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Devo fazer um curso ou uma faculdade de programação?

Nos últimos anos a programação começou a ganhar muito destaque nas mídias. Com o advento da tecnologia e a crescente demanda por pessoas que saibam lidar com ela, tornam a necessidade cada vez maior por programadores. Tudo isso aliado ao período de pandemia, onde empresas contrataram a rodo, trazendo para a mídia as famosas notícias da alta demanda e pouca oferta de programadores. Com a promessa de altos salários em pouco tempo de estudo foram surgindo mais e mais cursos, tornando a programação lucrativa não apenas para programadores, mas para vendedores de cursos.

Cursos x Faculdade

Talvez um dos assuntos mais debatidos aqui no Tabnews é: "vale a pena fazer faculdade?" ou "vale mais apenas fazer uma faculdade ou um curso x?". Existem prós e contras para tudo, com a faculdade não é diferente, mas uma coisa é fato: curso online nenhum substitui uma boa graduação. Isso não deveria nem ao menos ser uma discução, apenas pela discrepância imensa entre um curso e uma graduação a resposta já deveria ser óbvia.

Mas é aí que entra o x da questão. Os tais salários baixos para pouco tempo de estudo são almejados, não o esforço e dedicação a longo prazo. Nenhum curos online seria popular ou venderia se "perdesse tempo" com assuntos como Cálculo, Álgebra Linear, Estruturas de Dados e etc. Cursos foram feitos, na maioria, para vender, não para ensinar profundamente.

Essa é a maior diferença entre um curso e uma graduação, a graduação te dará uma base forte e mostrará muitos caminhos a seguir, os cursos servirão para dar uma introdução e servirá de antolhos para os iniciantes.

antolhos

A maior utilidade de um curso é ter um contato, uma introdução, que servirá para que a pessoa saiba se a programação é ou não é para ela. Cursos que deixam isso claro são bons cursos. Para se obter conhecimento sólido e habilidade é necessário investir tempo, nunca aparecerá do nada.

Imediatismo

Não podemos também demonizar os cursos de programação, pois o maior problema na verdade são os seus alunos. É muito mais fácil e barato pagar por um curso de 20 reais na Udemy do que fazer uma faculdade ou comprar livros. Cursos nos dão a sensação de que estamos aprendendo, servem muitas vezes de entretenimento quando assistimos a vídeoaulas sem muito compromisso. O fato de ganhar um certificado rapidamente e poder colocar como certificação no Linkedin torna tudo prazeroso.

É muito frustrante querer muito trabalhar com algo mas nunca conseguir oportunidade. Muitas vezes nos deparamos com burnout e síndrome do impostor, nos sentimos incapazes e que a programação não é para nós. Isso já acontece com quem trabalha como programador, e obviamente ocorre com quem só quer a primeira oportunidade na área. O tempo passa e as contas chegam, nós queremos resultado logo, é normal. Daí vamos pulando de curso em curso e, quando vemos, já temos um currículos com mais certificados que qualquer CTO por aí.

Em um curso a didática é ruim, em outro é um assunto muito complexo, no próximo o professor não é tão legal e por fim achamos um que é a nossa cara. Pessoas que veem o aprendizado como entretenimento não sobreviveriam a 2 semestres em uma faculdade de ciências da computação. Nada é imediato quando falamos de aprendizado, por isso não faz sentido achar que vai se tornar um programador em pouco tempo, pois demanda tempo.

Ninguém critica o fato de um médico precisar de pelo menos 5 anos de estudo, ou de um advogado, um engenheiro, um professor ou qualquer outra profissão que precise de curso superior demandar anos de estudo. Um programador não é menos profissional do que qualquer outro, nem menos dos que não precisam de faculdade como um motorista, um faxineiro ou qualquer profissão vista como "dar errado". Para se desenvolver precisa de tempo, esforço, persistência e dedicação. Sem isso em mente você sempre será medíocre e nunca conquistará nada.

Base

Provavelmente o melhor curso de programação que temos a disposição é o CS50, que é um curso de introdução à ciência da computação, feito pela universidade de Harvard, Ele têm 25 horas de curso e é apenas introdutório.

O curso começa na linguagem C, ensinando os fundamentos da computação e do pensamento computacional. Você aprende sobre algoritmos, estruturas de dados, memória e várias coisas básicas. Mesmo sendo um ótimo curso ainda da uma ótima base.

Vamos comparar isso com a grade do curso de Ciências da Computação da faculdade onde eu estudo (que não é das melhores), a UFRGS:

1º Semestre de Ciências da Computação:
grade currícular primeiro semestre de Ciências da Computação da UFRGS em 2023

CS50:
grade currícular CS50

Perceba como apenas o primeiro semestre de ciências da computação já é muito mais completo do que o curso do CS50 inteiro. Mesmo abordando basicamente os mesmos tópicos o CS50 tem apenas 25h enquanto o primeiro semestre letivo da UFRGS em Ciências da Computação tem 360h.

A diferença é absurda não apenas na carga horária, mas também nos conteúdos. Enquanto em um você aprende apenas a programar, na faculdade você aprende todo o embasamento matemático junto.

A base não é html, css e js

Como pode perceber, nem no CS50 e nem em Ciências da Computação você inicia com html, css e js.

Então por que os cursos começam a ensinar com eles?

R: Porque são fáceis de aprender e ensinar.

Hoje existe muito "programador" que sabe fazer uma simples landing page e já se acha incrível por isso. Na maioria dos casos está tudo bem, é legal ver as coisas se mexendo na tela e surgindo "do nada". O grande problema é que isso é uma ilusão.

Como eu já disse anteriormente, fazer cursos é viciante e prazeroso e os produtores de cursos sabem disso e se aproveitam. Se você iniciar pela linguagem C, estruturas de dados, cálculo, geometria analítica pode se sentir incapaz, burro e deixar o curso. Grandes plataformas que vendem uma assinatura que te dão o direito de fazer os seus cursos dependem de te manter nelas. Se você se sentir incapaz e burro logo no início não vai continuar, vai partir para um "curso melhor".

É claro que nada disso é linear e constante, mas na média é isso que acontece.

O que fazer então?

Apenas persistir. Existem ótimos cursos na internet, como o curso.dev do Filipe Deschamps que são ótimos no trabalho de te introduzir ao mundo da programação. O melhor a se fazer é encontrar a melhor forma de você mesmo aprender e então focar nisso. Existem pessoas que aprendem melhor praticando, ouvindo, lendo, vendo vídeos e por aí vai. Os conteúdos sempre serão os mesmos, basta se debruçar nos estudos e persistir até alcançar os seus objetivos. Existem diversas ferramentas de Roadmap pela internet que te dão um norte, mas eu tenho uma dica muito melhor para quem gosta de ser autoditada.

O melhor Roadmap

Como eu mostrei no texto, qualquer graduação será melhor do que um curso online para você aprender de verdade a programação. Existem diversos cursos que podem te dar o conhecimento necessário para se tornar um programador:

  • Ciências da Computação
  • Análise e Desenvolvimento de Sistemas
  • Engenharia da Computação
  • Ciências de Informação

e por aí vai. Cada curso tem um foco diferente e pesquisando rapidamente sobre cada um você saberá qual é. O fato é que a maioria desses cursos existem em faculdades federais e estaduais que é onde está o pulo do gato.

Todas essas universidades deixam a disposição o plano pedagógico de seus cursos e o plano de ensino das disciplinas. Esses planos de ensino são verdadeiros Roadmaps dessas disciplinas. Por exemplo, esse é o plano de ensino da disciplina Introdução à Arquitetura de Computadores da Ufrgs. A partir desses planos de ensino você consegue as seguintes informações:

  • súmula do curso
  • passo a passo da disciplina
  • biografias básicas, básica essencial e complementares

Com isso você pode estudar por si só a base para a computação.

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Olá, sou nicholas , tenho 10 anos de experiência em tecnologia, mais especificamente em IA aplicada à saúde. Já cheguei a gerenciar 23 pessoas diretamente, incluindo programadores, POs, engenheiros, designers e médicos. Boa parte da minha carreira fui acelerado pela Google, com diversas idas para o valed do silício para discussões de arquiteturae tecnologia. Ja devo ter contratado uma 50 pessoas, e demitido umas 15 na área de tecnologia.

Falei isso tudo para justificar minha capacidade de opinar sobre esse assunto, portanto, segue meu ponto de vista:

  • Se você está se fazendo essa pergunta se deve ou não fazer universidade, você já começou errado. Antes de mais nada, tem que pensar onde você quer chegar. Apenas depois, pensar o que deve ser feito para chegar lá. Se o caminho passar por cursar uma universidade, daí sim você vai. Ex: quero ser empreendedor de sucesso na área de tecnologia, talvez você só precise buscar os contatos certos, e não precisenem saber programar. Agora, se quer trabalhar em uma multinacional, o caminho é completamente diferente, você precisa começar a papar titulos e certificações a rodo...
  • Universidade é dispensável se você tiver um mentor e realizar cursos que te ensinem a pensar de forma sistêmica sobre os problemas. É quase certo que sem universidade você não aprenderá isso. Sem isso, você consegue empregos, mas dificilmente obterá sucesso e destaque.
  • Uma universidade de baixa qualidade e nada é a mesma coisa. Se for fazer, faça uma federal.
  • O maior aprendizado da universidade é aprender a aprender rápido e também aprender a desaprender rapido e reaprender novamente.
  • Na minha avaliação, 99% dos candidatos caem porque não conseguem organizar os próprios pensamentos e quebrar um problema grande e abstrato em vários menores e simples.
  • O que é extremamente importante aprender mas que as universidades não te ensinam: como as empresas (pode-se dizer o mundo) funcionam de verdade: Pesquisa e desenvolvimento é visto como um gasto a ser evitado a todo custo. Aprenda o quanto antes o que é Venture Design, Design Thinking, KPIs, funil de vendas, proposta de valor de produto. No final das contas, o que importa é o PROBLEMA do CLIENTE a ser resolvido, e quanto ele está disposto a pagar por isso. As empresas falham porque não conseguem identificar claramente essas coisas. Uma vez que isso esteja claro, o código a ser feito se torna trivial.
  • Universidade é muito mais proveitosa se você tem experiência de vida e entende o valor do que estão te ensinado na prática. Se você quer ter uma carreira brilhante, eu sugiro começar a trabalhar com programação apenas com cursos básicos, e depois disso fazer uma universidade, entendendo bem o porque está fazendo ela e como isso contribui com seu plano de longo prazo.
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Eu sempre quis achar um post sobre faculdade x não faculdade aonde a pessoa consiga explicar e detalhar bem o mercado de trabalho. No meu caso mesmo eu não tive oportunidade de fazer faculdade e mesmo a 5 anos estudando por conta propria autodidata eu só queria uma faculdade para conseguir no minimo entrar como estagiario .

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Parabéns pelo post em primeiro lugar, achei muito esclarecedor, ainda mais por conta de eu estar iniciando na programação agora, e estar meio nesse caminho. Mas pretendo me aprofundar mais, para ter uma base sólida. Mas agora queria deixar um questionamento, para você ou mais pessoas que já realizaram faculdade, ou estão em processo. Diferença de faculdade presencial (Federal,pública e privada etc...), ou faculdade (EAD/ao vivo ou etc...), claro que possui uma diferença entre elas, mas ao mesmo tempo tem uma igualdade que é o empenho do aluno, que em ambas as faculdades o estudo do futuro profissional, só depende e exclusivamente do aluno. Mas em questão instituição, vocês acham que você tem uma diferença na qualidade do estudo ou é irrelevante???

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Existe sim muita diferença. No geral, uma unifersidade pública vai te preparar melhor, pois você estará em um ambiente praticamente hostil e terá que aprender a se virar na marra. Você encontrará ótimas pessoas e terá professores (nem sempre bons) mais bem preparados, é um ótimo lugar para fazer networking.

Muitos tem a ideia errada de que as universidades públicas são as melhores, na verdade elas apenas te preparam melhor, pelos motivos que eu disse anteriormente. Já nas particulares acontece o inverso, muitas até te ensinam melhor, mas te preparam menos. Tudo é um tradeoff, não existe opção perfeita para nada.

Faculdades EAD são ótimas para quem já trabalha e quer fazer uma transição de carreira. Elas não são nem de longe as melhores, mas te garantem um ensino superior, que já é muito melhor do que qualquer curso da internet. Sempre procure universidades com boas notas no Enade e boas avaliações do MEC, pois são as métricas que temos (não as melhores). Por exemplo, na minha universidade (UFRGS) a maioria absoluta dos cursos têm nota máxima no Mec e no Enade, mas a média de evasão da universidade é de 50%, que muito alta.

Sobretudo no curso que eu faço, Matemática Aplicada Computacional, a evasão está na casa dos 80%, o que demonstra que o ensino não é tão bom assim, pois forma pouco, mas quando forma, o egresso é preparado para enfrentar qualquer problema.

Em síntese, se você quer entrar de cabeça e entender a fundo, com uma mentalidade autodidata e de forma muito aprofundada, as universidades públicas são o seu lugar. Se você não tem como se dedicar muito, ou acha que teria muita dificuldade em um ambiente mais hostil, uma universidade particular é a melhor opção. Agora sobre EAD e presencial, prefira presencial sempre caso tenha a oportunidade de escolher, independentemente do que falem por aí, qualquer coisa presencial é melhor, a diferença é que no EAD tu tem mais versatilidade e rapidez para algumas coisas. Se você for um aluno empenhado metade do processo já estará feito, uma boa universidade irá facilitar, acelerar e focar esse empenho.