Sim, é possível, mas não é fácil, especialmente no Brasil.
Primeiro, temos que deixar claro que muitas pessoas fazem isso porque querem. Eu mesmo tenho fases em que adoro só trabalhar, e faço isso por pura felicidade, não por dinheiro. Algumas pessoas não gostam tanto assim, mas elas têm um objetivo e é necessário fazer isso para atingir esse objetivo.
Claro que existem casos de abuso do empregador (vou considerar que se a pessoa é empreendedora ela faz do jeito que quiser, até porque se não for assim ela é empregada sem CLT). Aí começa a complicação que vou explicar. Algumas pessoas não têm a opção de sair do abuso porque falta algo.
Algumas pessoas precisam trabalhar tanto para compensar o fato de trabalharem mal. Existem vários dados que mostram que o brasileiro, entre vários outros povos são 3, 4 5 vezes menos produtivos que os países mais desenvolvidos. Claro que parte disso é puramente (macro)econômico, parte é estrutural que envolve toda a sociedade, parte é culpa do governo, mas que só é o que é por causa do povo, parte é individual, ainda que você possa dizer que isso também é estrutural.
Existem áreas que há mais produtividade que outras.
A educação no Brasil é das coisas mais terríveis que existe. As pessoas não conseguem enxergar o quanto é ruim. E pra deixar justo a educação está piorando em (quase) todo o mundo, inclusive países desenvolvidos (mas estes têm a vantagem das gerações anteriores ajudarem manter o patamar alto e não baixar tão rápido.
Começando nos anos 70, mas principalmente nos anos 80 e 90 alguns países começaram revolucionar sua educação. Outros só precisaram continuar com a forma que estavam, embora isso podem estar os colocando em vulnerabilidade perante os novos players na competição pela melhor educação.
Há cada vez mais no país a idolatria à idiotice. Os pais aqui, começando nos anos 90 começaram defender seus filhos contra os "cruéis professores" (alguns são cruéis mesmo, ou eram, mas é exceção), e os professores entraram na dança, e fazem de conta que ensinam, assim atendem o desejo dos alunos e seus pais. Tudo tem exceção, mas a exceção não sustenta um país.
Só a educação muito forte, mas muito mesmo, produzindo pessoas que raciocinam, que tenham pensamento crítico, que saibam buscar as informações por conta própria e filtrar adequadamente, porque a informação ruim não vai desaparecer, muito pelo contrário, e cada vez mais é necessário saber criar, embora em primeiro momento parece que existem novas oportunidades.
Existem pessoas que se auto clamam com pessoas do bem que emperram a educação no Brasil. Existem vários outros fatores, alguns que remetem à teorias da conspiração, que podem ou não ser verdades. Mas o mais importante é que as pessoas não querem a educação forte mesmo que entrega da melhor forma. E ceder não é a solução, e é isto que está acontecendo.
Se você quer sair dessa situação precisa furar isso por conta própria, o que não é fácil, especialmente para quem não nasceu privilegiado intelectualmente e/ou não nasceu em família que colabore em vez de atrapalhar. A sociedade está organizada para dificultar a vida de quem quer ser mais produtivo.
Se a pessoa consegue sair dessa situação e gera produtividade adequada não é difícil ser competitivo e ter vida equilibrada. Mesmo que no Brasil ela não tenha oportunidades assim ela conseguirá fora. E pode inclusive ter renda de país desenvolvido com custo de vida de país de pobre. A pessoa consegue ter escolhas.
O que eu vejo na área é a pessoa entrar em a base (pode não ser culpa dela, mas não muda o fato), e quando ela vai aprender sobre a área, que é das mais difíceis intelectualmente, ao contrário do que influencers dizem, ela não está acostumada em pegar no pesado para aprender, ela não tem tempo (ou vontade) para aprender corretamente, e precisa compensar com trabalho braçal. Tá todo mundo fugindo de se preparar para ser competitivo de forma natural, então ela precisa ser trabalhando mais.
Gratificação imediata cobra um preço alto. É parecido com a tal dívida técnica que encontramos na área, você deixa de fazer algo que não vê tanto valor e a dívida fica lá, aumentando com juros compostos. Tem que pagar antes para não pagar muito mais depois. Essa é a solução. Sempre foi difícil e está cada vez mais.
Não sei o que a IA fará com isso, mas por muito tempo, e sem regulamentação, a tendência é só piorar, quando a produtividade de todos sobem por alguma ferramenta será mais exigido de todos. Ser competitivo é individualmente ser melhor.
Só não se esqueça que tempo disponível para si sempre fará você ter renda menor fazendo a mesma atividade. A questão é que se você tem pro9dutividade para ter uma renda alta pode optar por ter menos tempo de trabalho.
Se você puder delegar tarefas para outras pessoas você tem muito mais chance de conseguir ter alta renda e tempo pessoal. Quase sempre só conseguirá isso sendo investidor, empreendedor de alto sucesso, ter alguma função pública bem específica (praticamente ser funcionário fantasma) ou fazer outras coisas ilegais de altíssima margem. Então na área, legal e eticamente ter as duas cosias só se criar um produto monumentalmente bom e vender total ou parcialmente e praticamente aposentar. Mas dá para ter uma renda decente, mas não alta, e trabalhar sem um esforço brutal.
Fora muita sorte, é difícil, mas não impossível ter esse equilíbrio. A maioria não conseguirá. Eu não consegui da forma como eu gostaria, ou abro mão de uma coisa ou outra, eu tenho minhas limitações.
Estou fazendo uma enorme simplificação, mas é isto. Em resumo, seja competente por completo, se puder.
Farei algo que muitos pedem para aprender a programar corretamente, gratuitamente (não vendo nada, é retribuição na minha aposentadoria) (links aqui no perfil também).