Resumindo, a idéia marxista é que sempre exista um conflito, uma luta, uma revolução. A pessoa desagradavem que Marx era é refletida nessa ideologia, onde não existe mundo aceitável, precisamos estar em uma eterna revolução que só leva a lutas e mais lutas sem fim. Para Marx é necessário que exista um grande inimigo a ser combatido, começando no dono da maior corporação, depois para uma menor e menor até o dono da mercearia da esquina e assim por diante. Eu sou um pouco suspeito para falar pois li e estudei um péssimo livro chamado "Manifesto Comunista" que não sugiro a ninguém ler. Lá Marx escreve sobre a sua visão de mundo e o objetivo que tinha com as suas ideias: criar uma revolução sem fim rumo a um mundo ideal. Isso de inicio é lindo, um mundo onde não existe desigualdade, chefe e nem ricos.
A dialética marxista tem um viés muito marcante: todo e qualquer lucro é exploração. Para Marx o lucro deveria ser dividido igualmente entre todos os colaboradores, independente dos seus esforços. A visão de mundo onde o empregado não é apenas uma peça é muito bonita e é exatamente o que ocorre. Eu não concordo com a ideia de o empregado ser apenas uma peça ou um número, até porque isso seria levar uma ideia ao extremo, a tornando em uma ideologia, que é exatamente o que Marx fez, só que para um lado contrário.
Na visão da empresa, que é inanimada e guiada por decisões externas, o empregado é uma ferramenta. Mas na visão de seu dono não é assim. Pode até não parecer, mas os donos de empresas são pessoas também, que tem visões de mundo, opiniões, valores, objetivos e etc. Existem muitos empresários ruins e desagradáveis e esses sempre acabam se dando mal, mas a maioria não tem essa visão. Porém, quando as suas decisões afetam muitas pessoas, isso significa que muitas pessoas serão afetadas de forma negativa, que óbviamente gerará descontentamento.
A manutenção da empresa é importante não apenas para a empresa, mas também para os próprios funcionários. Mesmo após a demissão de 12 mil funcionários a Google continua tendo mais de 178 mil funcionários, essas demissões corresponderam a 6,3% dos funcionários da empresa, que é muito, mas nem se compara com os outros 96,37% que continuam empregados. Quando se trata de um número massivo de pessoas é inevitável falar em números, mas com certeza essas pessoas não saíram de uma empresa como a google com as mãos abanando, no mínimo elas saíram com uma empresa como a Google em seus currículos, que pode conceder um emprego fácil na área de tecnologia hoje em dia.
A ideia de que startups não conseguem competir com Big Techs é uma meia verdade. Óbviamente startups não vão conseguir bater de frente com uma empresa super consolidada, o que é normal, mas elas tem uma coisa que as Big Techs não tem: uma altíssima adaptabilidade ao mercado
(veja que mercado não é um deus como em ideologias liberais, é apenas a tendência de investimentos de um determinado momento econômico. Por exemplo, em momentos como a pandemia de 2020, os investimentos estiveram voltados para a tecnologia, portando o mercado estava voltado para a tecnologia. No final do dia tudo são relações humanas). Caso o mercado se volte mais para Inteligências Artificiais, uma startup consegue rapidamente mudar o seu modelo de negócio, coisa que uma empresa como a Meta por exemplo não consegue fazer do dia para a noite.
É por isso que as Big Techs costumam tomar duas estratégias quanto a essas variações no mercado: investir em inovação ou comprar startups. O Google é o maior exemplo disso, na compra do Youtube em 2006, quando mal pensávamos em vídeos e streaming via internet. Relações entre empresas e trabalhadores são muito complexas, mas no final o dono sempre vai fazer de tudo em prol da empresa, não do empregado, o que não é nenhuma coisa errada. Isso desde a pequena mercearia da esquina até a maior das Big Techs.
O que nós vemos hoje como Big Techs no passado eram startups, o Google foi assim, Facebook, Netflix, Spotify e por aí vai. Nem toda startup vai ser tornar uma Big Tech, mas isso não quer dizer que elas não tem lugar no mercado. Muitas fecham pois inicialmente uma empresa sempre dará prejuízo para o seu dono, começar uma empresa nunca é fácil. Mesmo assim muitas conseguem se manter e crescer, os melhores exemplos disso são a Tesla e SpaceX que já chegaram quase a falência várias vezes antes de crescerem e darem lucro de fato. O fator que faz com que muitas startups não consigam competir muitas vezes é o nicho, que chance tem uma nova plataforma de compartilhameto de vídeos em competir com o Youtube? Se mudar o nicho de vídeos num geral para outro que tenha menos concorrentes irá crescer dentro desse nicho e normalmente é assim que empresas pequenas conseguem competir com empresas grandes, não batendo diretamente de frente. É como pensar em uma pequena mercearia e um supermercado, a mercearia não consegue bater de frente, mas consegue estar mais perto dos clientes.
O que a dialética propõe é que haja uma quebra nessas relações humanas dentro de empresas. Onde o funcionário precisa ver o seu chefe como um inimigo a ser combatido, daí vem a consciência de classes, a luta de classes, o socialismo, o comunismo e etc. A dialética marxista propõe o embate entre patrão e funcionário, o que favorece apenas os que se aproveitam de tais ideias, sindicalistas e afins. Talvez você não acredite que o dono de uma empresa de 50, 100, 200 pessoas seja um explorador, mas em uma óptica marxista ele é.
O grande problema de ver relações de trabalho como relações exploratória é o tanto de fatores que não são levados em conta. Um deles é o que citei, onde existe vida após uma demissão. Empresas grandes demandam decisões grandes por parte dos acionistas e causam insegurança em alguns empregados, mas é um trade off, você tem mais insegurança no trabalho mas o ganho é muito maior, o fato é, que para alguém capaz de conseguir um emprego em uma empresa desse porte, tem a possibilidade de escolher onde quer trabalhar em empresas menores.