Vagas internacionais: Meu inglês precisa ser perfeito?
Em novembro do ano passado palestrei no WordCamp São Paulo sobre trabalho remoto e finalmente aqui está a versão em texto! Se você prefere vídeos, pode assistir à palestra completa lá no YouTube.
A palestra foi longa, então vou publicar o texto dividido em partes. Pretendo publicar todas as partes aqui no TabNews, mas se quiser receber avisos, você pode assinar a newsletter lá do blog ;)
Meu inglês precisa ser perfeito?
Essa é a primeira pergunta que as pessoas se fazem quando falamos de trabalhar para uma empresa estrangeira. Achar que é essencial falar inglês como um nativo para conseguir uma vaga é uma barreira que só existe na sua cabeça.
Entender e ser entendido são as coisas que você realmente precisa.
É realmente só isso. Se você consegue entender alguém que esteja falando em inglês e se as pessoas conseguem te entender mesmo com sotaque (todo mundo tem sotaque) você já está pronto.
Nada substitui um curso
De vez em quando a gente ouve sobre alguns super-heróis e heroínas que aprenderam inglês sozinhos, mas essa não é a realidade para a maioria das pessoas. Existem duas coisas que você praticamente só tem indo em um curso:
- Prática de escrita - Só praticando você vai saber o passado dos verbos irregulares (think > thought), como se soletra algumas palavras, etc.
- Gramática - Conhecer o básico da gramática vai facilitar a vida quando você não entender uma palavra e precisar pegar o sentido pelo contexto.
Você não precisa fazer 15 anos de Cultura Inglesa, não é isso. Mas você precisa ter certeza de que tem pelo menos o básico de escrita e estrutura gramatical.
Filmes, séries, jogos e lives de código
Eu morria de medo de chegar em uma reunião e não entender nada do que estava sendo dito. Comecei então a assistir séries e vídeos no YouTube. Primeiro com legendas em inglês e depois sem legenda nenhuma. Esse exercício me ajudou e ajuda até hoje.
Lives de código na Twitch também ajudam muito. Nelas você vai ouvir os jargões da profissão, que muitas vezes nós só lemos.
Abaixo estão alguns exemplos que funcionam para mim. Na época da palestra estava assistindo a Andor, hoje colocaria The Last of Us.
Na vida real
Cursos, vídeos no YouTube, séries... nada disso te prepara para a vida real. Na vida real você precisa lidar com:
- Gerentês - O povo adora siglas. EOD, ASAP, AFAIK são só algumas delas, mas você vai ver várias coisas novas quando começar. Expressões como Ballpark estimate são outra parte desse item.
- Áudio interrompido - Em um filme todo mundo se escuta sem ruído. Na vida real o vídeo congela, o áudio picota e por aí vai. Expressões como Do you mind saying that again? ou You broke up a bit eu só aprendi vendo os outros usarem durante as reuniões.
- Sotaques - Dei sorte de fazer parte de uma equipe muito plural. Tem americano, alemão, indiano, paquistanês, húngaro, mexicano e mais. Às vezes é difícil entender uma explicação ou outra, mas ao invés de fingir entender, é melhor falar um I’m not sure I follow… e pedir que expliquem de outro jeito. Isso acontece com bem mais frequência do que as pessoas imaginam.
Nos cursos a gente aprende o "How are you? I'm fine, thanks, and you?", certo? Pois é, por um tempo eu até usei isso. Acontece que na vida real ninguém fala assim. Esteja sempre atento a como os outros falam e esteja disposto a se adaptar e aprender.
Quando eu entrei na empresa eu quase desisti!
Estou na 10up há três anos e eu quase desisti nas primeiras semanas. A gente tem uma reunião diária com toda a equipe e era praticamente impossível entender um dos colegas.
Falei com os meus chefes e eles disseram que era normal e que depois de um tempo eu acostumaria. Realmente acostumei.
O começo vai ser difícil. Não desista!
Aqui fica uma dica: sempre seja sincero, nunca finja que entendeu. As empresas valorizam muito as pessoas que se comunicam bem, e (por incrível que pareça) parte de se comunicar bem é dizer quando algo precisa ser explicado de novo e de outra forma.
Ferramentas
Além do Google Translate, existem pelo menos duas ferramentas que me ajudam demais no dia a dia e que acho que vale a pena compartilhar com vocês:
Grammarly
O Grammarly é um serviço que ajuda na escrita em inglês. Eu uso como extensão do navegador e me ajuda em coisas como as da imagem: qual preposição usar, ordem das palavras, etc.
Google “define:SIGLA”
Como eu comentei, siglas são coisas bem comuns na comunicação em inglês. Quando eu vejo alguma sigla que não conheço ainda, coloco define:SIGLA
no Google e normalmente, o primeiro resultado já resolve.
Conclusão
Nesse primeiro post da série vimos que entender e ser entendido é o nível de inglês que você precisa ter.
Prática de escrita e conhecimentos de gramática são essenciais, então um curso é recomendado. Não precisa ser 10 anos de curso, mas um estudo estruturado de alguns meses pelo menos.
Assistir a alguma coisa que você gosta como vídeos do YouTube, séries e filmes ajudam muito, mas com legendas em inglês ou sem legenda nenhuma. Lives de código também são interessantes.
Nada substitui a experiência da vida real. Expressões e problemas do cotidiano não são representados em séries e filmes, então esteja disposto a aprender muito no começo.
Também contei um pouco sobre como eu quase desisti e como é importante insistir. Vale a pena!
Por fim, vimos algumas ferramentas que você vai querer manter por perto enquanto estiver se comunicando em outro idioma.
Essa foi só a primeira parte! Assine a newsletter e me siga nas redes sociais para saber sobre a parte 2.