eu querendo desistir sem motivação alguma para começar a estudar. Foi quando eu peguei sem querer na internet o livro Practical Statistics for Data Scientists. Eu me apaixonei por estatística em poucas páginas de leitura ao entender onde tudo aquilo se aplicava para resolver problemas em todas as áreas da sociedade. Me torcei um devorador das páginas desse livro sem a obrigação de ter que estudá-lo para tirar dez em alguma coisa.

Livro Practical Statistics for Data Scientists

Hoje eu percebo que todos nós temos um pouco de genialidade e que ninguém pode ser considerado burro por tirar zero em uma prova, mas a educação estruturada da forma como ela é hoje vem matando a criatividade e a motivação. A educação precisa cativar as pessoas, precisa gerar um encanamento e não apenas ser empurrada guela abaixo sem nem ao mesno explicar as pessoas onde tudo aquilo se aplica para resolver problemas.

Eu sempre serei preguiçoso para estudar cálculo, estatística e probabilidade para resolver provas em busca de uma boa nota, mas eu sempre terei motivação para estudar horas e horas se o objetivo é criar um projeto de analise para o mercado financeiro por exemplo.

Uma nova perspectiva sobre a educação

Depois de abandonar a faculdade formal e ver meu sonho quebrado, hoje eu estudo em uma universidade dessas mais descoladas no estilo startup, faço hackathons de projetos e vários cursos em plataformas como Coursera ou EDX. Tratam-se de modelos de ensino bem diferentes onde você aprende colocando a mão na massa para criar coisas que funcionam e que resolvem algum problema. Claro que ainda existe uma parte bem conceitual e teórica, mas existe uma parte onde tudo é mais prático e praseroso, uma parte onde você vê as coisas funcionando e se sente realizado sendo capaz de criar algo.

Não creio que esse modelo teórico baseado em achar o valor de x o tempo todo vá se sustentar por muito tempo. Acho que tudo isso pode fazer muito sentido para cientistas e pesquisadores, mas não fazer tanto sentido para quem quer criar projetos, negócios ou empreender.

Pegue um adolescente que odeia matemática e física e que só tira notas baixas nessas matérias e, ao invés de fazer ele passar horas exaustivas estudando, tente construir junto com ele um aeromodelo de isopor mostrando a ele onde a matemática e a física se juntam com o design de produto para construir um protótipo. Mostre a ele como fazer o próprio controle remoto do aeromodelo através de sensores e IoT (internet das coisas). Duvido esse jovem continuar odiando matemática e física.

Sobre tudo isso, eu sempre fui o jovem inadequado que tirava notas ruins, mas que sempre se sentia motivado para aprender um monte de coisas difíceis se eu soubesse que iria construir algo. É tudo uma questão de perspectiva, de oportunidade.

A educação não precisa fazer sofrer para se fazer entender, não precisamos fazer as pessoas aprenderem coisas complexas através da exasutão. Aquela fase em que o professor batia nas mãos dos estudantes com uma régua quando faziam alguma coisa errada já foi superada, isso foi nos anos 60, 70.

Agora estamos no século 21 onde o conhecimento está muito mais democratizado, dinâmico... surgem novas escolas de negócio, professores se juntando e criando startups nas áreas de educação a preços acessíveis com metodologias de ensino bem diferentes do modelo tradicional.

A educação não deveria se restringir a "encontre o valor de x", ela também precisa nos mostras como as coisas funcionam na prática e onde tudo isso pode ser aplicado para resolver problemas na sociedade.

Essa é a minha visão sobre educação.

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Fiquei pensando se respondia ou não, porque eu já entendi um pouco como o público aqui pensa e sei que provavelmente vou tomar negativo pelo que vou dizer, mas resolvi dizer por uma razão.

Mesmo que desagrade alguns, não muda nada para essas pessoas, é só um desagrado, uma discordância. Mas talvez para uma pessoa, quem mais de uma pode ser que sirva o que eu vou falar e pode ajudar muito a vida dela, então não me furtei mesmo com o risco de desagradar várias, e pago o preço se o desagrado causar para a publicação, internet é assim.

Eu concordo totalmente que ensinar o que não é útil é ruim em qualquer curso, e se um curso força muito isso ele só é ruim, não importa nenhuma outra característica dela, seja de instituição pública ou privada.

Mas a teoria é muito importante.

Não vou ficar falando aqui de prática por uma razão muito simples, não preciso falar do que praticamente todo mundo concorda, isso seria só pra atrair likes, todo mundo sabe da sua importância.

O que está cada vez mais difícil as pessoas saberem, o que tem aumentado muito ultimamente, é sobre a importância da teoria para entender tudo o que faz de forma correta e poder tomar decisões mais adequadas. Quem ignora a teoria nunca perceberá o que está perdendo. O mesmo vale para quem viu, não gostou e ignorou do mesmo jeito.

Eu até lamento que em alguns casos as pessoas não enxerguem valor nisso, e admito que pode ser culpa da forma que se faz a educação. Mas ao mesmo tempo indica um pouco que a pessoa não gosta tanto assim da área, gosta de algumas partes, gosta de ver o resultado. Falta o compromisso total com tudo o que é necessário.

Não importa a faculdade que faz ou mesmo curso, mas tem que aprender a teoria, tem que fazer a parte chata, ainda que seria bom que seja de forma agradável. Quem foge disto está se limitando e vai sofrer as consequências de uma forma ou de outra. Procurar algo mais interessante é algo que deve fazer mesmo, mas tem que ser algo que entregue o que precisa, não pode ser algo que só entregue a superfície para agradar a pessoa, isso dá errado por várias razões.

O meme que fala dos grandes nomes da indústria que largaram a faculdade tem um exagero, mas não é todo de errado. Claro que está se falando de largar totalmente, não largar para escolher algo melhor.

Eu achei que deveria escrever porque cada vez vejo mais relatos para as pessoas largarem tudo. O que este aqui nem faz totalmente, mas o que nenhum relato faz é mostrar quem fez isso se conseguiu algum trabalho e quem se dedicou tudo o que podia, indo até o fundo e conseguiu algo melhor.

Quem pega tudo pela metade sequer consegue avaliar em que ponto está, em que pontos outras pessoas estão quando se compararam. E começam criar crenças.

Eu não faço julgamentos só por ler um texto de alguém, não estou dizendo o que acontece aqui, e não é da minha conta também, só quero dizer que apesar de que acho que o ensino pode se modernizar, o que eu vejo as pessoas pedindo na maior parte dos casos é que não ensine o que importa, que não gere conhecimento real, que apenas passe receitas de bolo para ela reproduzir e ganhar seu dinheiro. Isso é ruim. Quem não faz isso pode estar tudo bem.

Eu só passei me desenvolver de verdade quando resolvi ler muito, muito mesmo. Estudar do jeito tradicional. Antes eu resolvia os problemas, mas hoje vejo o quanto era ruim, e como parecia que estava indo bem, mas não estava. E quem me criticou no passado estava certo.

Todo mundo tem direito de escolher o que quiser, fazer oque se dá melhor, mas a pessoa precisa saber que toda escolha tem consequência. Nem sempre ela está preparada para entender isso.

Eu realmente queria colocar outra perspectiva para as pessoas terem uma opção de pensamento para tentar decidir melhor. Só ela vai decidir, mas quando ela tem um jeito apenas ela pode tender a decidir errado.

A reflexão não é simples, e decidir é mais difícil ainda. Boa sorte a todos.

Outro ponto que eu fiquei "falo ou não falo" porque falei do assunto em outra respoista e negeativaram porque isso tender ser tabu e alguns acham que parece ofensivo, mas só quero ajudar e quem sabe dizer algo que pode mudar a vida de uma pessoa. Quando uma pessoa só consegue assimilar coisas com muito estimulo provavelmente é bom procurar um especialista, pode ter alguma complicação de saúde. Só vou dizer isso.

Obviamente que gastei todo esse tempo e enrgia tentando o melhor para todos, espero ter conseguido, pelo menos para alguém.

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vou comentar apenas uma pergunta que um coordenador de engenharia me fez em uma entrevista: " Mas voce pode me dizer CONCEITUALMENTE o por que de escolher essa tecnologia e não outra?"

Ae vi o diferencial de PRECISAR saber a teoria pra ser melhor remunerado!

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Sim, e grande parte das pessoas acham que podem, e dizem. Mas sem fundamento algum. Até alguns bem experientes fazem. Eu vejo o tempo todo. E tem casos, até bem públicos, que desperdiça-se montanhas de dinheiro por causa de decisão errada de alguém que não foi bem formado mas conseguiu estabelecer uma carreira. A maioria não conseguirá estabelecer uma carreira sólida sem a base e reclamará porque não foi pra frente, como se ela não tivesse responsabilidade. Ela queria ter a sorte e características pessoais de quem se deu bem sem a base técnica necessária, e vai até citar alguns casos famosos, achanado que acontecerá com ela o mesmo, mas isso é extremamente raro, ela joga na loteria. Eu faço minha parte alertando. Alguns aproveitam, outros jogam pedra.

Obrigado pela particpação.

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Temos que entender uma coisa universidade não é fabrica de mão de obra para empresas!
Universidade é um lugar para gerar conhecimento.

Mão de obra de empresa gera lucros, não pesquisa e empresas que pesquisam precisam de egressos de universidades.

Usar um cientista da computação como programador é desperdicio de dinheiro do estado em sua formação. Caso ele tenha se formado em particular idem.
User um engenheiro da computação como simples programador também é desperdicio.

Para ser considerada universidade precisa de: Ensino, pesquisa e extensão.
Uma faculdade só precisa de ensino.

Por isso a forma de ensino é bem diferente de um ensino técnico.
Uma faculdade não tem as obrigações de uma universidade.
Por isso o ensino é bem mais direto ao ponto para te formar uma mão de obra boa o batante pra as empresas!

Dito isso.
Isso não quer dizer que o ensino seja bom, nem que seja o melhor.
A forma de ensinar ainda é meio antiga mesmo. E precisa ficar melhor para poder ter menos evasão!
Mas a teoria e aprender como pesquisar não vai sair do curriculo não!
Alias nem pode. Daria pra mudar algumas coisas. Mas nunca tranformar uma universidade em uma faculdade!

ela também precisa nos mostras como as coisas funcionam na prática e onde tudo isso pode ser aplicado para resolver problemas na sociedade.

Esse tipo de coisa pode ser atribuido a uma faculdade! Que é mais voltada ao mercado diretamente. Formar mão de obra para empresas!

Abraços

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Me identifiquei um pouco com sua trajetória. Também sempre tive um sonho de entrar na universidade pública e consegui. Cursei Engenharia Mecânica até o final mas bastante desanimado com todo o processo. Chegando ao fim com a sensação de que passei anos aprendendo a resolver e acertar exercícios teóricos, e apenas isso.

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A educação teórica é importante pra que entendamos os motivos dos atos que executamos, mas a educação prática é muito mais útil pra que os resultados sejam palpáveis, né?

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Concordo em partes com você, recentemente me formei em uma universidade federal.

Percebi inclusive, que nessas universidades muitos professores se orgulham de serem campeões de reprovação e de fazerem seus alunos desistirem, como se isso fosse um motivo de orgulho

De fato a grande maioria dos professores que tive contato era algo do tipo: "Se todo mundo da sala reprovou a culpa é deles e eu não tenho nada a ver com isso". Claro que sem estudar você não seria aprovado na disciplina, mas quando a taxa de reprovação é tão alta é difícil acreditar que ninguém ali estudou o suficiente para tirar a nota mínima para passar e há algum outro problema além do esforço indivídual.

Em contra partida vejo que isso se deve um pouco ao fato de que a carreira deles geralmente tem muito mais enfoque na pesquisa do que no ensino e que só fazem a parte do ensino pois são obrigados. Mas vale ressaltar que tem alguns que fazem as duas coisas muito bem.

Na faculdade eu aprendia limite e derivada, resolvia alguns exercícios e encontrava o valor de x, mas no final eu queria mesmo era saber onde tudo aquilo se enxcaixava para colocar um avião de pé, onde tudo aquilo se aplicava no mercado para resolver problemas de engenharia, de computação... problemas de negócio. Era isso que eu queria entender.

No primeiro ano foquei apenas nas disciplinas teóricas e foi algo massivo, cansativo e tinha a sensação que não estava servindo para nada.

Quando as disciplinas da engenharia começaram de fato, nós tinhamos muitas aulas práticas seja através de projetos ou de laboratórios, o que me fez começar a enxergar uma relação do que eu estava aprendendo com coisas reais.

Ao longo do tempo fui me aventurando pelas outras coisas que a universidade tem a oferecer, primeiro iniciei uma iniciação científica onde pude aplicar os conhecimentos aprendidos em aula em algo mais palpável ao mundo real.

Também participei da empresa júnior onde tive o primeiro contato com o mundo empresarial, além de atuar na parte técnica em projetos de IOT e eletrônica.

Por fim participei de um grupo de robótica onde pude aplicar na prática novamente os conhecimentos adquiridos nas disciplinas.

O que quero dizer é que para mim explorar essas outras coisas além das aulas obrigatórias certamente me fez persistir até o fim e que o que eu estava aprendendo de fato servia para alguma coisa. Não sei se no seu caso você tinha essas opções disponíveis, mas certamente acredito que seria um diferencial.

eu apenas não me adequava a esse modelo de ensino que eu considerava ruim para criatividade, para o empreendedorismo e para o mercado de trabalho em geral.

Outro ponto que pelo menos no meu curso e na minha faculdade ficou evidente que o foco da graduação era formar futuros pesquisadores e não preparar a gente para o mercado de trabalho. Essa preparação para o mercado de trabalho tive que buscar participando das coisas que citei acima.

Acredito que muita coisa pode ser melhorada e deve ser revisada nas universidades mais tradicionais, mas entendo que se adaptar ou não a ela é uma questão pessoal.

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Vou contar minha experiência como professor.

Eu tinha uma turma que 3 alunos tiravam notas muito boas. O resto muito ruins. Mas eles tiravam notas com outros professores. Os 3 têm uma carreira de sucesso hoje em dia. Todos os outros não. Por que será que eles não conseguiram, mesmo indo tão bem nas outras disciplinas?

Bem, eu aprendi a lição. Não sei se deveria contar isso, mas está se tornando a regra.

Em outra turma em fim de curso, só para ensinar uma tecnologia específica, eles aprenderam programar ao longo do curso todo, eu vi que iria pelo mesmo caminho. Mas no fim todos tiveram a nota que esperavam ter. Não sei se isso ajudou porque eles todos não sabiam o básico de programação, até mesmo nas outras tecnologias que outros professores passaram. Eu não vou afirmar que não entrarão no mercado de trabalho (é cedo para dizer) porque hoje tem muitas vagas fáceis, antes não tinha.

Pra um lado ou outro, nota não significa muita coisa.

Eu tenho orgulho de receber agradecimentos anos depois de quem eu ajudei e reconhecem que são bons profissionais porque eu fui duro. Não tenho orgulho de receber agradecimentos na hora de ser professor bonzinho. Por isso eu decidi que aula mesmo não me interessa mais.

É desolador e frustrante.

O resto eu disse em outra resposta.

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Gostei de ler o seu relato e inclusive o que disse na sua outra resposta.

Vejo que o mínimo que se deve ter ao concluir uma graduação por exemplo é uma base teórica sólida daquilo que foi visto em curso e que isso só é obtido se as disciplinas tiverem o nível de dificuldade necessário que torne isso possível.

Queria talvez deixar mais explicito que minha critica não é ao professor que cobra bastante do aluno, que se dedica em disseminar seu conhecimento e que fica chateado quando o desempenho da turma é ruim.

Minha crítica é quando professores abertamente riem e debocham quando quase toda turma reprova.

Por outro lado, tem muitos alunos que também não dão a mínima para a disciplina e só estão a fim de obter o mínimo para ser aprovado, e isso com certeza deve ser extremamentte frustante para o professor.

A sensação que tenho é que os dois lados ficam tentando achar alguém para culpar e no fim isso parece não evoluir em nada o ensino.

Particularmente as disciplinas que mais aproveitei foram as que tinham professores mais duros e coincidentemente todos eram professores extremamentes preocupados com a qualidade do seu ensino, onde era nítido a dedicação da preparação de cada aula, a preocupação de quando os alunos iam mal em uma prova e principalmente independente de notas se estavamos de fato aprendendo o que era proposto.

Por outro lado percebi algo que eu estava acostumado e que muitos alunos também estão, que é receber todo o conteúdo já mastigado igual os professores costumavam fazer no ensino médio e fundamental. Aqui a dinâmica é diferente e quem fica apenas contido no que o professor passa dificilmente vai conseguir atingir notas boas.

Sinceramente passei apenas os 5 anos da graduação nessa vida acadêmica e essas foram meus achismos com base na experiência que tive durante esse período.

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Conheço gente que deu aula em faculdade particular, dessas tipo "pagou-passou". O dono dizia claramente pra passar todo mundo, senão "eles desistem e a gente perde dinheiro".

Ele disse que mesmo pegando mais leve, muitos ainda não passavam. E se pegasse mais leve ainda, eles não aprenderiam nada, e isso foi um dos motivos que fizeram ele sair.

Mas os alunos estavam felizes, né? Afinal, ninguém reprovava, o curso era tão fácil... O problema é que só vão perceber que não aprenderam nada quando for tarde demais.

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Eu ouvi "não tente passar conhecimento para o aluno". Eu percebi que vem piorando. Dava para perceber quando dei aula por anos seguidos. A escola como um todo piora e entrega alunos cada vez com menos condições. E tudo é bola de neve.

Começou quando os professores passaram ser vilões (tem alguns que são mesmo, mas isso é raro) e os pais começaram cobrar do querido filho que não conseguia notas. Em certo momento os professores cansaram de levar porrada e cederam ao que o "mercado" queria, incluindo escolas públicas, até antes nelas.

Eu vi em família de educadores, vi a degradação de perto. Aí quando chegam em nível mais alto ficou assim.

Um amigo meu com pós-doc e que trabalha em uma das universidades mais respeitadas do país já me disse que não tem mais condições de dar aula, está chegando gente sem as mínimas condições.

E assim todos os professores estão virando ruins, eles não conseguem lidar com a geração mais nova. Mas o que aconteceu com a geração mais nova? Ela está mais esperta? Ou é por acaso que é a primeira geração que em média ganha menos que seus pais na mesma época da vida, na história econômica? Vai ver é culpa dos outros.

A distribuição de renda tende piorar porque precisa a pessoa nascer privilegiada para se virar, para não cair nas armadilhas do caminho, dos atalhos sem valor que aparecem e são tentadores.

De fato eu vi acontecendo que não basta mais nem passar, tem que agradar, o objetivo agora é outro.

Por isso o mundo vai sendo dominado por "influencers* que defendem seus interesses. E vamos caminhando para o que o Mike Jidge previu. Eu tento alertar, mas há uma massa que não aceita isso, eu faço que eu posso. Mas o mensageiro é o culpado pela mensagem ser ruim.

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Fiz faculdade pública, e concordo que tem professores "carrascos" que pareciam gostar de reprovar todo mundo. Mas esses eram exceção. A maioria se importava com os alunos (eu não via tão claramente na época, mas hoje percebo que era assim; só não era do jeito que eu imaginava). A questão é que todos pegavam pesado porque não queriam que a gente só decorasse como usar o framework da moda. Eles queriam que a gente aprendesse os fundamentos (algoritmos, estruturas de dados, etc), que serão muito mais importantes ao longo da carreira. Claro que eles não têm a mesma didática de professores de cursinho, mas aí - imagino - existem mais razões do que sou capaz de enumerar.

Só pra citar um caso, teve um professor que dava provas valendo mais que 10 pontos (isso mesmo), mas ele queria que a gente aprendesse, então pegava pesado mesmo assim (e pelo que me lembro, ninguém (ou quase ninguém) conseguiu tirar mais que 10, aliás). Se ele só quisesse reprovar, não faria isso. Passar foi difícil, mas foi um dos melhores professores que tive. É claro que eu penso se não deveria ter sido menos doloroso e traumático, mas no fim adquiri muito conhecimento de base que uso até hoje. Não sei se mudaria a forma dele trabalhar só para agradar a turma e deixar o curso mais fácil e "motivador". Muitas vezes o fácil acaba te enganando, te dando a falsa impressão de estar aprendendo algo, e isso te ferra lá na frente.

Acho que um dos problemas é que muita coisa que a gente estuda na faculdade tem um ganho indireto e no longo prazo. Na hora que vc está lá estudando, é difícil perceber. Depois de alguns anos de formado, ainda não é tão fácil. Só depois de muito tempo vc percebe que toda aquela "teoria inútil" te deu um entendimento mais profundo sobre como e porque algumas coisas funcionam e outras não (indiretamente isso te ajuda a não perder tempo com soluções reconhecidamente ruins, por exemplo, e também cria o hábito de tentar fazer certo logo de início). O pensamento matemático te dá capacidade de abstrair problemas, pois no fundo o que fazemos é criar abstrações e "traduzi-las" para código. Sem abstrações corretas, fica muito mais difícil programar. E sem uma base matemática forte, vc não consegue nem criar abstrações.

De forma bem resumida, o pensamento matemático serve para moldar seu cérebro para que ele saiba duas coisas: aprender a aprender, e resolver problemas. A primeira serve para não ficar preso ao framework da moda, então se surgir outro no futuro (pois sempre surge), vc consegue aprender rapidamente (saber os fundamentos é essencial pra isso também), e a segunda é o que na verdade fazemos na nossa profissão: a gente entende o problema, analisa as soluções e em algum momento materializa essa solução escrevendo código. Se o curso foca somente no código, ensinando receitas de bolo do framework da moda, está deixando de lado a maior parte do que fazemos no dia a dia. Isso é um erro, e alunos que pedem pro curso ter somente isso não tem noção do quanto estão equivocados (mas tem curso que faz isso, e aí temos uma legião de configuradores de framework - o exemplo clássico é "não sei fazer em JS puro, só em [insira o framework da moda aqui]").

E mesmo que vc não vá usar diretamente a teoria, não dá pra dizer que tudo é inútil. Só pra citar alguns exemplos, álgebra relacional deu origem ao SQL, grafos são usados para várias coisas (desde o Git até o seu GPS, passando por redes sociais e alguns tipos de banco NoSQL), e por aí vai. Graças aos "teóricos" vc pode se dar ao luxo de chamar um simples sort e este ser relativamente rápido (muita teoria foi gasta pra chegarmos nos algoritmos de ordenação que temos hoje). O mesmo vale para gerenciadores de dependências, algoritmos de busca (como verificar se uma string está contida em outra), enfim, muita coisa que hoje existe pronta surgiu porque algum teórico usou muita matemática pra chegar nos algoritmos que temos hoje. Até seu "sisteminha CRUD" (seja diretamente, ou em alguma dependência da dependência) usa alguma coisa que veio diretamente da matemática, criada por um cientista da computação que se valeu da teoria que vc acha inútil. Você pode até não precisar implementar na mão, mas não seja ingênuo de achar que toda aquela teoria é inútil (ou "só porque vc não sabe pra que serve, não quer dizer que é inútil").


Pra finalizar, tem o outro lado: também existe muita faculdade particular ruim. Tem várias do tipo "pagou-passou", que os alunos gostam porque não reprovam, mas também não aprendem nada e só vão perceber que isso é ruim quando for tarde demais. Conheço gente que deu aula em uma dessas faculdades, e o relato é desolador. Um disse que o dono da faculdade deixou bem claro que era pra passar todo mundo senão "eles desistem e a gente perde dinheiro". O cara começou a pegar muito leve, mas mesmo assim vários não passavam. Ele saiu pq disse que se pegasse mais leve ainda, ninguém aprenderia nada. Mas os alunos ficariam felizes, né?

Quando a gente tá na faculdade, tem muita coisa que a gente nem faz ideia que existe, e por isso não percebe a importância (tem vários que nem anos depois percebem isso, é triste). Claro que o currículo tem que ser revisto e atualizado, mas será que o aluno que acabou de entrar e não tem nem 1% do conhecimento da área é o mais indicado para dizer tudo que a faculdade deveria ou não ensinar? Fica a reflexão...