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Concordo em partes com você, recentemente me formei em uma universidade federal.

Percebi inclusive, que nessas universidades muitos professores se orgulham de serem campeões de reprovação e de fazerem seus alunos desistirem, como se isso fosse um motivo de orgulho

De fato a grande maioria dos professores que tive contato era algo do tipo: "Se todo mundo da sala reprovou a culpa é deles e eu não tenho nada a ver com isso". Claro que sem estudar você não seria aprovado na disciplina, mas quando a taxa de reprovação é tão alta é difícil acreditar que ninguém ali estudou o suficiente para tirar a nota mínima para passar e há algum outro problema além do esforço indivídual.

Em contra partida vejo que isso se deve um pouco ao fato de que a carreira deles geralmente tem muito mais enfoque na pesquisa do que no ensino e que só fazem a parte do ensino pois são obrigados. Mas vale ressaltar que tem alguns que fazem as duas coisas muito bem.

Na faculdade eu aprendia limite e derivada, resolvia alguns exercícios e encontrava o valor de x, mas no final eu queria mesmo era saber onde tudo aquilo se enxcaixava para colocar um avião de pé, onde tudo aquilo se aplicava no mercado para resolver problemas de engenharia, de computação... problemas de negócio. Era isso que eu queria entender.

No primeiro ano foquei apenas nas disciplinas teóricas e foi algo massivo, cansativo e tinha a sensação que não estava servindo para nada.

Quando as disciplinas da engenharia começaram de fato, nós tinhamos muitas aulas práticas seja através de projetos ou de laboratórios, o que me fez começar a enxergar uma relação do que eu estava aprendendo com coisas reais.

Ao longo do tempo fui me aventurando pelas outras coisas que a universidade tem a oferecer, primeiro iniciei uma iniciação científica onde pude aplicar os conhecimentos aprendidos em aula em algo mais palpável ao mundo real.

Também participei da empresa júnior onde tive o primeiro contato com o mundo empresarial, além de atuar na parte técnica em projetos de IOT e eletrônica.

Por fim participei de um grupo de robótica onde pude aplicar na prática novamente os conhecimentos adquiridos nas disciplinas.

O que quero dizer é que para mim explorar essas outras coisas além das aulas obrigatórias certamente me fez persistir até o fim e que o que eu estava aprendendo de fato servia para alguma coisa. Não sei se no seu caso você tinha essas opções disponíveis, mas certamente acredito que seria um diferencial.

eu apenas não me adequava a esse modelo de ensino que eu considerava ruim para criatividade, para o empreendedorismo e para o mercado de trabalho em geral.

Outro ponto que pelo menos no meu curso e na minha faculdade ficou evidente que o foco da graduação era formar futuros pesquisadores e não preparar a gente para o mercado de trabalho. Essa preparação para o mercado de trabalho tive que buscar participando das coisas que citei acima.

Acredito que muita coisa pode ser melhorada e deve ser revisada nas universidades mais tradicionais, mas entendo que se adaptar ou não a ela é uma questão pessoal.

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Vou contar minha experiência como professor.

Eu tinha uma turma que 3 alunos tiravam notas muito boas. O resto muito ruins. Mas eles tiravam notas com outros professores. Os 3 têm uma carreira de sucesso hoje em dia. Todos os outros não. Por que será que eles não conseguiram, mesmo indo tão bem nas outras disciplinas?

Bem, eu aprendi a lição. Não sei se deveria contar isso, mas está se tornando a regra.

Em outra turma em fim de curso, só para ensinar uma tecnologia específica, eles aprenderam programar ao longo do curso todo, eu vi que iria pelo mesmo caminho. Mas no fim todos tiveram a nota que esperavam ter. Não sei se isso ajudou porque eles todos não sabiam o básico de programação, até mesmo nas outras tecnologias que outros professores passaram. Eu não vou afirmar que não entrarão no mercado de trabalho (é cedo para dizer) porque hoje tem muitas vagas fáceis, antes não tinha.

Pra um lado ou outro, nota não significa muita coisa.

Eu tenho orgulho de receber agradecimentos anos depois de quem eu ajudei e reconhecem que são bons profissionais porque eu fui duro. Não tenho orgulho de receber agradecimentos na hora de ser professor bonzinho. Por isso eu decidi que aula mesmo não me interessa mais.

É desolador e frustrante.

O resto eu disse em outra resposta.

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Gostei de ler o seu relato e inclusive o que disse na sua outra resposta.

Vejo que o mínimo que se deve ter ao concluir uma graduação por exemplo é uma base teórica sólida daquilo que foi visto em curso e que isso só é obtido se as disciplinas tiverem o nível de dificuldade necessário que torne isso possível.

Queria talvez deixar mais explicito que minha critica não é ao professor que cobra bastante do aluno, que se dedica em disseminar seu conhecimento e que fica chateado quando o desempenho da turma é ruim.

Minha crítica é quando professores abertamente riem e debocham quando quase toda turma reprova.

Por outro lado, tem muitos alunos que também não dão a mínima para a disciplina e só estão a fim de obter o mínimo para ser aprovado, e isso com certeza deve ser extremamentte frustante para o professor.

A sensação que tenho é que os dois lados ficam tentando achar alguém para culpar e no fim isso parece não evoluir em nada o ensino.

Particularmente as disciplinas que mais aproveitei foram as que tinham professores mais duros e coincidentemente todos eram professores extremamentes preocupados com a qualidade do seu ensino, onde era nítido a dedicação da preparação de cada aula, a preocupação de quando os alunos iam mal em uma prova e principalmente independente de notas se estavamos de fato aprendendo o que era proposto.

Por outro lado percebi algo que eu estava acostumado e que muitos alunos também estão, que é receber todo o conteúdo já mastigado igual os professores costumavam fazer no ensino médio e fundamental. Aqui a dinâmica é diferente e quem fica apenas contido no que o professor passa dificilmente vai conseguir atingir notas boas.

Sinceramente passei apenas os 5 anos da graduação nessa vida acadêmica e essas foram meus achismos com base na experiência que tive durante esse período.

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Conheço gente que deu aula em faculdade particular, dessas tipo "pagou-passou". O dono dizia claramente pra passar todo mundo, senão "eles desistem e a gente perde dinheiro".

Ele disse que mesmo pegando mais leve, muitos ainda não passavam. E se pegasse mais leve ainda, eles não aprenderiam nada, e isso foi um dos motivos que fizeram ele sair.

Mas os alunos estavam felizes, né? Afinal, ninguém reprovava, o curso era tão fácil... O problema é que só vão perceber que não aprenderam nada quando for tarde demais.

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Eu ouvi "não tente passar conhecimento para o aluno". Eu percebi que vem piorando. Dava para perceber quando dei aula por anos seguidos. A escola como um todo piora e entrega alunos cada vez com menos condições. E tudo é bola de neve.

Começou quando os professores passaram ser vilões (tem alguns que são mesmo, mas isso é raro) e os pais começaram cobrar do querido filho que não conseguia notas. Em certo momento os professores cansaram de levar porrada e cederam ao que o "mercado" queria, incluindo escolas públicas, até antes nelas.

Eu vi em família de educadores, vi a degradação de perto. Aí quando chegam em nível mais alto ficou assim.

Um amigo meu com pós-doc e que trabalha em uma das universidades mais respeitadas do país já me disse que não tem mais condições de dar aula, está chegando gente sem as mínimas condições.

E assim todos os professores estão virando ruins, eles não conseguem lidar com a geração mais nova. Mas o que aconteceu com a geração mais nova? Ela está mais esperta? Ou é por acaso que é a primeira geração que em média ganha menos que seus pais na mesma época da vida, na história econômica? Vai ver é culpa dos outros.

A distribuição de renda tende piorar porque precisa a pessoa nascer privilegiada para se virar, para não cair nas armadilhas do caminho, dos atalhos sem valor que aparecem e são tentadores.

De fato eu vi acontecendo que não basta mais nem passar, tem que agradar, o objetivo agora é outro.

Por isso o mundo vai sendo dominado por "influencers* que defendem seus interesses. E vamos caminhando para o que o Mike Jidge previu. Eu tento alertar, mas há uma massa que não aceita isso, eu faço que eu posso. Mas o mensageiro é o culpado pela mensagem ser ruim.

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