Compreendo perfeitamente o seu desabafo, e obrigado por partilhar a sua experiência connosco. Li o seu relato com atenção, e inicialmente senti uma grande empatia pela sua situação. É fácil sentir a frustração e a indignação nas suas palavras, e reconheço que a sensação de não ser valorizado, especialmente quando se tem tanto para oferecer, é profundamente desmotivadora.
Contudo, permita-me oferecer uma perspetiva um pouco mais... digamos, realista. "Calma aí, jovem". É verdade que modernizar um servidor de arquivos e otimizar processos é uma contribuição valiosa, e é ótimo que tenha recebido reconhecimento por isso, mesmo que este tenha parecido, no final, insuficiente. Mas, na vasta realidade do Exército Brasileiro, configurar um servidor de arquivos, é completamente insignificante.
E mais, jovem, esta sensação de desvalorização e falta de reconhecimento não é exclusiva do ambiente militar. Bem-vindo ao mundo real, ao "mercado", ao ambiente corporativo! Acredite, a experiência que está a viver no Exército, com as suas frustrações e reconhecimentos aquém do esperado, ecoa da mesma forma em outros setores e empresas.
Deixe-me partilhar uma breve história pessoal para ilustrar este ponto. Há mais de 10 anos, quando o marketing online ainda estava a dar os primeiros passos e o tráfego pago começava a ganhar relevância, eu era apenas um dev jr na que era à época a maior agência de marketing digital do país. Além das minhas atribuições, descobri num tutorial do YouTube a possibilidade através de uma API do Photoshop automatizar a criação de peças de arte dos anúncios com base na segmentação de público.
Na minha ingenuidade e curiosidade, implementei essa automação. O resultado? Economizei literalmente milhões de reais por ano para a empresa, apenas em horas de trabalho de designers. E o reconhecimento que recebi? Uma "plaquinha de reconhecimento do diretor". Uau.
O ponto, jovem, não é minimizar a sua frustração ou o seu esforço. É sim, alargarmos um pouco a sua perspetiva. Talvez, neste momento, o Exército Brasileiro, nesta fase específica da sua experiência, não mereça totalmente o seu talento e a sua capacidade. Mas talvez, e digo talvez, o contrário também não seja verdade. Talvez o Exército, com as suas limitações e peculiaridades, seja um campo de aprendizagem valioso, um terreno fértil para o desenvolvimento da sua resiliência, da sua capacidade de inovação sob pressão e principalmente da sua humildade.
A sua indignação é válida, mas lembre-se, o valor de uma conquista não reside apenas no elogio público ou na menção honrosa. O verdadeiro valor reside na sua capacidade de transformar o caos em ordem! Com o tempo, percebe-se que a maior recompensa não é a "plaquinha", mas sim a satisfação de saber que fez a diferença.