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Transformado o Caos em Ordem: Minha Experiência e Desabafo do Exército Brasileiro

Sou um Engenheiro de Software e, atualmente, estou cumprindo com o serviço militar obrigatório.

Sinceramente, estou profundamente angustiado e agoniado pois, mesmo possuindo grandes habilidades e conhecimentos em diversas áreas do conhecimento, principalmente no quesito da área tecnológica (não se limitando somente a programação), simplesmente sou forçado a conviver em diariamente em um ambiente onde essa expertise e completamente ignorada, serio.

Mesmo sendo um ambiente hostil, totalmente contrário ao que estava acostumado, implementei e continuo implementando melhoras tecnológicas significativas na OM (Organização Militar). Uma das mais significativas e que, de maneira recente foi um grande alívio, foi a modernização do servidor de arquivos interno da OM.

Basicamente, quando eu entrei, esse servidor foi feito utilizando-se o Ubuntu Desktop 16.0 que foi insalado em um HD de 2TB, ao qual, foi particionado em 500GB (para o sistema operacional) e 1.5TB para o servidor de arquivos. O servidor era um pacote defasado que servia os arquivos na rede através do SMB 1.0, o que trazia uma grande lentidão no momento de gerenciar os documentos. Para ter uma ideia, para copiar os arquivos desse servidor para Backup, levou 2 dias inteiros para que a copia de mais de 350GB de arquivos fosse completada mas, quando montei o novo servidor, levou apenas 2.5 horas para ser concluído.

Eu refiz o servidor do zero. Reuni os melhores componentes, os melhores HDs disponíveis (2 de 2TB da Seagate) e montei tudo de uma maneira bastanate interessante. Instalei o TrueNAS Scale em um HD de 1TB que tinhamos e configurei toda a estrutura de diretórios novamente. Os dois HD de 2TB utilizei o modo "Mirroring" para garantir a integridade dos dados justamente para que a rede não fosse perdida em eventuais problemas (pois a OM fica meio que no meio do mato, ou seja, recentes quedas de energia são frequentes). Após configurar tudo, assim como mencioei antes, migrei os arquivos para o novo servidor onde o processo levou apenas 2 horas mais ou menos para ser totalmenet concluída. E lá estava ele, um servidor de arquivos de respeito e profissional (ainda mais considerando o que eu tinha a minha disposição) em relação ao antigo "servidor" de arquivos.

Recebi uma Menção Elogiosa do Sub da Seção de Informática ao qual faço parte, além do elogio e incentivo dos demais superiores da minha Seção, incluindo o antigo Sub que foi transferido de OM; todos me deram "Carta Branca" para proseguir com essa ideia. E estou até agora muito satisfeito com essa menção, ainda mais por causa dos meus pais, porém esse "Mar de Rosas" acaba por ai mesmo. Recentemente tivemos a visita de um novo General da nossa RM e, nesse dia, uma queda dupla e seguida de energia fez com que um dos HDs de 2TB (que eu não mencionei e nem vou entrar em muitos detalhes mais também existia) tivesse todos os seus dados corrompidos (operava em modo "Stripe" por causa do PC aguentar apenas 4 HDs, ou seja, não tinha outro para reparar ele); além de que um dos HDs de 2TB do servidor de arquivos tinha sido corrompido também mas por causa do "Mirroring" ele conseguiu ser reparado com sucesso. Traduzindo a história, eu literalmente salvei mais de 350GB de arquivos de serem completamente perdidos e... nada, absolutamente nada, eles nem sabem disso e, mesmo se soubessem pouco se importariam pois eu sou epenas um "Recruta", alguém discartável... mas se fosse um "Antigo", eu seria um heroi, isso que mais me causa ira.

Há Antigos que reconhecem os meus feitos, reconhecem meus conhecimentos, reconhecem minhas capacidades, o que consigo fazer e isso me alegra, mesmo que escassos e ínfimos. A ironia do destino eu que nem era para eu estar na Seção de Informática, não mesmo... era para eu estar no Pelotão de Obras (PO), simplesmente me descartariam, assim como fazem hoje em dia, como seu eu apenas seguisse as ordens, "algo" descartável, sem reconhecimento; se eu não estivesse lá, deixasse a minha ira triunfar sobre o minha razão, sobre a minha vontade de fazer o bem e de trazer a inovação, esses arquivos seriam simplesmente aniquilados. E sabe o que me causa mais repulsa a cada dia que passa? A minha Menção Elogiosa... repito, Menção Elogiosa, mesmo sendo um "Recruta", onde nenhum Antigo que está a mais tempo que eu se quer sonhar em ganhar, de um belo texto elogioso do Sub para a minha pessoa, descrevendo a grandiosidade da minha ideia foi simplesmente reduzida a misseras 5 palavras, simplesmente ditas ao vento; ignoradas, pronunciadas de uma maneira pobre, sem vida, sem ênfase, sem orgulho por um Antigo. Minha ira foi grande, assim como a indignação do Sub por tão poucas palavras e tão pouco valor. Deus me perdoe, mas a cada dia que passa o ódio aumenta e meus pensamentos ganham força; temo isso. Enquanto atos de Disciplina e Punição são anunciados com bom e claro tom, uma conquista, algo importante, algo transformador é anunciado de forma banal.

Sinceramente, o lugar onde estou não merce um pingo de quem sou, dos meus conhecimentos. Alguém que assumiria um cargo de extrema importância, em uma grande empresa pelos seus feitos, teve essa oportunidade tomada a força, jogada no lixo, planos arruinados, sendo substituidos por humilhação, banalidades fúteis, com habilidades e conhecimentos ignorados, descartados; sendo mandado para o PO, assumido posição na Informática por má vontade, julgado como incapaz, trouxe a inovação, algo majestoso, um milagre e continua sendo atirado, humilhado, julgado por invejosos que sua única diversão é aproveitar o serviço obrigatório pois, fora deste lugar não possuem nada; pobres de alma, pobres de pensamento. O meu coração grita por vingança, grita para fazer tudo ir para os ares, mas não o faço, trago o bem, desejo o melhor para aqueles que desejam realmente a mudança, não somente daqui, mas de tudo.

Há grandes talentos disperdiçados, mofando e morrendo nas mãos de uma entidade que não as mereçe, não os reconhece, Anjos com suas asas cortadas, acorrentadas, forçados a servir, cegados por aqueles que nada podem ser. Que sejam libertos, que seus sonhos prosperem, tomem a libredade de suas asas e voem para longe dos homens que os invejam, pois deles é o Mundo, pois vençeram suas angústias e trouxeram a verdade e o progresso aos necessitados.

Posso ser jovem, posso ter grandes conhecimentos, posso ter nada, posso ter tudo, mas disso eu tenho a certeza... o bem e a razão devem triunfar, mesmo quando não a merecem. Precisava contar isso a alguem e, se você estiver passando por isso, sabia que o Mundo é grande e que, a grande maioria deles o invejam pois não podem voar além das limitações de seus pensamentos.

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Não espere reconhecimento dentro do militarismo, pois ele não existe pra isso, não é a prioridade dele e muito menos o compare com o que ocorre longe das fileiras da instituição que você integra. Os valores defendidos são outros, como o "senso de dever", que nada mais é você empregar seus esforços e conhecimentos simplesmente porque "é o correto a ser feito", mesmo que isso não lhe devolva nenhum reconhecimento ou recompensa.
Militares trabalham com um único resultado em mente: o cumprimento de sua missão, seja qual ela for, e esse resultado já deveria os satisfazer.

~ Eu mesmo

Feita a introdução, vamos aos fatos: nenhuma instituição baseada em hierarquia e disciplina se compara ao que é praticado EM QUALQUER LUGAR que esteja dos seus portões para fora, então não adianta comparar. Não vou entrar no mérito do certo ou errado, mas sim do ter ou não ter perfil para viver esse "mundo" separado.

Logicamente que tais instituições não sobreviveriam sem seus técnicos e especialistas, principalmente em tempos de paz, porém todas elas são moldadas a "se manter" mesmo com a ausência de qualquer integrante. Do atirador ao general, todos são números e substituíveis, e isso não está errado. Isso impede que o Exército, por exemplo, seja dependente de uma mão de obra específica, como acontece com empresas comuns com seus funcionários indemissíveis.

Logo, pertencer a uma instituição militar não é fácil e exige características distintas de quem se presta a estar lá, como esse desprendimento de reconhecimentos, elogios, "tapinhas nas costas"... Isso não vai acontecer e você precisa estar OK com relação a isso para suportar estar lá. Se for fazer algo, faça por si, pelo seu propósito individual ou porque é sua missão entregar uma Telemática melhor do que quando você chegou, também faz bem. Contribua por onde passar, sempre que possível.

Poderia ser diferente? Poderia. Seria melhor? Talvez sim, talvez não.

Sou dev em uma dessas instituições e também entreguei mudanças significativas através do uso do meu conhecimento. As faculdades, cursos, especializações, pós graduações... todas saíram do meu bolso. Mas não faço pelas pessoas que deixam de reconhecer, muito menos pelas que criticam. Eu faço pelas pessoas que são impactadas positivamente em cada ideia que coloco em prática e pelo meu crescimento pessoal.

Digo mais, parabéns pelo que tem feito! Tenho certeza que o que relatou é 1% do que fez e da sua capacidade. Precisamos de pessoas como você para a peteca não cair... Ela não é de um ou de outro oficial ou praça, mas sim nossa.

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Compreendo perfeitamente o seu desabafo, e obrigado por partilhar a sua experiência connosco. Li o seu relato com atenção, e inicialmente senti uma grande empatia pela sua situação. É fácil sentir a frustração e a indignação nas suas palavras, e reconheço que a sensação de não ser valorizado, especialmente quando se tem tanto para oferecer, é profundamente desmotivadora.

Contudo, permita-me oferecer uma perspetiva um pouco mais... digamos, realista. "Calma aí, jovem". É verdade que modernizar um servidor de arquivos e otimizar processos é uma contribuição valiosa, e é ótimo que tenha recebido reconhecimento por isso, mesmo que este tenha parecido, no final, insuficiente. Mas, na vasta realidade do Exército Brasileiro, configurar um servidor de arquivos, é completamente insignificante.

E mais, jovem, esta sensação de desvalorização e falta de reconhecimento não é exclusiva do ambiente militar. Bem-vindo ao mundo real, ao "mercado", ao ambiente corporativo! Acredite, a experiência que está a viver no Exército, com as suas frustrações e reconhecimentos aquém do esperado, ecoa da mesma forma em outros setores e empresas.

Deixe-me partilhar uma breve história pessoal para ilustrar este ponto. Há mais de 10 anos, quando o marketing online ainda estava a dar os primeiros passos e o tráfego pago começava a ganhar relevância, eu era apenas um dev jr na que era à época a maior agência de marketing digital do país. Além das minhas atribuições, descobri num tutorial do YouTube a possibilidade através de uma API do Photoshop automatizar a criação de peças de arte dos anúncios com base na segmentação de público.

Na minha ingenuidade e curiosidade, implementei essa automação. O resultado? Economizei literalmente milhões de reais por ano para a empresa, apenas em horas de trabalho de designers. E o reconhecimento que recebi? Uma "plaquinha de reconhecimento do diretor". Uau.

O ponto, jovem, não é minimizar a sua frustração ou o seu esforço. É sim, alargarmos um pouco a sua perspetiva. Talvez, neste momento, o Exército Brasileiro, nesta fase específica da sua experiência, não mereça totalmente o seu talento e a sua capacidade. Mas talvez, e digo talvez, o contrário também não seja verdade. Talvez o Exército, com as suas limitações e peculiaridades, seja um campo de aprendizagem valioso, um terreno fértil para o desenvolvimento da sua resiliência, da sua capacidade de inovação sob pressão e principalmente da sua humildade.

A sua indignação é válida, mas lembre-se, o valor de uma conquista não reside apenas no elogio público ou na menção honrosa. O verdadeiro valor reside na sua capacidade de transformar o caos em ordem! Com o tempo, percebe-se que a maior recompensa não é a "plaquinha", mas sim a satisfação de saber que fez a diferença.

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Obrigado mesmo, suas palavras acalmam o coração e os pensamentos. Realmente, a sensação é horrenda, mas o fato de eu ter os ajudado me faz lembrar o porquê eu fiz isso, para ajudar, nada mais, nada a menos. Isso será um presente eterno, um exemplo aos superiores e subordinados que servem e servirão.