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Vou contar minha experiência como professor.

Eu tinha uma turma que 3 alunos tiravam notas muito boas. O resto muito ruins. Mas eles tiravam notas com outros professores. Os 3 têm uma carreira de sucesso hoje em dia. Todos os outros não. Por que será que eles não conseguiram, mesmo indo tão bem nas outras disciplinas?

Bem, eu aprendi a lição. Não sei se deveria contar isso, mas está se tornando a regra.

Em outra turma em fim de curso, só para ensinar uma tecnologia específica, eles aprenderam programar ao longo do curso todo, eu vi que iria pelo mesmo caminho. Mas no fim todos tiveram a nota que esperavam ter. Não sei se isso ajudou porque eles todos não sabiam o básico de programação, até mesmo nas outras tecnologias que outros professores passaram. Eu não vou afirmar que não entrarão no mercado de trabalho (é cedo para dizer) porque hoje tem muitas vagas fáceis, antes não tinha.

Pra um lado ou outro, nota não significa muita coisa.

Eu tenho orgulho de receber agradecimentos anos depois de quem eu ajudei e reconhecem que são bons profissionais porque eu fui duro. Não tenho orgulho de receber agradecimentos na hora de ser professor bonzinho. Por isso eu decidi que aula mesmo não me interessa mais.

É desolador e frustrante.

O resto eu disse em outra resposta.

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Gostei de ler o seu relato e inclusive o que disse na sua outra resposta.

Vejo que o mínimo que se deve ter ao concluir uma graduação por exemplo é uma base teórica sólida daquilo que foi visto em curso e que isso só é obtido se as disciplinas tiverem o nível de dificuldade necessário que torne isso possível.

Queria talvez deixar mais explicito que minha critica não é ao professor que cobra bastante do aluno, que se dedica em disseminar seu conhecimento e que fica chateado quando o desempenho da turma é ruim.

Minha crítica é quando professores abertamente riem e debocham quando quase toda turma reprova.

Por outro lado, tem muitos alunos que também não dão a mínima para a disciplina e só estão a fim de obter o mínimo para ser aprovado, e isso com certeza deve ser extremamentte frustante para o professor.

A sensação que tenho é que os dois lados ficam tentando achar alguém para culpar e no fim isso parece não evoluir em nada o ensino.

Particularmente as disciplinas que mais aproveitei foram as que tinham professores mais duros e coincidentemente todos eram professores extremamentes preocupados com a qualidade do seu ensino, onde era nítido a dedicação da preparação de cada aula, a preocupação de quando os alunos iam mal em uma prova e principalmente independente de notas se estavamos de fato aprendendo o que era proposto.

Por outro lado percebi algo que eu estava acostumado e que muitos alunos também estão, que é receber todo o conteúdo já mastigado igual os professores costumavam fazer no ensino médio e fundamental. Aqui a dinâmica é diferente e quem fica apenas contido no que o professor passa dificilmente vai conseguir atingir notas boas.

Sinceramente passei apenas os 5 anos da graduação nessa vida acadêmica e essas foram meus achismos com base na experiência que tive durante esse período.

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Que bom.

Sempre tem professor xarope também.

Eu gosto de quem se dedica, se eu pudesse escolher isso eu voltaria dar aulas.

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Conheço gente que deu aula em faculdade particular, dessas tipo "pagou-passou". O dono dizia claramente pra passar todo mundo, senão "eles desistem e a gente perde dinheiro".

Ele disse que mesmo pegando mais leve, muitos ainda não passavam. E se pegasse mais leve ainda, eles não aprenderiam nada, e isso foi um dos motivos que fizeram ele sair.

Mas os alunos estavam felizes, né? Afinal, ninguém reprovava, o curso era tão fácil... O problema é que só vão perceber que não aprenderam nada quando for tarde demais.

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Eu ouvi "não tente passar conhecimento para o aluno". Eu percebi que vem piorando. Dava para perceber quando dei aula por anos seguidos. A escola como um todo piora e entrega alunos cada vez com menos condições. E tudo é bola de neve.

Começou quando os professores passaram ser vilões (tem alguns que são mesmo, mas isso é raro) e os pais começaram cobrar do querido filho que não conseguia notas. Em certo momento os professores cansaram de levar porrada e cederam ao que o "mercado" queria, incluindo escolas públicas, até antes nelas.

Eu vi em família de educadores, vi a degradação de perto. Aí quando chegam em nível mais alto ficou assim.

Um amigo meu com pós-doc e que trabalha em uma das universidades mais respeitadas do país já me disse que não tem mais condições de dar aula, está chegando gente sem as mínimas condições.

E assim todos os professores estão virando ruins, eles não conseguem lidar com a geração mais nova. Mas o que aconteceu com a geração mais nova? Ela está mais esperta? Ou é por acaso que é a primeira geração que em média ganha menos que seus pais na mesma época da vida, na história econômica? Vai ver é culpa dos outros.

A distribuição de renda tende piorar porque precisa a pessoa nascer privilegiada para se virar, para não cair nas armadilhas do caminho, dos atalhos sem valor que aparecem e são tentadores.

De fato eu vi acontecendo que não basta mais nem passar, tem que agradar, o objetivo agora é outro.

Por isso o mundo vai sendo dominado por "influencers* que defendem seus interesses. E vamos caminhando para o que o Mike Jidge previu. Eu tento alertar, mas há uma massa que não aceita isso, eu faço que eu posso. Mas o mensageiro é o culpado pela mensagem ser ruim.

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