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Eu trabalhava integral em uma cidade, morava em outra e estudava em uma terceira. Tudo ônibus com horário, não tinha condições financeiras muito boas, estudava por fora ainda, tudo isso com problemas cognitivos. Faça o dever de casa para saber se eu consegui ser alguma coisa. Eu tinha aulas até 22:40 (exceto de sábado que era de manhã e tarde). Eu entrava às 8:00 no trabalho, menos de sábado que eu compensava durante a semana.

Tomei DPs em algumas matérias, tive que pagar de novo por elas, porque em alguns casos não conseguia atender tudo o que precisava, ou porque o professor se recusou dar uma substitutiva porque eu perdi o ônibus, ou porque eu tive falta demais por algo fora do meu controle, ou porque estava apaixonadinho pela menina do lado e não prestava atenção nas aulas, ou porque o professor é FDP, coisa que hoje quase não acontece mais porque eles tem medo de ser processado ou até ser demitido porque ele fez algo que algum floquinho de neve não gostou.

Tenho família desestruturada, mas a maior parte do tempo tive escola muito boa, ainda que causando danos psicólogos em mim porque tinha (verdadeiramente) uma pegada nazista. Tive ajuda profissional para me encaminhar nos piores momentos e quando vi que eu tinha algo que me impedia de progredir, mas eu me fortaleci mesmo sozinho, estudando humanas, mesmo sendo uma pessoa muito de exatas. Sou dá época que mal achava livro bom para comprar, ainda mais no interior, você não tinha a cesso à informações, qualquer informação de fora da cidade vinha da Globo, Tupi, Cultura e Bandeirantes (e o resto que tinha sobrado da Record). Verdade que todas as escolas eram melhores e os pais sabiam educar os filhos melhor do que acontece hoje, na média. As pessoas tinham tempo para contemplar tudo, não tinha uma vida em 2x, não tinham obstáculos que ela nem percebe o mal que está e vai fazer na sua vida.

Minha saúde está se esvaindo mais rápido do que a maioria das pessoas porque já nasci com problemas. Não consigo realizar tudo o que quero e poderia em condições normais.

Estou desabafando? Estou reclamando de algo? Não, eu estou fazendo o melhor que posso e ainda vou realizar meu maior sonho que é algo difícil, ainda mais quando chega certa idade. Eu t ive alguns privilégios.

Seria muito difícil fazer isso hoje, mas eu acho que eu conseguiria, ajudado pela experiência e ter mais facilidades (o ônibus ainda seria fundamental, mas ter o carro pra emergências seria um alento), e agora tenho o triplo da idade. Eu conseguiria fazer isso ganhando salário mínimo mais as despesas com a faculdade, se tiver além do ônibus (eu calculei, não é chute, mas eu não tenho família para sustentar, nem aluguel para pagar).

A falta de dinheiro nunca é um problema quando a pessoa tem a cabeça em ordem (o físico também), até porque isso faz gerar o dinheiro necessário para as pessoas legalmente capazes e até em alguns casos para as ainda incapazes com o mesmo critério. Hoje não pode, mas eu trabalhava em chão de fábrica em ambiente quase insalubre com 5 anos (é verdade que era quase uma brincadeira), eu vendia alface de porta em porta com 8 anos, eu tinha emprego fixo com antes dos 14 quando pude ser registrado. Se tudo afundar hoje eu vou vender balinha no semáforo e vou viver. Quando me deu burnout da profissão aprendi fui fazer outra coisa e ganhei prêmio de melhor vendedor logo de cara.

Posso contar minha experiência, mas não gosto de dar conselhos, especialmente para quem eu não conheço e não tenho como acompanhar, e não vou sofrer nenhuma consequência pelo meu conselho.

Tem situações que são muito difíceis. Eu continuaria com tudo. Eu posso te incentivar fazer o mesmo e torcer para tudo dar certo. Tenho que falar que o esforço é necessário, a dor costuma vir mesmo, mas faz parte do processo. Você pode se ferrar com qualquer conselho aqui, mas espero que seja o click que faltava para (figurativa e positivamente) explodir na vida.

Eu sei que hoje a comunicação e expressão é falha na maioria, muitos não vão entender a extensão e profundidade do que estou escrevendo, até por ler com pressa, não refletir, procurar as entrelinhas, e se já falei muito, se eu explicasse cada detalhe para ficar mais claro iam me chamar de prolixo mais ainda. Então hoje é esse problema, as pessoas não entendem e não querem ler textos mais robustos e detalhados, e não conseguem entender os resumidos.

Eu não tenho controle de como as pessoas vão entender, eu sempre me surpreendo como tem várias pessoas que acham que eu sou cruel e outras que acham que mudei a vidas delas no mesmo texto. Isso é um resumo do que está escrito aí em cima. Pegou?

https://www.tabnews.com.br/maniero/faq-do-programador-perdidao pra fuder de vez quem quer ou ajudar a pensar em algo e começar agir para a vida, especialmente profissional, ter outros contornos.

Assinado, O Grinch. (ah, nem foi tanto...)

S2


Farei algo que muitos pedem para aprender a programar corretamente, gratuitamente (não vendo nada, é retribuição na minha aposentadoria) (links aqui no perfil também).

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Maniero, sou uma das pessoas que adora seus comentários e publicações. Sinto que você traz uma visão nua e crua da vida e dos aspectos relacionados a ela. Pegando o gancho do post acima, acredito que cada um tem sua própria realidade. Também não gosto de dar conselhos avulsos, e muitas vezes eu mesmo não recebi conselhos ou ajuda.

Comecei a trabalhar cedo para conquistar algumas coisas e ajudar minha mãe em casa (somos apenas nós dois há muitos anos, atualmente tenho 22 anos). Durante o meu curso técnico, passei noites em claro para entregar atividades e o TCC. Infelizmente, meu grupo não tinha a mesma dedicação ou competência que eu (não desmerecendo eles, é apenas um fato) para realizar as atividades. Ainda assim, conseguimos fazer a melhor apresentação do curso entre os três turnos. Na formatura, fui reconhecido como aluno destaque (não sei dizer se isso mudou algo na minha vida).

Naquela época, eu fazia estágio e enfrentava ônibus lotados diariamente. É um sentimento único. Em alguns momentos, eu queria apenas estudar, mas não podia. De forma crua, talvez eu nem tivesse de fato uma opção: de um lado, eu trabalhava para me sustentar e ajudar minha mãe; do outro, apenas estudaria e deixaria minha vida virar de cabeça para baixo. Qualquer decisão tem uma consequência. A questão não é tomar a decisão 100% correta, mas aceitar as consequências da escolha que você fez. Afinal, somos responsáveis pela nossa própria vida, não os outros.

Prefiro nem entrar no mérito da saúde mental e física, que por muito tempo deixei de lado. Já reclamei bastante, mas fui aprendendo a viver e a enxergar a vida como ela realmente é.

Esses são os meus 2 centavos sobre o tema deste post.