[Pitch] Meu primeiro SaaS fracassou, e eu quero conversar com você sobre os erros que cometi.
Olá, meu nome é Vitor e eu quero mostrar com muita transparência a história por trás do https://curto.io, meu primeiro SaaS produtivo, desde o primeiro cliente, até o momento que eu decidi tirar do ar.
Não é muito fácil pra mim falar sobre fracassos, mas eles acontecem e provavelmente vão acontecer mais vezes, e eu prometo me comprometer em não esconder nada.
Compartilhei grande parte dos desafios técnicos que enfreitei durante o desenvolvimento dele aqui, e você pode acessar esses posts abaixo:
- Pitch: O segundo mês do Curto (R$ 247,33 MRR 🚀)
- Pitch: O primeiro mês do meu micro-saas
- Pitch: Lancei meu primeiro SaaS, e aprendi muito com isso.
- Pitch: Como eu fiz um módulo de domínios customizados pro curto.io
- Pitch: como eu desenvolvi o módulo de analytics do meu micro-saas
- Pitch: Como eu criei um encurtador de URL com Spring Boot, Next.JS e Redis
Primeiro erro: Meu MVP foi grande demais
Explico um pouco melhor nesse post Pitch: Lancei meu primeiro SaaS, e aprendi muito com isso., mas pra resumir, eu levei muuuuuuuuito tempo desde a concepção até o lançamento do projeto. Sempre achava alguma coisa que me fazia repensar o modelo, repensar a experiência, repensar TUDO, menos repensar em uma estratégia de lançamento incremental.
Se eu tivesse lançado antes e tivesse tido feedbacks mais cedo, talvez eu tivesse resultados diferentes.
Segundo erro: Não conhecer meu público-alvo
O Curto foi feito pra servir como uma plataforma de links e engajamento. E o objetivo principal era tirar uma parte do mercado do Bit.ly e lucrar com isso, pois acreditava que poderia fornecer uma experiência melhor com um preço mais acessível.
E cara, modéstia a parte, eu criei um produto muito bom, e acredito que esse foi o meu primeiro erro. Criei um produto bom demais, pra pessoa errada. Descobri com o feedback de pessoas, principalmente os inflenciadores, meu público-alvo, que o produto era bom, até melhor que os concorrentes, mas que não era preciso assinar pois o plano free do meu sistema os atendiam com louvor, provando o erro de Não conhecer meu público-alvo.
Percebendo que os influenciadores (B2C) não me trariam receita, mudei completamente o alvo, passei a buscar os times de marketing de empresas, agências de marketing, startups, indie hackers, e com essa mudança, me veio outro desafio: Como achar pessoas chaves desse meu público alvo?
Passei a dividir meu tempo livre entre estudar Outbound Sales, ligar pra possíveis clientes e estratégias de marketing para promoção do meu produto, tudo isso enquanto mantinha um trabalho 9h-17h e cuidava de uma filha recém-nascida (loucura).
A primeira lição que eu poderia deixar é: Gaste bastante tempo conhecendo seu público-alvo.
Não foi de todo mal
Tive resultados bons nessa mudança de mindset, consegui atingir R$ 3.000 de receita durante o ano com 0 de custo, devido a créditos que eu tinha disponíveis na AWS, que maximizou meu lucro durante esse tempo e me permitiu comprar algumas coisas que eu gosto, como pagar um jantar pra mim e minha esposa.
Terceiro erro: Ter um produto "barato" não significa ter mais assinaturas.
Esses eram os planos que tinham disponíveis na plataforma:
Optei por preços mais baratos com o objetivo de gerar valor para todo tipo de cliente e tinha a ilusão de que ganharia no volume de assinaturas, na minha cabeça, colocar o preço inicial de R$ 10,00/mês era Game Changer, que isso me faria o rei dos SaaS e de que seria suficiente pra eu viver de curso ensinando como repetir meus passos.
Falhei, miseravelmente.
Acontece que se você perceber, 1K de cliques é MUUUUUUUITA COISA. Isso significa que enquanto o usuário tivesse "clique disponível" ele conseguiria criar links novos, o que fez do plano gratuito algo muito bom, retirando a necessidade de qualquer upgrade.
E a segunda lição é: Se você optar por um modelo freemium
, onde você oferece um plano gratuito e um pago, faça do gratuito bom, mas não tão bom quanto os outros planos pagos.
Pra curiosidade, esses foram os números da plataforma, durante o ano que ela estava operante:
Dos 1.300 usuários cadastrados no sistema, 979 ativos e 13 pagavam, representando 0,01% dos usuários ativos.
Para um SaaS Premium, o Curto foi um ótimo SaaS gratuito.
Vitor
Quarto erro: Não me preparei financeiramente
Durante todo o ano que o curto ficou operante, ele foi 100% custeado por dois cupons, que consegui através de parceirias muito bacanas:
- $ 5.000 pra usar na AWS durante 2 anos
- $ 2.000 pra usar no MongoDB Atlas durante 1 ano
Então, pelo primeiro ano, estava tudo bem, mas o que fazer no momento que os creditos acabarem? A conta simplesmente não iria fechar.
Por sorte não fui cobrado de nenhuma fatura, pois decidi sair antes dos meus créditos acabarem. Sei que existiam muitas formas de otimizar esse custo, como sair de uma instância dedicada do MongoDB, sair da AWS e migrar tudo pra uma única VPS mais simples, tinham muitos movimentos em mente, mas quando me vi nesse momento, eu já não acreditava mais no projeto, e no momento que eu percebi isso, foi o momento que eu decidi parar.
Em Agosto de 2024, eu decidi fechar o https://curto.io.
E agora?
Agora, estou apostando em novas idéias, decidi transformar todo o front que eu criei do Curto em um template para eu criar novos projetos, sem precisar perder tanto tempo e assim, conseguir lançar meus MVPs o mais rápido possível.
Se eu pudesse dar uma sugestão pra todo mundo que chegou até aqui, é de que façam projetos pequenos. Esqueça isso de 300 planos de assinatura, esqueça isso de tráfego pago. Construa uma solução simples, de preferência one-time-payment, e lance sua idéia, não espere o momento perfeito e não crie expectativas demais. Só faça, lance, fracasse (se necessario) e repita este processo até acertar.
Para quem ficou até aqui, agradeço pela atenção e espero que esse post tenha sido útil pra você, desejo muito sucesso para todas suas empreitadas
Um grande abraço!