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Um vírus está tomando conta da internet (e talvez sua vida)

Vamos começar pela definição. O que é um vírus?

ví . rus

sub. masc.

  • Grupo de agentes microscópicos que causam vários tipos de infecções e se reproduzem somente no interior da célula hospedeira.
  • Programa que, independentemente da autorização do usuário, se instala em computadores, causando efeitos ou danos dos mais variados tipos.
  • Perversidade moral de teor patológico que consegue contagiar: o vírus da preguiça o impede de viver.

Todos daqui.


Há alguns meses atrás, um amigo tem me mostrado que existia um bot que ficava criando vídeos sobre um determinado assunto, com musiquinha, imagens, até cenas curtas, tudo com IA, e no final pegava esse vídeo e subia no TikTok. Todo automático, sequer precisava de alguma iteração do usuário (somente a configuração inicial). Você definia os tópicos (ou não, deixava ele pegar as trendings na internet) e botava pra rodar. Todo dia ele pegava um assunto, gerava o vídeo e postava no seu TikTok.

Alguns canais, se é assim que devo chamar, estavam ganhando bastantes curtidas com conteúdos aleatórios. Alguns falavam de carros, outros de programação. Coisas misturadas, sempre tinham a mesma pegada os vídeos.

Eu fui nos comentários, e curiosamente não tinha um comentário real lá. Quero dizer, não eram pessoas comentando, mas eram publicações como Nice post!, Good job!, This is interesting!, a maioria em inglês, mas alguns em português, sempre falando coisa do tipo. Alguns até duplicavam o conteúdo do outro, outros mandavam vários comentários de uma vez, nunca algo similar ao outro. Tenho percebido estes comportamentos no Instagram quando ainda tinha ele.

Escrevo este texto em primeira pessoa, contando uma história. Pessoalmente, me afastei de todas as redes sociais, mas ainda permaneci no X (aka. Twitter) e de vez em nunca dou uma passada no LinkedIn. Eu já fui uma pessoa de me socializar e comentar mais em redes sociais, já tive Instagram e Facebook.

No X isso é infestado de coisas "automáticas". Varia muito do inferno de criptomoedas para o mercado de prostituição digital. Nada que tenha me incomodado a ponto de abandonar também, mas hoje reparei isso:

post do X

É claramente uma publicação de pishing, mas não é este o ponto: agora começaram a usar IA para gerar os designs, o corpo do anúncio e quem sabe até a conta.

No LinkedIn também percebo isso. Você encontra os mesmos tipos de comentários em publicações, mas nestes dias encontrei algo pior, disponível neste link aqui.

É difícil explicar com palavras, mas eu fiz o trabalho de baixar o vídeo para você.

Agora vamos para o que interessa e sobre o que quero falar aqui: a teoria da internet morta, o que começou como uma conspiração e está se tornando algo real e preocupante.

Basicamente, ela explica que,

A teoria da Internet morta é uma teoria da conspiração online que afirma que a Internet agora consiste principalmente de atividade de bots e conteúdo gerado automaticamente, manipulado por curadoria algorítmica, marginalizando a atividade humana orgânica.

E estou vendo isso acontecer na prática.

Não posso afirmar que são para todas situações, mas em vários lugares a IA já tomou conta da internet e está se espalhando rapidamente para mais "assuntos". A IA já está presente em quase tudo onde não foi convidada, até mesmo sistemas operacionais, situações onde não resolvem problemas mas criam eles.

Recentemente, a OpenAI apresentou a Sora, um modelo capaz de criar vídeos surreais a partir de palavras. Uma ferramenta e instrumento extremamente perigoso na mão de pessoas com má intenção.

As IAs generativas são o vírus. O trabalho dela é impressionante, até assustador, com o uso correto pode ajudar a evolução humana, até mesmo no futuro curar doenças, mas com um poder tão grande para o bem, ele também existe à ser usado para o mau, para o comodismo, para a doença, para as pessoas fazerem coisas ruins.

Não podemos regular ou banir a IA. Isso é ineficaz e não resolve o problema dela. Sinceramente eu desconheço uma solução se não começar a abandonar a internet também. Existem alguns lugares na internet onde pessoas reais curam o conteúdo e conversam com pessoas reais. Estes lugares existem regras e pessoas reais definem regras.

A internet foi criada por pessoas reais. Será que a internet será assassinada por máquinas que fingem ser pessoas?

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Num mundo das histórias de ficção científica, sempre imaginamos os robôs como entidades físicas, seres de metal que caminham entre nós com olhos vermelhos cintilantes, prenúncios de uma ameaça tangível. Esse imaginário popular, nos distraiu da verdadeira insurgência que não se manifesta em corpos de aço, mas como entidades incorpóreas, os bots, como muito bem discutido, controlando silenciosamente cada aspecto da vida moderna.

As escolhas que acreditávamos ser fruto de nossa livre vontade agora parecem estar cada vez mais orquestradas por linhas de código. A inteligência artificial generativa, esse novo marco, representa apenas mais um passo nesse longo caminho já trilhado em direção à soberania das máquinas sobre todos os aspectos da sociedade.

Essa inevitabilidade poderia ser percebida como uma evolução natural, talvez até desejável, não fosse por uma falha crítica em seu fundamento: a concentração de poder. A web, encontra-se agora em mãos de um oligopólio digital. Se hoje vemos o Google como uma entidade de poder quase incomensurável, é impossível não imaginar o que será da OpenAI ou seja lá quem dominar esse mercado daqui a 15 anos. A fusão entre IA e web, que deu origem aos GPTs e similares longe de ser uma sinergia, revela-se uma distopia onde a inovação e o controle estão enclausurados nas torres de marfim de cinco grandes corporações. Muito perigoso.

A web e, por extensão, a inteligência artificial generativa, tornaram-se os novos despotismos, controlados por poucos e com o poder de moldar a realidade de muitos. Se não enfrentarmos este desafio com a mesma determinação e visão que inspiraram as grandes revoluções do passado, podemos nos encontrar vivendo o pior tipo de distopia: uma em que somos escravos não de governantes tirânicos, mas de algoritmos implacáveis e de suas corporações soberanas.

O desafio que enfrentamos é monumental, mas não sem precedentes. Desde a resistência contra tiranias até a luta por direitos civis e liberdades fundamentais. Seja enfrentando exércitos opressores, superando crises econômicas profundas ou desmantelando sistemas de injustiça profundamente enraizados, a história mostra que, quando pressionados, podemos mobilizar forças extraordinárias para proteger e avançar nossa condição coletiva.

A necessidade de uma revolução na sociedade, portanto, não é apenas uma questão de preferência ou de conveniência; é uma questão de sobrevivência. Assim como as revoluções que redefiniram sociedades e épocas anteriores, a revolução contra o domínio da web e da IA generativa precisa ser audaciosa. E essa revolução precisa ser rápida, pois a janela de oportunidade para desviar do caminho em direção à distopia tecnológica se fecha com cada segundo que passa.

Se não agirmos com rapidez e determinação, nos encontraremos em um futuro, onde cada aspecto da vida humana é monitorado, analisado e controlado por sistemas computacionais de uma ou duas empresas. Este não é um cenário de ficção científica; é um prognóstico baseado na trajetória atual da nossa relação com a tecnologia. Se não lutarmos agora, corremos o risco de entrar em uma distopia da qual poderemos não escapar por milênios.

A história nos mostra que movimentos sociais organizados têm o poder de derrubar estruturas de poder arraigadas como a escravidão nos EUA, ou a monarquia na Russia. A capacidade de mobilizar a sociedade para promover mudanças significativas é uma força poderosa, demonstrada tanto para o bem quanto para o mal. Se figuras como Hitler e Mao puderam convencer uma nação inteira a seguir um caminho de conquista e destruição, então certamente podemos encontrar e apoiar líderes capazes de unir a sociedade na luta contra os monopólios da IA e da web.

Não podemos regular ou banir a IA

Por que não?

A regulação de indústrias que dominaram a economia, como energia e telecomunicações, oferece um precedente valioso para o debate sobre a regulamentação da inteligência artificial e de outras tecnologias emergentes. A história nos mostra que a regulação de setores críticos é não apenas possível, como necessária. Embora tenhamos demorado para agir diante do poder das gigantes de tecnologia, reconhecemos agora a urgência de agir. A Europa está demonstrando liderança nesse aspecto, adotando medidas progressivas para regular o poder das big techs e consequentemente da inteligência artificial.

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Será que a internet será assassinada por máquinas que fingem ser pessoas?

Sim, e não estamos muito longe disso, já vi algum dado que a maioria do conteúco gerado hoje na internet já é feito por IA.

Logo a internet vai virar um monte de IA interagindo umas com as outras e vai continuar assim enquanto der dinheiro.

Sinceramente eu desconheço uma solução se não começar a abandonar a internet também

Você viu algum anunciante se recusar a renovar contrato por conta disso?

Enquanto a plataforma continuar ganhando dinheiro não vai fazer nada. As pessoas continuam assistindo então de nada impacta as receitas.

Só vai ser tomada alguma atitude quando isso realmente começar a custar dinheiro

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Quando menciono abandonar a internet eu falo no sentido pessoal, pois dia-a-dia ela está perdendo a relevância que tinha para mim. Profissionalmente ainda dependo dela, mas é algo que quando termino de trabalhar e nem quero mais olhar para uma tela no dia.

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Cara que post sensacional! Ler isso me trouxe muitos pensamentos... sempre gosto de pensar em pelo menos 2 perspectivas, ou ver os 2 possíveis "lados" de uma argumentação. Nesse caso, consigo enchergar 2 coisas:

Primeiramente penso sobre o futuro desse tipo de ferramenta. É um fato, as IAs generativas estão dominando o mundo. E não apenas isso, estão tentando enfiar IA em tudo. A Microsoft é a prova viva disso; eles simplesmente inseriram o GPT em todas as ferramentas e soluções. Imagino como uma diretiva da diretoria pra os times internos "vocês precisam inserir a IA nas ferramentas que desenvolvem de alguma forma". Mas não só a MS, podemos ver isso em todo lugar. Com isso, fico pensando o sobre o nosso futuro como pessoas na sociedade e o impacto disso tudo nas nossas vidas. Chegamos ao ponto de usarmos IA para desenvolver algorítimos de marketing e virais que são reconhecidos e feitos para serem melhor divulgados pela IA do outro lado (Instagram, TikTok). Esse tipo de conteúdo acabará sendo o tal do "sucesso sem relevância", pois toda vez que estiver rodando o feed de stories no instagram aparecerá esse tipo de anúncio (em teoria), mas ele foi feito pra isso mesmo, aparecer!

Ao mesmo tempo, e em segundo lugar, penso no outro lado da moeda. Cada vez mais os conteúdos de nicho e feitos de forma atenta aos detalhes serão escassos e caros. IAs são apenas computadores seguindo uma receita de bolo, dizendo de forma beeem rasa. Nem GPT, nem LLaMA e nem Gemini, nenhuma consegue criar algo do puro e unico nada. Nenhum desses modelos consegue ser criativo de verdade.

Sobre abandonar a internet, acho que isso não acontecerá kkkkk. Não estou dizendo que você não conseguirá abandonar, ou outras pessoas que queiram não conseguirão, mas sim que o mundo se tornará cada vez mais dependente dela (mais do que hoje, com certeza). Onde existem pessoas, existem opiniões e necessidades. Onde existem opiniões e necessidade, existe politica e negócios. Onde existe política e negócios, bem... o meio se torna indispensável e necessário.

Por fim, sobre a comparação aos vírus, não concordo. Não me condene, mas não vejo unicamente dessa forma. Pra mim as IAs estão mais para fungos. Biologicamente falando, virus são parasitas, sua principal finalidade é se reproduzir e de controlar o corpo o qual o carrega. Fungos por outro lado, tem como finalidade decompor e reciclar os componentes orgânicos na natureza.
No fundo, fazemos isso com as IAs. Na maioria dos casos apenas jogamos a "merda" pra elas processarem, mas nesse processamento só sai mais "merda". Porém existem os casos onde podemos dar bons nutrientes, um clima e vegetação específicos, e talvez conseguirmos colher algumas "trufas brancas".

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Muito interessante, obrigado pelo post cyp, é interessante ver que comentários baixo do meu parecem ser feitos por bots, pela fraca habilidade no resumo. Para mim é um insulto ser informado por bots/IA se fazendo passar por humano isso é fraude, para mim o correcto é a transparência, assim como nas msg "este site usa cookie para melhorar sua experiência" ou o que penso ser melhor as IA devem estar em plataforma própria para consulta voluntária.

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Eu te entendo perfeitamente, isso atinge tudo. Eu vejo as famílias sendo consumidas por telefones rolando tiktok. Se ao menos fosse conteúdo relevante O pior é que tem muita coisa inútil para ter aproveito uns 30 % o resto são conteúdos que fazem você repetir 10 vezes o vídeo para entender algo que teoricamente uma grande parte da população sabe. A Internet meio que não é culpada mas os seres humanos que fizeram armadilhas na Internet.

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