Realmente, essa piada do desenvolvimento web tem suas falhas e acertos. Mas olha, acho que faltou falar sobre um pedaço importante da história entre 1995 e 2010. Eu estava lá quando jQuery era a grande coisa. O problema que ele resolveu não foi exatamente o JavaScript em si, mas a forma como interagíamos com diferentes navegadores. Cada navegador tinha sua própria API, tornando a vida dos desenvolvedores um verdadeiro caos. Era pior do que escrever código em C para múltiplas plataformas, onde você se depara com uma infinidade de #ifndef TARGET
para adaptar seu código a diferentes ambientes. O jQuery unificou essa experiência, oferecendo uma interface consistente que escondia a API de cada navegador, tornando a vida dos desenvolvedores web significativamente mais simples.
Eu não estava lá no início, mas lembro bem dos tempos em que interagíamos com os clientes usando Java, e eu dava meus primeiros passos na informática, quando XML e AJAX eram a grande moda. É uma pena que XML não entrou na piada, porque, na época, parecia mesmo ser a solução para tudo. Muito mais do que o WebAssembly (Wasm), talvez? O XML é o formato por trás de alguns dos sistemas mais complicados que lidam com especificações de texto, como o banco de dados de mapas abertos OpenStreetMap, e até mesmo os arquivos do Word e Excel, que usam XML para estruturar seus dados. A claro, e não podemos esquecer do JSX que é motor por trás do React.
Mas sabe, talvez a solução fosse nem usar a web, né? E cadê o Flash na piada? O Flash, em seu auge, era onipresente na web, essencial para animações, jogos e até mesmo todos os vídeos. Mas ele não era texto, e é aí que começa sua queda. Mas ele só morreu mesmo, porque o iPhone que definiu do futuro da Intenet decidiu não o suportava. E é por isso que o Wasm não decola como esperado. Muitos dos IOs poderiam ser feitos diretamente via Canvas e outras APIs, mas aí não se pode interagir com o documento da página – ou seja, o texto! O problema do Wasm é tentar transformar a web em uma máquina virtual, quando ela deveria ser apenas uma plataforma de texto.
Mas todo mundo insiste em usar a web para outras coisas que não texto. Eu queria fazer uma piada sobre isso, mas ainda não vai ser dessa vez. Talvez a verdadeira piada seja essa insistência em complicar o que era para ser simples, né? A web como uma máquina virtual infinita, quase como um 'Infinite Jest' da programação. Quem sabe um dia a gente não consegue rir disso tudo?
"Infinite Jest" é um romance que, em sua trama, apresenta um filme tão cativante e envolvente que as pessoas perdem a motivação para viver após assisti-lo, pois nada mais parece ter sentido. Isso me faz pensar nos programadores que perdem o interesse em outras atividades, tão absorvidos pelo desenvolvimento web que se esquecem de todo o resto. Talvez a grande piada esteja nisso.