Interessante reflexão! Realmente, a IA está transformando o panorama da programação, mas não da forma que muitos imaginam. A questão não é que a IA vai "substituir" o programador, mas que ela vai transformar as ferramentas e linguagens que usamos.
Se pensarmos no passado, substituímos a programação em assembly por linguagens de alto nível como JS e Python, mas isso não acabou com a necessidade de programadores — apenas mudou a forma como trabalhamos. Hoje, escrevemos em Python para abstrair a complexidade de linguagens mais baixas, mas ainda temos que entender o problema e moldar a solução.
O mesmo vai acontecer com a IA: ela vai nos dar uma "linguagem de programação" mais poderosa, possivelmente em linguagem natural, onde ao invés de escrever cada detalhe, diremos à máquina o que queremos que aconteça.
Hoje, trabalhamos com linguagens como Python e JavaScript, que nos permitem estruturar e detalhar o que o sistema deve fazer, linha por linha, função por função. Mas, no futuro, essas linguagens de script serão substituídas por uma nova geração de ambientes onde diremos ao sistema o que queremos alcançar, e ele será capaz de descobrir o "como fazer" de forma independente. Em vez de criarmos prompts para gerar códigos intermediários, o próprio runtime será um ambiente que entende intenções em linguagem natural e gera instruções diretamente para o hardware.
No final, essa evolução apenas muda a nossa forma de expressar o código, mas a essência de "codificar" e resolver problemas complexos continua sendo nossa.
Porém, essa mudança não elimina a necessidade de programadores. Mesmo com um ambiente declarativo poderoso, o verdadeiro trabalho de mapear problemas complexos do mundo real para um conjunto de intenções que a máquina possa compreender continuará sendo essencial. Isso exige habilidades de lógica, entendimento de sistemas e visão estratégica — exatamente o que define um bom programador. Em outras palavras, a linguagem pode mudar, mas a complexidade de transformar problemas em soluções continuará exigindo a experiência humana.
O que vamos substituir são as linguagens de programação, não o programador.