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Num mundo das histórias de ficção científica, sempre imaginamos os robôs como entidades físicas, seres de metal que caminham entre nós com olhos vermelhos cintilantes, prenúncios de uma ameaça tangível. Esse imaginário popular, nos distraiu da verdadeira insurgência que não se manifesta em corpos de aço, mas como entidades incorpóreas, os bots, como muito bem discutido, controlando silenciosamente cada aspecto da vida moderna.

As escolhas que acreditávamos ser fruto de nossa livre vontade agora parecem estar cada vez mais orquestradas por linhas de código. A inteligência artificial generativa, esse novo marco, representa apenas mais um passo nesse longo caminho já trilhado em direção à soberania das máquinas sobre todos os aspectos da sociedade.

Essa inevitabilidade poderia ser percebida como uma evolução natural, talvez até desejável, não fosse por uma falha crítica em seu fundamento: a concentração de poder. A web, encontra-se agora em mãos de um oligopólio digital. Se hoje vemos o Google como uma entidade de poder quase incomensurável, é impossível não imaginar o que será da OpenAI ou seja lá quem dominar esse mercado daqui a 15 anos. A fusão entre IA e web, que deu origem aos GPTs e similares longe de ser uma sinergia, revela-se uma distopia onde a inovação e o controle estão enclausurados nas torres de marfim de cinco grandes corporações. Muito perigoso.

A web e, por extensão, a inteligência artificial generativa, tornaram-se os novos despotismos, controlados por poucos e com o poder de moldar a realidade de muitos. Se não enfrentarmos este desafio com a mesma determinação e visão que inspiraram as grandes revoluções do passado, podemos nos encontrar vivendo o pior tipo de distopia: uma em que somos escravos não de governantes tirânicos, mas de algoritmos implacáveis e de suas corporações soberanas.

O desafio que enfrentamos é monumental, mas não sem precedentes. Desde a resistência contra tiranias até a luta por direitos civis e liberdades fundamentais. Seja enfrentando exércitos opressores, superando crises econômicas profundas ou desmantelando sistemas de injustiça profundamente enraizados, a história mostra que, quando pressionados, podemos mobilizar forças extraordinárias para proteger e avançar nossa condição coletiva.

A necessidade de uma revolução na sociedade, portanto, não é apenas uma questão de preferência ou de conveniência; é uma questão de sobrevivência. Assim como as revoluções que redefiniram sociedades e épocas anteriores, a revolução contra o domínio da web e da IA generativa precisa ser audaciosa. E essa revolução precisa ser rápida, pois a janela de oportunidade para desviar do caminho em direção à distopia tecnológica se fecha com cada segundo que passa.

Se não agirmos com rapidez e determinação, nos encontraremos em um futuro, onde cada aspecto da vida humana é monitorado, analisado e controlado por sistemas computacionais de uma ou duas empresas. Este não é um cenário de ficção científica; é um prognóstico baseado na trajetória atual da nossa relação com a tecnologia. Se não lutarmos agora, corremos o risco de entrar em uma distopia da qual poderemos não escapar por milênios.

A história nos mostra que movimentos sociais organizados têm o poder de derrubar estruturas de poder arraigadas como a escravidão nos EUA, ou a monarquia na Russia. A capacidade de mobilizar a sociedade para promover mudanças significativas é uma força poderosa, demonstrada tanto para o bem quanto para o mal. Se figuras como Hitler e Mao puderam convencer uma nação inteira a seguir um caminho de conquista e destruição, então certamente podemos encontrar e apoiar líderes capazes de unir a sociedade na luta contra os monopólios da IA e da web.

Não podemos regular ou banir a IA

Por que não?

A regulação de indústrias que dominaram a economia, como energia e telecomunicações, oferece um precedente valioso para o debate sobre a regulamentação da inteligência artificial e de outras tecnologias emergentes. A história nos mostra que a regulação de setores críticos é não apenas possível, como necessária. Embora tenhamos demorado para agir diante do poder das gigantes de tecnologia, reconhecemos agora a urgência de agir. A Europa está demonstrando liderança nesse aspecto, adotando medidas progressivas para regular o poder das big techs e consequentemente da inteligência artificial.

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