É a velha ideia marxista de que o mundo é baseado em opressão. Talvez essa ideia fizesse algum sentido lá em meados do século XIX, no auge da revolução industrial, com o êxodo rural, altíssima oferta de trabalhadores e pouca demanda de trabalho. Mesmo assim sempre tenho o pé atrás com ideias de alguém que nunca trabalhou na vida e fala sobre trabalho. Mas enfim, apenas a indignação de ver ideias batidas e esdrúxulas que são todos os dias enfiadas nas mentes de jovens e universitário (eu me incluo nessa).
Empresa não serve para alimentar ninguém
Eu sei que é bonita a ideia de saber que uma empresa alimenta n famílias por aí e que sem ela essas pessoas morreriam de fome. Isso é balela, a pessoa que saiu de uma empresa X logo irá conseguir uma vaga em uma emprega Y caso haja demanda, o que é o caso da área de tecnologia. Nós não vemos tanto isso pois vivemos em um país que não incentiva o empreendedorismo e torna as relações trabalhistas extremamente difíceis e burocráticas, gerando desemprego.
O Fato é, a Google não tem nenhuma obrigação em sustentar seus funcionários, o objetivo da empresa é vender os seus produtos, Gmail, Youtube, Google Cloud e etc. O foco da empresa é esse e os lucros da empresa são empregados nisso. O Google quando foi criado tinha como objetivo ser um buscador de sites que os indexava automáticamente, esse modelo de negócio rápidamente ganhou força e popularisou o Google. Mas uma empresa que se mantém estagnada cedo ou tarde vai falir e por isso o Google não se manteve apenas no mesmo modelo de negócio e foi investindo em vários produtos, ainda hoje empregam grande parte dos seus recursos em projetos próprios, como a nova inteligência artificial da Google, o Bard.
Erros da dialética marxista
Segundo a dialética materialista, os trabalhadores vendem sua força de trabalho para os empresários, que usam essa força de trabalho para produzir e obter lucro. Nesta relação, os trabalhadores têm interesses opostos aos dos empresários. Os trabalhadores querem salários mais altos, condições de trabalho mais seguras e mais tempo livre, enquanto os empresários querem lucro máximo, o que pode ser alcançado diminuindo os salários dos trabalhadores e aumentando a produtividade.
Esse pensamento é completamente equivocado, digo novamente, talvez fizesse algum sentido lá no século XIX, nós vemos na história realmente pessoas se sujeitando a jornadas de trabalho absurdas com salários baixíssimos, mas era uma época diferente com contextos diferentes. Um dos maiores erros de Marx, devido a nunca ter trabalhado na vida, foi simplificar muito as relações de trabalho. Veja, um trabalhador não quer apenas melhores condições de trabalho e mais tempo livre, nos dias atuais outros objetivos profissionais são tão buscados quanto esses, como, por exemplo: realização profissional, estabilidade, experiência e etc. No século XIX até fazia sentido, mas levando em conta que nem mesmo os trabalhadores da época se prestaram a aderir à tal revolução marxista, acredito que era uma ideia ruim.
O objetivo de uma empresa realmente é o lucro, mas reduzir o meio para isso como simplesmente diminuir o salário dos trabalhadores para aumentar a produtividade é muito inocente. A área trabalhista avançou muito desde a época de Marx, hoje é indispensável que exista um setor de RH em cada empresa. O RH faz mais do que demitir e contratar pessoas, também serve para aumentar a produtividade dos empregados, não os demitindo simplesmente, mas os capacitando. Uma demissão nunca acontece simplesmente para dar mais trabalho para outro funcionário, inclusive empresas que precisam demitir e atribuir mais funções a seus funcionários quase sempre fazem isso para se salvar da falência, o completo oposto das Big Techs atuais.
No geral, soluções simples para problemas complexos são receita para o fracasso. Ao Marx atribuir o problema das explorações de funcionários nas fábricas do Século XIX simplesmente a mentalidade capitalista dos empresários foi o que fez a sua ideologia fracassar. A solução de Marx para esse problema era inverter a exploração "se a classe operária tudo produz a ela tudo pertence", sem querer, Marx propunha a manutenção da mesma exploração, mas agora os novos empresários seriam os antigos operários.
Por que tantas demissões?
O que define as políticas de uma empresa não é o dia a dia dentro dela, mas o que está fora dela. Se tratando de Big Techs, empresas gigantescas que prestam serviços no mundo todo são imãs de problemas. A qualquer momento uma pandemia pode surgir e sobrecarregar todos os sistemas da empresa. Ou uma crise absurda assolar a Europa por conta de uma guerra entre Rússia e Ucrânia. Todos esses problemas definem como os acionistas irão utilizar os recursos da empresa para passarem pela crise sem tantos danos. Aí entraríamos em um assunto complexo de economia, outra coisa que os marxistas sempre erram: eles simplesmente ignoram a economia como um todo. Várias ações podem ser feitas em momentos de crise, uma dessas ações foi a que a maioria das Big Techs tomou: no inicio da pandemia houve uma contratação massiva de funcionários. A demanda por produtos das Big Techs aumentou absurdamente nos últimos dois anos por conta da pandemia, consequentemente a demanda de serviços aumentou e foi necessário contratar mais funcionários, uma conta simples. O que acontece é que essa necessidade de contratações massivas não estava prevista e por isso o recurso empregado nesses funcionários não foi necessáriamente para os setores da empresa que os acionistas preferiam.
Hoje já não temos mais pandemia, a vida está quase na sua normalidade, nada mais natura de as empresas lançarem fora esses funcionários a mais que haviam sido contratados.
A ironia marxista
Uma premissa marxista que acidentalmente se torna base de muitas discuções é a ideia de que o funcionário depende de seu emprego. Como assim? Muitos partem da premissa que o funcionário ou aceita aquele emprego com condições absurdas ou morre de fome com a sua família. Novamente, isso talvez fizesse sentido no Século XIX, mas hoje a situação é muito diferente, principalmente se tratando da área de tecnologia.
Sem esse pensamento de que o funcionário depende de empregos degradantes e sem nenhuma condição de serviço, a ideia de exploração não fazia sentido. Para Marx era como se não tivéssemos escolha de sair de um emprego ruim e ir para um bom, isso é no mínimo irônico.
As pessoas que foram demitidas não vão morrer de fome, ficar sem saúde nem sem educação para os filhos, elas irão simplesmente encontrar um novo emprego e voltar a ganhar o seu salário, é uma coisa óbvia. Vínculos empregatícios são vículos de interesse, o trabalhador apenas aceita as condições da empresa e a empresa aceita as condições do empregado, caso não haja acordo não há contratação. A maior ironia nisso tudo é perceber como países com fortes ideias marxistas entranhadas na população tendem a ter um desemprego maior, exatamente por dar muitos direitos ao trabalhador e poucos deveres do mesmo para com a empresa.
Conclusão
A economia é um todo, depende de vários fatores e determina o rumo da vida de todas as pessoas. Até o mais pobre cidadão é afetado diretamente e indiretamente por movimentos da economia, empresas gigantescas não são apenas afetadas, mas são obrigadas a tomar decisões baseadas nos rumos da economia global, caso contrário perderão espaço e poderão vir a falência (vide o Yahoo). A ideia Marxista de exploração, materialismo histórico e luta de classes não leva em conta inúmeros fatores e é exatamente por isso que fracassou na sua época e em todas as tentativas de implantação. Isso não é atoa, Marx criou uma solção simples para um problema complexo e nós programadores mais do que ninguém sabemos que isso é receita para o fracasso.