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Não, a faculdade não te prepara para o mercado. E nem deveria.

"Para quem quer ser desenvolvedor, tenho uma notícia ruim"

Essa foi a fala de um professor de Algoritmos no meu primeiro semestre da faculdade de Ciência da Computação, ao perguntar para a turma qual era a prentensão de carreira de cada um.

Embora pareça uma afirmação desesperançosa, ela, na verdade, é simplesmente um aviso: não espere que a faculdade forme você para ser um bom programador. O seu único papel é te ensinar sobre fundamentos, sobre as bases da computação, e é isso que pretendo discutir.

Por que a faculdade simplesmente não te ensina um framework JavaScript?

Muitos vão dizer que a grade curricular é desatualizada porque não te ensina as últimas tecnologias do hype, mas se você perguntá-las o que é um protocolo de rede, elas não vão saber.
O que a faculdade realmente te ensina são conhecimentos basilares que estão presentes em qualquer tecnologia, em praticamente qualquer área - não só desenvolvimento: como funcionam Sistemas Operacionais/Distribuídos, análise de algoritmos para a medição de performance, e até mesmo raciocínio lógico-matemático em matérias como Cálculo, Probabilidade e Estatísica, Matemática Discreta etc. Eu sei, algumas dessas matérias podem ser chatas, mas elas são necessárias se você quiser se destacar. Não estou falando que para ser um bom desenvolvedor ou algo assim você precise de formação, mas você tem que concordar que a faculdade te "força" a estudar esses assuntos, os quais seriam extremamente não convidativos se você estudasse sozinho.

O que eu faço então?

Se você quer ser programador Frontend, Backend, DevOps, etc estude por fora as tecnologias da sua área, mas sempre tente entender como as engrenagens funcionam, como se relacionam com conceitos que são passados na sua faculdade, só isso vai te destacar.
Além disso, lembre-se: você não é um macaco que digita código, você é pago (ou vai ser) para resolver problemas, então não dependa de tecnologias. Imagine que chega uma demanda do seu trabalho, que, além de envolver código, exiga conhecimento sobre as regras de negócio do panorâma geral de uma aplicação, onde você vai ter que adaptar sua solução para encaixar nessa visão geral; você não vai simplesmente dizer "Como eu resolvo isso com JavaScript?"

Conclusão

Essas considerações foram resultado tanto de experiência própria quanto de experiência de colegas. Você não é obrigado a concordar, mas você pode ser esperto e aproveitar erros que outros cometeram para evitá-los e, assim, evoluir mais rápido. Me despeço com essa frase:

Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes.

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Visão de um "semi autodidata":

Eu tive meu primeiro contato com programação com 12 anos com o bizarro Perl. Fazia brute force de Orkut e cheat pra joguinhos em flash 😅.

Aprendi tudo isso na marra: sem paciência pra docs (lembrem-se: 12 anos), eu pegava os códigos dos outros e tentava entender, pesquisava os erros que eu recebia e assim fui.

E foi assim com tudo: Bash, VBA, HTML, PHP, JavaScript... até entrar para a faculdade de Analise e Desenvolvimento de Sistemas.

Escolhi um curso simples já que queria ver como faziam no mercado e já ir trabalhar, por isso prestei mais atenção nas matérias práticas (que não foram muitas).

E funcionou pra mim... mas somente para me trazer até o meu momento inicial.
Apesar dos meus conhecimentos práticos, somente o conhecimento mais profundo da Ciência da Computação podem me levar ao "próximo nível".

Eu senti muita falta de conhecimentos mais basais e precisei ir atrás depois.
Hoje, preciso correr atrás de um prejuízo que eu não teria se tivesse estudado desde o início.

Mas não me arrependo do caminho que tomei: eu provavelmente teria me cansado das matérias "mais lentas" e sido um "aluno nota 6" até o fim do curso.

Mas hoje eu acho NECESSÁRIO um conhecimento de Ciência da Computação para qualquer um que atue como um programador e não só um usuário de framework.

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Outra coisa interessante é que um curso de Ciências da Computação foca em focar pesquisadores na área de Ciências da Computação, um dos objetivos de uma universidade é formar pessoas para trabalhar no meio acadêmico, não no mercado de trabalho (ou indústria, como muitos preferem dizer). Passar 4 anos na universidade, não se envolver em nenhum projeto de pesquisa e ou extensão, não formar networking com os colegas e apenas estudar para passar nas provas é um disperdício de dinheiro por parte do aluno e da universidade. Esse tipo de aluno, por mais que a sociedade enxergue como quem teve sucesso na universidade, é na verdade alguém que negligenciou as partes mais importantes do seu curso.

A experiência universitária é a parte mais importante, não há bom ensino sem pesquisa e sem extensão. Na pesquisa obtemos respostas a partir dos conhecimentos obtidos ao longo do curso, na extensão os colocamos em prática para sermos realmente úteis para a comunidade. Um aluno que apenas experimentou o ensino da universidade sabe muito menos do que também se envolveu com pesquisa e extensão, essa acaba sendo a realidade. Óbviamente existem pessoas que não tem condições para se manter por tanto tempo e precisam trabalhar, por isso mesmo um curso de graduação não é o mais indicado para isso. Cursos técnicos costumam ser mais profissionalizantes, tecnólogos também, além de serem mais curtos e mais flexíveis em questão de horários.

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Concordo com seu ponto. É muito comum se enganar pensando que já vai sair da faculdade sabendo muito sobre programação. Aconteceu justamente isso comigo, mas na realidade a faculdade mais me serviu pra mostra quão pouco eu sabia do que me ensinar de fato o que eu pensei que aprenderia lá.

Acredito que a melhor mentalidade pra quem está no começo de uma faculdade, é buscar bases sólidas e bons fundamentos, porque geralmente a faculdade é só o primeiro passo de uma estrada muito longa.

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Eu como aluno, pai e professor universitário, tive a visão geral de como funciona, nenhuma faculdade irá "colocar" o conteúdo na cabeça do aluno, mas ao contrário, é o aluno quem faz a faculdade, ele é o responsável pelo seu próprio aprendizado, ele quem deve buscar o conhecimento, aprender, retirar dúvidas, correr atrás do que lhe falta. Aproveitar os professores, suas experiências e seus conhecimentos, um professor tem uma turma ou mais para lidar, cada turma tem sua velocidade e capacidade de aprendizado. Cada um aqui já deve ter visto, conversa entre duas pessoas e se perguntar: "O que eles estão falando". Esta é uma constatação que alguém foi adiante do que o professor havia planejado para aquela turma, uma excelente turma, com boa velocidade permite que o professor vá mais além. É claro que uma boa ementa, o curso ideal, conversar com o coordenador, entender o propósito do curso, faz parte da avaliação do aluno. É ele quem sabe onde quer chegar. Já dizia o ditado: "Quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve." Portanto, espero deixar aqui meus 20 centavos de contribuição.

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Excelente.

Só quero dizer que algumas disciplinas, além de chatas, ou não, estão lá de alegre. Depende muito do currículo, mas tem casos assim. Eu acompenhei de perto o processo e existe muita politicagem para montar grades, então há casos de coisas denecessárias em alguns cursos. Mesmo assim não é motivo para ignorá-los, assim como a escola básica dá ênfase errada em algumas disciplinas, especialmente agora onde muitas pessoas saem de lá analfabetos funcionais.

E tem cursos bem ruins, esses não preparam para nada.

Espero ter ajudado.


Farei algo que muitos pedem para aprender a programar corretamente, gratuitamente. Para saber quando, me segue nas suas plataformas preferidas. Quase não as uso, não terá infindas notificações (links aqui).

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Logo após sair da faculdade (já efetivado em meu antigo cargo de estagiário) tinha o mesmo sentimento de que o curso em si não te prepara, e de fato não, mas após alguns anos trabalhando vejo como foi importante esta experiência para encontrar conhecimentos que eu não iria buscar sozinhos.

Muito bem colocado no final do texto, na prática 'resolvemos problemas', e quanto mais complexas as situações forem, maior criatividade é necessária. Não uma criatividade artística ou algo do tipo, e sim a de pensar em estratégias/alternativas para avançar! E nessa hora, nossa cabeça recruta pontos que a gente nem sabia que sabia... e muitas vezes os melhores insights vem da união de um conhecimento (muitas vezes de áreas totalmente distintas).

Concluindo, concordo sobre a relação de preparação direta ao mercado de trabalho, mas independente de qual matéria for estudada, sempre tem-se algo a extrair, mesmo que ainda não tenha tido uma situação que o colocou em prática.

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Uai, se são exatamente essas "matérias chatas" que podem ser seu diferencial no mercado de trabalho, então sim, uma faculdade te prepara para o mercado de trabalho 😅

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Sim, a faculdade não vai te preparar mesmo, nem um pouco aliás, ela vai te dar as bases (Estrutura de Dados, Modelagem de dados e outros) e você ainda vai ter que se aprofundar nessas bases por fora. Essas matérias são fundamentais, pois quando você for fazer um projeto, você vai ter uma visão e entendimento mais amplo do "todo" e isso faz você evoluir demais.

Vejo um outro problema muito grande, pois geralmente os professores não possuem didática (digo isso pois estou cursando CC e estou passando por isto) e também não fazem a aula fluir entende? Aí fica aquela coisa bem tediosa e maçante, aí algo fundamental acaba se tornando chato e difícil (ou talvez ainda mais chato e mais difícil do que já seria), pode parecer que não, mas todo esse ambiente pode acabar influenciando toda uma galera que entra na faculdade com expectativa x (quem nunca teve aquele professor que por saber dar uma boa aula e saber a hora certa de fazer as coisas, não fez você entender a matéria toda? ou pelo menos, 80% dela? e o inverso disso também se aplica).

Mas enfim, juntando esses fundamentos e bases da faculdade + estudos por fora + networking e outras coisas, já faz você ir numa direção mais clara

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Pra mim a faculdade tem dois "pontos fortes", por assim dizer. O primeiro é que tu sai de lá com uma base, pelo menos pra mim, que estou saindo agora, não iria entender direito sobre metodologias, processos, algoritmos e algumas outras coisas se não fosse a faculdade martelando isso na minha cabeça por 6 meses ou mais. O segundo ponto é o networking que tu consegue, principalmente em faculdades presenciais, de conhecer gente de todas as áreas (gestão, back, front, redes, etc).

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Tô Nesse dilema
Fazer ou não uma faculdade???
Estando já com praticamente 34 anos, sendo um completo autodidata, iniciado na programação aos 20 anos de idade meio que por acaso, na época a curiosidade ao usar um programinha chamado Xbmc que depois mudou de nome e hoje se chama kodi.
Aprendi xml, editando no notepad++ em um all in one da lenovo, com 2GB de RAM kkk...
Aos poucos fui descobrindo que o xbmc rodava um tal de "python" que eu nem sabia o que era, daí de fato se inicia uma das maiores paixões da minha vida, que é programar.Meu foco é backend, extrair dados de sites, automatizar tudo o que for possível.
Depois de mais de 10 anos de uma história de amor e evolução me bate uma indecisão, Fazer ou não uma faculdade???
Sei que se tivesse um diploma eu teria mais chances no mercado de trabalho, mas ao mesmo tempo não sei se consigo me adaptar novamente a uma rotina de estudos que creio eu não me darão "tesão" para dar continuidade ou me manterão focado.
Hoje aprendo qualquer linguagem de programação usando o mesmo método que desenvolvi lá atrás que se resume a tentar refazer códigos de terceiros ou meus mesmo só que na linguagem alvo.
Basicamente uma forma de usar a base da lógica de programação adquirida com o tempo em uma linguagem aplicando a sintaxe da nova linguagem.
Foi assim com xml, html, python, javascript, node, php, bash, linux, harbour, c e com alguns frameworks dessas linguagens como flask, django,fastapi, express, vue.js, etc...
O mais legal de ser dev é ter uma ideia e ir lá e fazer, não precisar de ninguém pra fazer pra gente.
O mais chato é não conhecer muita gente da área, a grande maioria é iniciante e só quer ajuda.
O grande questionamento ainda persiste e enquanto a dúvida se mantém mais um ano se passa.
Agradeço ao autor do post por expor aqui algumas informações.

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Cara sua postagem é muito real, estou cursando Análise e Desenvolvimento de Sistemas, eu comecei a estudar por fora antes de iniciar a faculdade, quando entrei na faculdade, acreditava que me auxiliaria no aprendizado prático. Bommm... sabemos a realidade kkkk.
Me deparei com pessoas no quarto semestre sem conseguir declarar uma classe, então uma coisa eu digo se você quer entrar na faculdade somente para aprender a programar, você deve analisar um pouco antes de seguir rsrs.

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Muito simples seu problema.

  • Tem tempo e é sustentado pelos pais ? Vá pelo caminho seguro e faça uma boa faculdade (Não qualquer uma).
  • Não tem tempo e precisa sustentar esposa e filhos ? Arranja emprego, faculdade vai vir a duras custas quando você conseguir se estabilizar financeiramente.
  • Não tem tempo e tem estabilidade financeira ? Então arranja tempo e faz, vai expandir seus horizontes com isso.

Agora, se tu for fazer faculdade, mergulha nos livros. Leia, estude. Faça valer a pena cada centavo de tempo investido nela.

Ignore as excessões que aparecem por aí, porque sempre vai aparecer um cara que com 3 meses estudando ganha 5 mil (E se você conhecer o caso de perto vai ver que foi irresponsabilidade do RH). A regra é clara. Faculdade aumenta sua empregabilidade.

Esse é meu centavo de contribuição.

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É isso ai, acredito que hoje em dia não dá para ficar dependendo só dos cursos ou da faculdade, as pessoas tem que "aprender" a se tornar autodidata. Porque a quantidade de conteúdo e desinformação que há hoje em dia, é fácil acabarmos perdidos. Em questão de empregabilidade até na faculdade está complicado, até mesmo para estágio. Não sei qual os requisitos de qualificação do candidato, por exemplo, eu me considero um bom candidato, minhas redes sociais e portfólio estão ok... possuo experiência técnica, mas não consigo uma entrevista se quer.
Sei que o mercado não está no seu melhor momento, então o que me resta é ter esperança e paciência rsrs.
Uma dica que eu dou para quem está em dúvida se faz ou não faculdade, é que antes disso pense se está realmente disposto á ter paciência e também á se dedicar, haverá dias de desânimo, desespero, ansiedade... Mas no final tudo vale a pena para quem se dedica.

(Esse relato é pessoal, cada um tem ferramentas e oportunidades diferentes, então pode ser que com você seja diferente, e consiga algo bom logo de início. Um abraço, que a luz esteja contigo!)

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Acho q nao precisaria de 4.5 anos, uns 3 anos esta de bom tamanho, eu concordo que a graduacao nao deveria focar em frameworks e coisas modinhas, mas deveria pelo menos mostrar um gostinho do mundo la fora, um projeto real;
Por volta de 90% dos professores NAO TRABALHAM NA AREA, apenas se formaram e passaram num concurso pra professor e nao sairam dali;

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Existem muitas matérias para encher linguiça, sim (vide, sociologia e filosofia aqui na UFPA), mas deve se analisar a qualidade da faculdade em si. Uma Uniesquina da vida não é a mesma coisa que um federal ou uma particular conceituada

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É crucial reconhecer que a educação universitária vai além do aprendizado técnico, especialmente no campo da programação e ciência da computação. Como apontado em "The Pragmatic Programmer", (um ombro gigante) ser um programador é, em parte, ser um ditador. Então seja um ditador benevolente, empático, consciente e responsável. Neste contexto, disciplinas como sociologia e filosofia, muitas vezes vistas como meros enchimentos de currículo, são, na verdade, fundamentais.

Essas matérias, que podem parecer distantes da realidade prática de um programador, na verdade, moldam a forma como entendemos e interagimos com o mundo. A capacidade de criar código que pode, literalmente, construir ou destruir, não pode ser desvinculada da compreensão ética e social desses atos. Não se trata apenas de aprender a usar o código para fazer bombas nucleares, mas também de aprender por quê não fazê-las.

Uma boa universidade, seja ela federal, particular ou até mesmo uma "Uniesquina", tem o dever de preparar seus alunos não só para fazer software, mas para usar o software para melhorar a sociedade. Um programador deve usar seu conhecimento técnico combinado com uma sólida compreensão ética e social para impactar positivamente o mundo.

Desvalorizar áreas do conhecimento como filosofia e sociologia é ignorar uma parte fundamental da formação de um profissional completo. Afinal, o código não existe no vácuo. Devemos aspirar a ser programadores que não apenas dominam a linguagem das máquinas, mas que também entendem a linguagem da sociedade.

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A Universidade tem essa missão de transformar o estudante em um cidadão. Precisamos de pessoas que além da profissão, temham uma visão crítica da sociedade. Estudar só conteúdos técnicos faz com que os alunos se alienem aos desafios/problemas trazidos pela sociedade e se tornem alvos fáceis de se manipular
Desde as revoluções industriais existe um esforço para direcionar o currículo para um aprendizado voltado para interesses corporativos que querem profissionais orientados a tarefas, tipo linha de produção, sem se preocupar com a criatividade e o desenvolvimento humano. Temos que lutar por um ensino transformação e não um ensino de alienação. Antes de estudantes, somos cidadãos.

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Não estou dizendo que sociologia ou filosofia são inúteis, estou falando das matérias que EU tenho. Em resumo, o professor não quer dar aula e os alunos não querem estar ali, além de que o conteúdo é horrível, totalmente nada a ver.

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Em resumo, o professor não quer dar aula e os alunos não querem estar ali, além de que o conteúdo é horrível, totalmente nada a ver.

mas não é assim com muitas disciplinas tecnicas fundamentais também, inclusive nas melhores universidades?

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Tive aula de filosofia com um padre na faculdade. Foi simplesmente uma das melhores matérias que tive em todo o curso.

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