Você esta absolutamente correto: a ascensão dos navegadores como uma espécie de "sistema operacional universal" reflete diretamente a incapacidade dos sistemas operacionais tradicionais de atender às demandas cruciais dos usuários e desenvolvedores. A portabilidade sempre foi uma dessas demandas-chave. E embora, já tivessemos resolvido esse problema, para o 'desktop', não estavamos prontos para o mobile. Essa 'loucura' toda começou quando o CEO de uma empresa quis acessar todas as informações do ERP pelo seu novíssimo iPhone, surgindo uma necessidade urgente de adaptabilidade e os navegadores surgiram como heróis improváveis nessa história, oferecendo a solução 'perfeita' para essa demanda.
O Google, consciente de que tinha perdido a batalha dos sistemas operacionais, fez uma aposta inteligente e massiva na web como plataforma de aplicações. O Chrome OS é a materialização dessa visão, transformando o navegador na peça única da experiência do usuário. A W3C, que deveria ser o principal órgão regulador das normas da web, acabou se tornando uma espécie de 'ONU' do mundo digital, com sua relevância muitas vezes ofuscada pelo poder das big techs. Atualmente, estamos à mercê dessas gigantes, que frequentemente definem unilateralmente o que é melhor para a web e seus usuários. Ainda bem que a Apple decidiu matar o Flash - já imaginou quão terrível seria a web hoje se ainda estivéssemos presos aquela porcaria?
E se surgisse uma nova plataforma que proibisse o uso de JavaScript? Seria incrível, certo? Seria uma verdadeira revolução, um retorno à essência do que a web deveria ser. Mas quem teria a audácia e o poder para fazer isso hoje? No cenário atual, não parece haver um único jogador capaz. A Nokia teve algumas ideias brilhantes com o Maemo nos primeiros dias, mas depois de fracassar, até tentou lutar junto com Microsoft no Windows Phone, mas perderam completamente a batalha dos smartphones. A Microsoft hoje reconhece abertamente o erro de ter negligenciado o mobile. No entanto, eles apostaram alto na nuvem, e o Azure hoje é muito mais relevante do que o Windows. Eles também investiram massivamente em IA, e talvez, apenas talvez, com as IAs gerativas, possamos ter algum tipo de interface de texto super avançada.
Olhando para trás, a outra grande piada, é que o Unix (e Matrix) sempre esteviram certo desde o início. A interface de texto é, de fato, a interface definitiva - simples, poderosa e incrivelmente flexível. Se a web tivesse seguido essa filosofia desde o começo, talvez estivéssemos em um mundo digital muito diferente hoje. Uma web onde cada aplicação é baseada em texto, eficiente e direta, sem as distrações e complicações das interfaces gráficas atuais.