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Culturas tóxicas e algemas mentais nas corporações

Escrevi esse texto mais como um desabado, e acredito que muitas pessoas irão se identificar com ele.

Escrevi aqui algumas falas, que normalmente são proferidas em empresas que apresentam algumas características de cultura abusiva. Vale lembrar que isso é baseado apenas na minha experiência pessoal, então fiquem a vontade pra acrescentar baseado nas suas.

As falas repetitivas e robotizadas

O seu trabalho muda vidas!

Muda mesmo? A não ser que você trabalhe para uma instituição sem fins lucrativos, uma coisa é certeza: ajudar pessoas não é um fim, mas sim um meio. O fim, é claro, é o lucro. 

Ouvi de vários gestores, a seguinte frase:

"Existem empresas que lucram vendendo armas, nós lucramos ajudando pessoas."

Não se engane, porque se em algum momento, "ajudar pessoas" deixar de ser um negócio lucrativo, tenha certeza que um total de zero pessoas serão ajudadas.

Quais empresas fazem o que fazemos?

Várias! E vou além, muitas fazem muito mais! Existem empresas que utilizam inúmeros supostos benefícios, pra justificarem baixos salários, ou condições de trabalho totalmente desfavoráveis.

Um exemplo, é a frase abaixo, que normalmente não é expressa desta forma, mas a mesma fica subtendida.

"Nosso ambiente é toxicamente competitivo, mas quais empresas pagam um treinamento para seus funcionários?"

Outro exemplo muito comum:

"Nossa empresa paga baixos salários, mas você trabalha usando um MacBook Pro de última geração."

Vale mesmo a pena sacrificar sua integridade física e mental por migalhas de "salário emocional"?

Você precisa ter senso de dono!

O senso é de dono, mas o salário nem tanto. O termo "senso de dono", que por si só já é um grande desrespeito com toda a classe trabalhadora, é usado na maioria das vezes pra fazer lavagem cerebral.

Que tal começar a usar a frase abaixo?

Você precisa trabalhar excessivamente, não importa o horário, solucionando problemas seus e dos outros, sem que ninguém te peça isso.

Soa mais sincero, certo?

Só depende de você!

Esta fala é muito usada, normalmente, em ambientes onde não depende só de você. É comum ver pessoas com skills excepcionais, não sendo reconhecidas, ou até mesmo desligadas. Em contrapartida, é notável várias pessoas exercendo funções questionáveis e crescendo dentro da corporação.

Sempre fica a sensação de que alguém está crescendo, mesmo não se esforçando o suficiente, e neste caso, sendo financiada por quem está dando o seu melhor na esperança de também ser reconhecida.


Sei que é difícil falar "fuja destas empresas", porque normalmente só nos damos conta disso depois de alguns meses ou anos na mesma empresa. Mas fica um apelo: jamais sacrifique sua integridade mental e física por nenhum trabalho.

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A verdade é que as empresas oferecem a ilusão para manter o empregado. Grande parte das besteiras escritas nas paredes, da "cultura", é puro marketing. O funcionário não passa de apenas mais um número, que facilmente pode ser substituído. Mas isso não é um problema especifico de empresas, e sim da sociedade em geral. A hipocrisia vende e disfarça as verdades dolorosas.

Hoje em dia vale muito mais oque voce finge ser, do que realmente é.

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Eu não acho errado a questão de ganhar dinheiro ao ajudar outra pessoa. E digo isso no sentido de organizações sérias como Gerando Falcões, que ter um bazar que consegue gerar uma alta de renda de dinheiro, que é investida depois em mais ações para auxiliar as pessoas.

Aliás, conheço poucas organizações que conseguem fazer isso de verdade, ajudar pessoas e ainda ganhar dinheiro. Tipo realmente ajudar e ainda conseguir ganhar dinheiro.

Cada vez mais eu vejo o empreendedorismo e a conexão com o social como sendo o melhor para investir seu tempo e dinheiro. Você consegue ajudar pessoas e ainda gerar um negócio que consegue te dar um sustento, que permite você continuar ajudando pessoas por mais tempo ainda.

A questão é como você falou, as empresas pararem de ajudar pessoas por acharem que existem caminhos outros caminhos mais "lucrativos". Tipo, as empresas não precisam ser bilionários, as mais ricas e com mais poder.

Aí nos temos uma questão mais filosófica e sociológica, de reconhecer seus limites. Mas o capitalismo não foi feito pensando na ideia de ter limites, por isso muitas empresas acabam tomando outros caminhos.

E não, não é porque eu falei do capitalismo que estou falando de comunismo. Parem de achar que não podemos criticar o sistema que vivemos. Porque se não abrirmos a boca, nada vai melhorar.

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Na visão do empregado consciente, esses eufemismos são desnecessários e de certa forma exploratórios por parte do empregador.

Na visão do empregador, são práticas necessárias para manter a equipe engajada e extrair o máximo da "aquisição" dele (mão de obra).

Apesar de serem visões antagônicas, isso faz parte da troca, onde no livre mercado cada um decide o seu limite.

Se o empregador "apertar" demais, logo ficará sem funcionários qualificados que vão partir para novas vagas. Da mesma forma, se o empregado for muito folgado, vai ser demitido com frequência e terá um histórico de rotatividade no seu currículo onde os empregadores vão passar a evitá-lo.

No fim, chega-se a um equilíbrio para evitar esses dois extremos, tanto para a empresa que não quer ser marcada como uma má gestora, quanto para o empregado que não quer abreviar sua carreira.

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No fim, chega-se a um equilíbrio para evitar esses dois extremos, tanto para a empresa que não quer ser marcada como uma má gestora, quanto para o empregado que não quer abreviar sua carreira.

Po, esse equilíbrio aí ta alguns séculos atrasado né...

E não, na maioria das vezes o trabalhador não consegue definir limites sem se prejudicar. No "livre" mercado, quem consegue definir limites e ainda se dar bem, sempre será o burguês, e digo burguês, porque pequenos empresários fazem parte da classe trabalhadora.

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no livre mercado cada um decide o seu limite.

Você só pode ser muito jovem!
Isso é mundo da lua, isso não existe. A não ser que você seja de familia bem sucedida.
Eu sou do mato. Trabalhei colhendo fumo, sabe.
Das das 07:00 até 12:00 da 13:00 até 18:00

Quem decidia o limite era o patrão. Ou trabalha assim ou passa fome!

Quando tem relação de poder essa tua conversa não sobrevive a realidade da maioria.
Pode servir pra uma minoria de TI. Mas isso vai acabar rapidinho.
Alias já esta mudando os ventos. E os sálarios já estão baixando!

Vai ali na rua, sai de casa. Anda de bus, vai onde as pessoas precisam muito de emprego e conversa com elas. Pra entender um pouco do que é a realidade

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Pra mim, esse tipo de assunto é bem complexo e varia conforme a realidade de quem lê.

Por exemplo

... nós lucramos ajudando pessoas

Pra mim já tá errado. Ajuda não deveria ter custo. Uma vez que você cobra por uma ajuda, ela passa a ser um serviço, é um negócio.

...mas você trabalha usando um MacBook Pro de última geração.

Dar bons materiais de trabalho é um benefício para a empresa, e não para o funcionário.
Eu poderia fazer o mesmo trabalho com um computador lixo, só que iria demorar muito mais para finalizar. No final, o prejuízo seria de quem?

Mas, das que você citou, eu concordo muito com a "Só depende de você", mas não pensando no trabalho, mas na vida.

A sua vida só depende de você.

Quando a gente dá duro no trabalho torcendo por um "reconhecimento", você está jogando sua vida a um acaso que você não controla, que é de outra pessoa te reconhecer e te beneficiar.

Você pode sim trabalhar esperando um reconhecimento, mas vc precisa ter planos para caso ele não venha. A gente sempre precisa ter um plano que dependa apenas de nós mesmos, pois ninguém é obrigado a ajudar a gente.