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Sua carreira não depende da framework que você usa

Recentemente, tenho enfrentado um dilema um tanto quanto engraçado no trabalho. Lidero uma equipe de 15 a 20 desenvolvedores, e todos têm como principal stack o Angular 16-17, o que, pra mim, não é problema nenhum. A questão é que tanto a Diretoria quanto os acionistas querem a mesma coisa: migração total para Qwik.

Não vou entrar em detalhes por motivos óbvios de compliance, mas pude ver algo que não esperava: a grande maioria dos devs entende o motivo da mudança e diz estar preparada para utilizar essa nova stack. É verdade que o Angular é uma stack bem mais robusta e tem um tempo de carreira considerável, sendo até uma solução melhor que o React se você deseja empregos estáveis. Isso porque a abordagem do Angular difere muito das outras frameworks que usam o conceito de hidratação. Primeiro, vamos pensar que, estruturalmente, o Angular tem uma organização maior, mas, ao mesmo tempo, a camada de complexidade que ele insere é muito superior às outras frameworks: rxjs, zonejs, abordagem MVC (sim, Front-ender, isso existe, não é um bicho papão não).

Então, se você já está acostumado com Nest.js, parabéns, você aprendeu Angular sem nem saber, e já pode sair usando ele para criar aplicações complexas.

Mas e o Qwik? Qwik é o React num mundo em que os React Devs sabem fazer algo além de useEffect. Qwik tem uma abordagem simples e, ao contrário de todas as outras frameworks, ele usa a Resumabilidade, o que torna tudo mais leve, já que o bundle inicial é praticamente inexistente.

De qualquer forma, digamos que 80% da minha equipe está, no mínimo, "ok" com essa transição. Porém, os devs de nível mais sênior (todos são seniors) tentaram implementar Qwik por um ano inteiro e tiveram um péssimo resultado. Por quê? Simples. Usaram as abordagens que usam no Angular e não entenderam de fato o conceito do Qwik.

Por conta disso, agora estão um pouco receosos em tentar novamente (dessa vez comigo liderando o barco), e eu entendo. Porém, por outro lado, se eu seguisse esse pensamento, ainda estaria programando em PHP e jQuery...

Então, aqui vão meus 10 centavos na tua carreira: não fique preso em frameworks! Simples, né? Basicamente, entenda os conceitos das frameworks, e assim você terá a capacidade de sempre mudar de framework quando quiser, com uma baixa curva de adaptabilidade. Se você é aquele dev que chega e fala "Eu não sei mexer com Vue, só com React", mude para "Eu consigo mexer com Vue, apenas me passe a documentação", e sua vida será cada vez mais prazerosa.

E lembre-se: de nada adianta ser mais um dev React entre milhares e não se destacar. Agora, se você desenvolver a habilidade de se adaptar independentemente da framework, vai conseguir entrar em qualquer vaga que quiser.

Dito isso, pra você que está estudando programação: não pare.
Pra você que é júnior: continue.
Pra você pleno que está querendo matar seu PO: entenda os conceitos do que você utiliza no dia a dia.
E pra você sênior: saia da sua zona de conforto, senão logo você fica pra trás.

E, por último, não seja o tipo de dev que só programa no trabalho, a não ser que você queira ser medíocre a vida toda. Ame a programação, e você terá uma facilidade enorme em crescer de carreira.

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Eu sequer havia ouvido falar nesse framework. Já tirei um aprendizado daqui.

Então, aqui vão meus 10 centavos na tua carreira: não fique preso em frameworks! Simples, né?

Por um tempo eu (boa parte do meu tempo na verdade) eu fazia as coisas com Next.js, até as mais simples onde não precisava. Um exemplo é meu portfólio que é estático, mas utilize Next.js que vêm com uma porrada de coisas desnecessários para o uso atual... Neste ponto, para algo quase sem JavaScript, Astro seria bem melhor.

Acredito que é uma aversão a fazer coisas diferentes pois parecem coisas de outro mundo. Eu lembro de quando comecei e desisti umas 4 vezes mas ainda assim continuei, apesar de continuar errando, eu continuei e logo se tornou simples receber erros e buscar resolve-los, independemente do que fosse necessário fazer. O mesmo se aplica para tecnologias.

Isto me lembra as críticas ao PHP e Java, onde Java é taxado como desnecessariamente argumentativo, apesar de ser uma linguagem de baixo nível (não tanto quanto C ou Assembly, mas é) e PHP, bom, vocês devem saber.

Quando você falou em flexibilidade eu lembrei de um Mangá que eu li a um tempo atrás, cujo é a obra mais incrível que eu li na minha vida. Há uma reflexão relacionado a água e sua flexibilidade, onde a água se ajusta ao seu ambiente, mudando sua forma independemente da força externa que seja.

Para quem está interessado em saber, o nome da Obra é: Vagabond. Apesar do nome, não é uma obra sobre ser vagabondo, e sim uma obra que mistura um pouco de ficcção com o renomado Miyamoto Musashi, um espadachim muito famoso e respeitado no japão que viveu em um dos períodos mais sangnários do Japão, por volta de 1580, por ai.
A história acompanha a jornada de Miyamoto Musashi, também chamado de Takezo (era comum mudar de nome deliberadamente na época), onde ele enfrenta uma luta consigo mesmo e sua próprio ego criado por si mesmo ao longo da jornada, sempre refletindo sobre a natureza das coisas ao seu redor.

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Muito massa sua resposta!

E sim, acho que todo mundo já teve uma fase em que ficamos presos numa framework. Comigo, foi o NextJS e o Nuxt também. Por 4 anos da minha carreira, senti que não tinha avanço até decidir mudar isso de vez.

O que importa pra gente não é a habilidade de saber a sintaxe, e sim a abstração lógica perante os desafios que encontramos.

Você vai longe seguindo assim!

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Mas pras empresas o que importa é saber o Framework. Eu mesmo trabalhei com .NET, e resolvi tentar algumas coisas de Java e como não sabia muita coisa do ecossistema, só o necessário da linguagem e um pouco de springboot, eu era descartado, mesmo quando a vaga não exigia experiências necessariamente com java.

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Verdade também. Sempre vamos encontrar uma empresa que vai exigir como requisito conhecimento prévio em uma determinada framework. Para lidar com isso, eu costumo fazer o seguinte: realizo um projeto MVP (Minimum Viable Product) utilizando a framework da vaga que me interessa.

Com essa abordagem, já trabalhei com Vue, Angular, React, PHP, etc.

No entanto, essa estratégia exige que você tenha paciência para ler a documentação daquilo que pretende usar. Portanto, não é para qualquer um.

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Muito obrigado pelo texto, até um tempo atrás eu tinha essa visão medíocre de apenas programar no trabalho, trabalho com Laravel há 4 anos e ja tenho uma certa habilidade com PHP e tudo mais. Porém ultimamante tenho me aventurado em react, graphql e ruby on rails, descobri muita coisa bacana e descobri a facilidade que é trabalhar com frameworks com propostas diferentes, só muda sintaxe praticamente e alguns conceitos. Com ajuda de IA eu tenho entendido bem mais, faço perguntas complexas, leio documentação, vejo videos. Eu agora não me sinto mais inseguro para entrar em uma vaga com mais responsabilidades ou com framework diferente, depois que se aprende a ler documentação, fazer as perguntas certas e entender as respostas, tudo muda. O trabalho de programador é sempre estar atualizado, porque tudo mundo o tempo todo.