Executando verificação de segurança...
3
EzZos
3 min de leitura ·

Como lidar com novos trainees?

Olá, hoje estou aqui para comentar sobre algumas dificuldades que enfrentei com novos trainees na Empresa Júnior em que participei.

Contexto

A empresa júnior (EJ) da qual eu fazia parte realiza projetos de diversas engenharias (elétrica, civil, computação, química, etc.), por ter sido fundada em uma escola politécnica de engenharia.

Atualmente, o núcleo de computação realiza apenas um serviço:

  • Criação de websites.

A maioria dos novos membros são dos períodos iniciais da faculdade, do 1º ao 3º período, sendo assim, muitos deles apresentam conhecimento superficial de desenvolvimento web, ou melhor, conhecimento superficial de computação/programação como um todo. Com isso, existe a necessidade de capacitá-los do "zero" a cada processo seletivo.

Coisas que você precisa ter em mente

  • A rotatividade de membros em uma EJ é muito alta; a cada 2 anos, pode-se dizer que a empresa é composta por uma equipe completamente nova.
  • O tempo médio de estágio em uma EJ é de 1 a 2 semestres (no caso da EJ que participei).
  • A EJ está em crise, saindo de um ano excelente (2022, ano em que fui membro) para um ano em que apresenta muita dificuldade de fechar projetos (2023).
  • Os membros não possuem salário.

Com isso, vamos às principais dores da EJ:


1. Desengajamento geral

Atualmente, a empresa enfrenta um problema muito sério de desengajamento dos membros efetivos, desestimulando os novos trainees.

A EJ em questão não está conseguindo dar o "puxão de orelha" de forma efetiva. Ou seja, os membros têm a sensação de que, independentemente de seu comportamento, nunca serão punidos e, por isso, não buscam melhorar ou alcançar as metas.

Outra coisa que a empresa não consegue fazer é reconhecer o progresso/conquista do membro e bonificá-los. Existem "prêmios" como projetista do mês, porém, em alguns casos, parece não haver critério algum na escolha, desestimulando quem realmente mereceria essa posição de destaque.

Obs: Como no Movimento Empresa Júnior, os membros não podem receber recompensas em dinheiro; um tipo de bonificação seria a compra de um livro/curso.

Desengajamento no núcleo de computação

Neste cenário, o núcleo possui diversos projetos em atraso e sem perspectiva de resolução, onde os membros aparentam não ligar se o projeto vai ser concluído ou não.

Alguns projetos bem antigos às vezes voltam à tona (nunca entendi como essa dinâmica funcionava). E muitos deles não tem documentação, sendo este outro fator que desestimula bastante os membros (acho que desestimularia qualquer um 😂) que muitas vezes ficam perdidos no projeto.


2. Capacitação

Como falei anteriormente, a maioria dos trainees tem um conhecimento muito básico de computação no geral, e por isso sempre temos que capacitá-los do zero.

Porém, ao menos no núcleo de computação, não existe um processo bem definido para esta capacitação. Sempre escutei perguntas como:

  • O que eles devem estudar?
  • Qual ordem de conteúdos eles devem seguir?
  • Quem deve estudar o que?
  • Com que tarefas posso fazer uma avaliação?

Apenas uma coisa não varia: os trainees que estão em capacitação fazem apenas isso. Ou seja, o trainee que está em processo de aprendizagem fica distante dos projetos. Isso, em minha opinião, apenas colabora para o cenário de desengajamento dos membros, haja vista que todo o conhecimento que está sendo absorvido não está sendo utilizado em um projeto real, tirando a sensação de estar participando/fazendo a diferença na empresa.

Enfim, existem várias outras questões que poderiam ser discutidas, mas prefiro focar nas que falei.


Questionamentos

  • Como engajar membros novos e antigos?
  • Como valorizar o progresso dos membros/trainees e recompensá-los?
  • Como fazer com que os membros/trainees levem a sério os "puxões de orelha"?
  • Quais os passos para a definição de um plano de capacitação bem estruturado?
  • A capacitação deve ocorrer antes da entrada em um projeto ou pode ocorrer de forma simultânea?

Se você julgar que precisa de mais alguma informação para responder a essas questões, basta perguntar. Ficarei feliz em responder.

Caso você tenha identificado outro problema, sinta-se livre para destacá-lo e propor alguma solução.

Desde já agradeço!

Carregando publicação patrocinada...
3

Já participei de uma Empresa Júnior. Uma das coisas que mais costuma engajar o pessoal é ir em eventos do MEJ. Participar de eventos fora do MEJ também era um bom momento de criar sintonia entre as pessoas da EJ, por exemplo fazendo uma barraca na festa junina, porque é algo trabalhoso. Uma confraternização/festa pode fortalecer os laços, mas não passa o senso de responsabilidade e trabalho, então não necessariamente resolveria o seu problema.

Acho que o melhor lugar para você encontrar as respostas para suas perguntas é conversando com outras EJs. Procure EJs que estão melhor do que a sua (seja em faturamento, presença em eventos ou algum outro critério) e pergunte o que eles fazem e se ja passaram pela dificuldade que você está passando. Converse também com EJs de Ciências da Computação, Análise e Desenvolvimento de Sistema e Sistemas de Informação, para ver se algum processo da sua EJ pode ser melhorado (assim você consegue comparar a sua EJ com outras "EJs que fazem site").

2

Obrigado pela resposta, Rafael!

Os eventos do MEJ agregam muito e certamente representam uma das partes mais interessantes de fazer parte desse movimento. No entanto, acredito que, para uma empresa aproveitar efetivamente esses eventos, é necessário ter uma perspectiva de futuro mínima. Quando as coisas estão indo mal, todos tendem a se afastar, e apenas uma minoria da empresa participa dos eventos. Para você ter uma ideia, apenas 4 dos 60 membros foram ao ENEJ deste ano.

Acredito que as confraternizações são, de fato, uma boa opção para fortalecer os laços dentro da empresa. Todo ano, tínhamos um grande evento em que íamos para um casarão passar o final de semana. No entanto, esse evento acabou se tornando o único interesse de membros mais antigos, e eles permanecem na empresa apenas aguardando a sua chegada. Como mencionei antes, a empresa não está conseguindo cobrar seus membros de maneira eficaz, parecendo ter medo de falar a verdade e sempre evitando o recurso do desligamento. Com isso, acaba permitindo a continuação desse comportamento.

Acredito que a questão seja o senso de responsabilidade e trabalho, como você mencionou, que a empresa da qual participei parece não ter mais.

Definitivamente, vou conversar com eles para eles entrarem em contato com outras EJs. Já fizemos muito isso no passado, mas eles precisam de algumas atualizações, hahaha.

Novamente, agradeço sua resposta. Abraço!

2

Entendendo o cenário da Empresa Júnior, gostaria de compartilhar algumas reflexões s baseadas na minha experiência com outras atividades extracurriculares durante a universidade, mas nunca participei efetivamente de EJ, então posso estar falando besteira.

A questão do desengajamento é complexa e multifacetada. Em primeiro lugar, é essencial que haja clareza nas expectativas e responsabilidades de cada membro. Se eles sentem que suas ações não têm consequências, seja positiva ou negativamente, não se sentirão motivados a se dedicar. Mecanismos claros de feedback são fundamentais. O reconhecimento deve ser genuíno e baseado em critérios transparentes. Estabeleça consequências claras para ações e inações, seja premiações ou até desligamento da equipe.

O "puxão de orelha" deve ser uma ferramenta de aprendizado, não de repressão. Ele deve vir acompanhado de feedback construtivo, direcionando o membro para o comportamento ou resultado desejado. A capacitação deve ocorrer junto ao envolvimento em projetos. Os trainees não estão ali para mais teoria, mas justamente para botar a mão na massa, use isto! Aprender, fazendo!

Inicialmente, faça um levantamento detalhado dos projetos que estão em desenvolvimento na EJ. Identifique quais são as competências e habilidades necessárias para contribuir de forma eficaz para esses projetos e encontre materiais de qualidade sobre o assunto para fornercer aos novatos.

Essa é toda a estruturação que precisa! Assim que aprenderem o básico, integre-os nos projetos. Eles aprenderão mais efetivamente quando tiverem que aplicar seus conhecimentos na prática. Pareie os calouros com veteranos que possuam experiência nos projetos em andamento.

O veterano atua como guia, auxiliando o calouro a navegar pelos desafios do projeto, passando tarefas claras e precisas para os novatos. E ao mesmo tempo, solidificando seu próprio entendimento ao ensinar.

Aqui entra um ponto crucial. Durante minha experiência universitária, percebi que, em determinado momento, apenas alguns veteranos são os pilares que sustentam uma orginazação inteira. Mas é fundamental entender que ninguém vai se dedicar por muitos anos a uma atividade extracurricular. É essencial ter planos de sucessão claros.

Desde o início, os novatos devem ser vistos como futuros líderes. Deve-se investir e nutrir aqueles que demonstram capacidade e vontade. Após um período inicial, é vital dar total responsabilidade e autonomia para esses membros e avaliar se eles entregam.

Se entregar, ótimo; se não, é hora de repensar e buscar o próximo. Lembre-se: sua última responsabilidade, após anos de dedicação, é encontrar um sucessor à altura. Se não houver alguém no seu lugar quando você sair, todo o seu esforço terá sido em vão.

Fixe essas mentalidades na comunidade e tudo vai ficar bem!

2

Concordo 101% com o que foi dito. Realmente acredito que este seja o caminho.
Encaminhei sua resposta para um grupo da empresa e tive reações super positivas!
Espero que com as reflexões feitas a partir de seu comentário a EJ possa superar a fase que está passando e volte a caminhar em direção ao sucesso.

Muito obrigado pela resposta!!!