Demissões nas Big Techs e a Dialética Materialista
Bem pessoal, acho que a essa altura todos já devem ter visto pelo menos uma dezena de notícias sobre as demissões em massa que estão ocorrendo nas chamadas Big Techs.
Se você passou os últimos dois meses em alguma caverna ou retiro Amish, deixa eu alinhar você com alguns números:
- Alphabet (Google) - demitiu 12 mil pessoas,
- Meta (Facebook) - demitiu 11 mil pessoas,
- Amazon - demitiu 18 mil pessoas,
- Microsoft - demitiu 10 mil pessoas.
Aqui no Brasil também vimos alguns casos simbólicos como:
- Me Poupe - cerca 50% da força de trabalho
- Grupo Primo Rico - cerca de 30%.
E vendo esses números assustadores, é possível que alguns desses pensamentos tenham passado pela sua cabeça (principalmente se você for um iniciante):
- Será que a bolha estourou?
- Será que meu trabalho será substituido por uma IA?
- Será que foi uma boa opção ter escolhido a área de TI?
- Estou começando, será que é melhor trocar de área?
- Será que a área de TI vai acabar?
Se você já teve alguns desses pensamentos, precisamos conversar um pouco sobre a consciência de classe e a dialética materialista.
Mas antes e entrarmos mais pesado nesse assunto, vamos fazer um exercício mental!
Fazendo uma conta de padaria
Vamos ver o caso da Google: em 2022 ela registrou uma receita de U 282,836 bilhões e um lucro líquido de U 59,972 bilhões. Fazendo uma conta de padaria, vamos supor que o salário médio dos engenheiros da Google esteja em torno de U 150 mil por ano. Vamos pegar esse valor anual e multiplicar pelas demissões: 12 mil * U 150 mil dá algo entorno de U$ 1.8 Bilhão.
Isso, meus amigos, dá por volta de 3% do lucro líquido da empresa em 2022.
Acho que vocês já entenderam onde eu quero chegar neh? Será que 3% de lucro a menos realmente faria tão mal assim à empresa?
Essas demissões realmente eram necessárias? 12 mil famílias sem seu sustendo, com menos acesso à saúde, alimentação de qualidade, educação etc.
Tudo isso para que? Para que bilionários se tornem trilionários e o capital se concentre ainda mais.
E o que a Dialética Materialista tem a ver com isso?
De forma bem, mas bem simplificada: a dialética materialista é uma teoria filosófica que foi desenvolvida por Karl Marx e Friedrich Engels no século XIX.
Segundo a dialética materialista, os trabalhadores vendem sua força de trabalho para os empresários, que usam essa força de trabalho para produzir e obter lucro. Nesta relação, os trabalhadores têm interesses opostos aos dos empresários. Os trabalhadores querem salários mais altos, condições de trabalho mais seguras e mais tempo livre, enquanto os empresários querem lucro máximo, o que pode ser alcançado diminuindo os salários dos trabalhadores e aumentando a produtividade.
Essa é a questão quando falamos da Dialética Materialista, essas demissões não eram necessárias, não estamos numa crise de fato, e o motivo delas terem acontecido é um só: Com mais pessoas na rua, sem trabalho, é muito mais fácil diminuir salários e aumentar o lucro. A pessoa precisa trabalhar, pagar as contas e, se antes ela estava ganhando U 12 mil e uma outra empresa chega oferendo U 8 mil ou U$ 9 mil, que escolha esse profissional tem senão aceitar? E quando você chega para seu chefe e pede um aumento logo vem a justificativa: não posso aumentar os salários, tem muita gente na rua querendo o seu emprego...
E você, com medo de entrar na estatística, resolve trabalhar por dois, e se nutre daquela sensação de não estar crescendo na carreira, daquela cobrança infinita: “Preciso estudar mais... preciso trabalhar mais... Não tenho tempo para curtir a vida... Meu patrão me cobra de mais... Estou tendo um burnout...”.
Porém meus caros, quando você consegue perceber a dinâmica capitalista do nosso mundo você logo chega à conclusão de que todos esses pensamentos e essa ansiedade existem com um único intuito: deixar os ricos mais ricos! É a Dialética Materialista na sua cara!
E vocês, o que acham? Concordem ou discordem, me deixem saber!
Fontes:
Lucro do Google: https://www.seudinheiro.com/2023/empresas/alphabet-google-resultado-quarto-trimestre-2022-ccgg/
Demissões da Meta: https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2022/11/12/cerca-de-metade-de-demissoes-da-meta-foram-na-area-de-tecnologia-dizem-executivos.ghtml
Demissões das Big Techs: https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2023/01/31/big-techs-demissoes-2023-setor-tecnologia.ghtml