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Como estudar e guardar o conteúdo?

Pergunta é simples mas a execução é meio complexa.
No geral em escola a gente tem a matéria em um livro, anota em um caderno e faz uma prova dentro de x dias.
No dia a dia adulto muita coisa a gente aprende por vontade própria ou por necessidade do trabalho, porém como a gente é de tecnologia, anotar as coisas no caderno não parece razoável (imagina anotar python em um caderno...).
A questão é que estou enfrentando uma dificuldade há um tempo. Eu leio muito e assisto várias aulas/conteúdos, porém não tenho um método de anotação e revisão.
Já tentei anotar em papel, no obsidian, no Notion, até no Colab, mas infelizmente nenhum caminho parece razoável para eu encontrar facilmente o conteúdo depois ou saber que anotei (muitas vezes minha memória simplesmente apaga que vi aquilo).
Dito tudo isso gostaria de saber como vocês fazem para se manter atualizados sobre os temas de tecnologia e estudar eles de forma a absorver melhor o que estudou?

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Olá, tudo bem?

A área de aprendizado é algo que tenho muito interesse, afinal, ser capaz de aprender conteúdos é uma habilidade essencial para a vida humana (se não tivéssemos aprendido a controlar o fogo, onde estaríamos?). Portanto, aprender é algo vital para sobrevivência humana e para sua evolução, mas como fazer, é a pergunta.

O aprendizado se divide em dois blocos: passivo e ativo. O aprendizado passivo é tudo que consumido sem necessidade de um trabalho cognitivo elevado, por exemplo: escutar, ler, ver. Imagina que aprender é uma função, a entrada são as coisas passivas: artigos, vídeos, podcasts, etc. Agora a saída é o resultado de ter aprendido algo, ou seja, é a produção de algo novo a partir do conhecimento adquirido: um site que você implementou, um problema que foi resolvido, etc. A caixa preta é o processo de aprendizado, é o processo de transformar o passivo em um resultado, e como fazer isso? Pois bem, existem diversas técnicas, mas irei citar algumas:

  1. Lembrar ativamente
    Imagina que você acabou de ler um capítulo inteiro sobre pilha, uma estrutura de dados, e que não consegue se lembrar nem de metade do que foi ensinado no capítulo, ou imagina que você passou uma hora vendo aulas e não lembra de nada. Isso ocorre porque você está consumindo a informação passivamente,.
    Fazer um resumo da seção, do capítulo, ou até mesmo do livro inteiro, assim que você acabar. Leu sobre pilha? Faça um resumo explicando com suas palavras cada coisa apontada no livro. Crie exemplos, construa analogias e metáforas e utilize uma linguagem simplificada. Dessa forma você vai se forçar a lembrar do que leu, fortalencendo os caminhos dos neurônios, e identificar as partes que você não entendeu, uma vez que não foi capaz de explicá-las. Lembrar ativamente é se forçar a lembrar do que acabou de ler.
  2. Revisar Espaçadamente
    Segundo os gregos, existem dois tipos de memória: a natural e a artificial. A memória natural é aquela que você consegue lembrar de coisas sem muito esforço (qual é a cor do céu? R: azul), enquanto a artifical é aquela que você constrói mnemônicos ao redor dela para que você possa de fato (qual é a fórmula da posição? Sorvete = S + S0 + Vt). Sendo assim, conteúdos que você tem dificuldade de lembrar você pode construir imagens que a represente, ou palavras que compartilham um certa similaridade, ou até mesmo a sonoridade. Esse tipo de memória por associação seria a memória artificial.
    Contudo, não importa quantas técnicas de memorização você tenha no seu cinto de utilidades, se você não revisar, nada disso valerá. Revisar é importante, pois, como demonstrado em estudos, o cérebro humano esquece aquilo que não se usa e portanto, colocar em praticar é importante, seja de fato implementando algo ou apenas revisando conceitos. Importante ressaltar que revisar é algo ativo, logo, revisar NÃO é LER, OUVIR, VER, ASSISTIR, etc. Revisão deve ser de maneira ativa: lembrar ativamente.
    Portanto, para revisar, você pode:
    • Após ter estudado algo, aplicar a técnica de lembraça ativa, fazendo um resumo - sem consultar - em uma folha de papel e explicar tudo para si.
    • Realizar essa ação espaçadamente: um dia após ter estudado conteúdo X, sete dia depois, quatorze dias, trinta dias, sessenta dias, etc.
  3. Praticar conscientemente
    Lembra que aprender é algo ativo? Pois é, a melhor maneira de aprender é praticando. Colocar em prática aquilo que você aprendeu força você passar pelos dois estágios anteriores: lembrar ativamente do que foi estudado, e espaçar isso (caso você pratique ao longo do tempo). Mais há um benefício ainda maior: criar modelos mentais na cabeça. Vamos supor que você tenha que ensinar uma criança a operação de soma, você é capaz de ensina-lá pois você tem inúmeras imagens associadas a essa operação: somar é como juntar duas coisas de mesma natureza (uma maçã + uma maçã = duas maçãs), etc. Além disso, você compreende a natureza de cada uma das partes envolvidas (1 é um número inteiro e 2 dois é um número inteiro, e + é uma operação de soma), fora isso você tem um modelo mental claro de qual deve ser a natureza do resultado (números inteiros mais números inteiros resultará em um número inteiro). E como você desenvolveu tudo isso? Realizando a operação de soma inúmeras vezes. Portanto, praticar te dá a capacidade de construir imagens mentais. Ainda mais: praticar te mostra onde você está errando, e sabendo disso você é capaz de procurar maneiras de tapar essas lacunas.

Você só aprende quando é capaz de ensinar, e só é capaz de ensinar quando você é apto a explicar algo com palavras simples, analogias, metáforas e exemplos claros. E para que isso ocorra você deve lembrar ativamente, revisar espaçadamente e praticar conscientemente.

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Muito obrigado pela explicação. Vou tentar implementar esses passos nas atividades e estudos.
A explicação está bem completa, vou revisar ela no futuro com certeza

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Teve uma época que eu tinha problemas de memória, as vezes as coisas aconteciam na semana e eu simplesmente não lembrava o que rolou. As vezes eu saia na sexta e sábado, daí na quarta feira quando ia comentar com minha psicóloga eu simplesmente não conseguia recaptular o que tinha acontecido, e achava que tinha ficado em casa o dia todo.

Após contar diversas vezes isso, ela me disse pra começar a recaptular meu dia ao deitar na cama antes de dormir. Ao invés de pensar em coisas aleatórias eu recaptulo meu dia do início ao fim. Automaticamente nas partes em que houve aprendizado ou coisas diferentes, meu cérebro tende a recaptular o conhecimento também.

Minha dica é fazer exatamente isso, anote tudo e quando for dormir recaptule parte do seu dia e do seu aprendizado. Não dura 1 minuto de pensamento, e no fim você vai pegar no sono em alguns minutos também.

PS: Só não vai ficar bitolado com coisas do trabalho/estudo, é um momento de recaptulação e não de achar solução para os problemas do dia.

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Olá @ViniciusRaphael, tudo bem? Entendo seu desafio e posso dizer que muitas vezes tive que lidar com isso... hoje enchergo isso (o fato de ver um conteúdo e esquece-lo em pouco tempo) como um processo natural do ser humano e até como um "feature" que nos permite ganhar espaço para aprender outro conteúdo que pode ser relevante ou não pra você.

Uma das coisas que mais vejo tendo efeito nos estudos é o que eu chamo de estudo por emoção (não entenda um estudo emocionado rsrsrs). No estudo por emoção você aprende aquilo que mais emoção é aplicada no processo de aprendizado, por exemplo, quero aprender sobre listas em python, logo imagino uma cena de uma senhora python esperando na fila do banco para sacar seu dinheirinho, acontece que ela está no final da fila, logo ela vai precisar esperar os outros que estão a frente, como ela chegou por último, ela vai ser a última a sair (FIFO = First In First Out), às vezes a senhora python ficava irritada quando alguém cortava a filava falando a palavra insert, e não tinha o que fazer, qualquer um poderia vir e falar a palavra insert dizendo onde na fila ela entraria (índice) e o que na fila entraria (item).

E o estudo com emoção também funciona para todo tipo de emoção, raiva, felicidade, nostalgia etc.

Além disso, outra maneira de guardar o conteúdo é sempre pensar em analogias, sempre existirão boas analogias para assimilar bem algum conteúdo como é o caso da senhora python na fila.

Para se organizar cada pessoa tem sua melhor maneira, a maneira que é mais eficaz pra seu modo de ser, seu contexto cultural, social e geográfico e até mesmo sua genética pode contribuir nisso (acredita?!).

Sugiro que vale a pena você pesquisar como que você funciona melhor, como aprende melhor, por exemplo, existem pessoas que são muito auditivas (aprendem mais escutando), outras pessoas mais visualizadores (aprendem mais vendo) e ainda outras pessoas mais leitoras (aprendem mais lendo) e existem muitos outros tipos de pessoas.

Independente de qual for seu modo de aprendizado, é necessário você ter essa ciência antes para conseguir se organizar da maneira mais eficiente pra você, mas um outro bom conselho é não se prender ao status quo, aos paradigmas que te impõe, tente sempre coisas novas e diferentes, ouse experimentar maneiras novas, novos métodos.

E por fim, sempre busque aprender com os outros e isso normalmente é uma via de mão dupla, onde você aprende com outro e você também ensina outro, busque exercitar este papel de aprender/ensinar, você verá as boas recompensas que isso poderá lhe trazer.

No demais, escrevi uma publicação que tenho muito orgulho que poderá te trazer mais insights sobre Como Aprender a Aprender, dá uma conferida lá e se tiver e se inspirar deixe seu comentário lá também!!!

Um grande abraço e lhe desejo sucesso na jornada!

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Gostei desse métlodo, nunca tinha ouvido falar dele.
Seu texto sobre como aprender, ficou ótimo. Muito obrigado por tirar um tempo para escrever aqui e me ajudar nisso.

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Eu anoto os códigos "base", ou seja aqueles código que eu preciso para entender como funciona algo.
Repetição espaçada para assimilar o conteúdo.

Tem um livro muito bom para sobre os estudos se chama: Aprendendo inteligência: Manual de instruções do cérebro para estudantes em geral

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ViniciusRaphael, a sua pergunta é muito relevante. A resposta, na minha perspectiva, é uma mistura do que já foi dito nos outros comentários. O que eu acrescentarian é "Qual problema você quer resolver?"

O nosso cérebro só armazena aquilo que é relevante ou que tem alguma ancoragem ao que já temos de conhecimento, sejam âncoras emocionais ou associativas. Então, tente os métodos citados até desenvolver o que funciona para você. Atente-se a entender o "por quê?" e o "para quê?". A tecnologia surge porque alguém tinha um problema ou via alguma oportunidade de criar algo diferente. A partir daí, para quê essa tecnologia pode servir?

A melhor maneira, para mim, é entender o porquê, o para quê e o como utilizo isto. Então, depois de criar o blueprint mental do porquê e do para quê, eu tento criar um projeto simples, mesmo que seja uma função que aguarda o usuário digitar um valor correto.
Espero que possa te ser útil em algo.