Eu queria entender essa obsessão dos programadores mais antigos com a galera que não seguiu o caminho tradicional. Sério! O texto parece até um “copia e cola”, tão igual a tantos outros — “o espaço vai ficar para aqueles que se destacam…” —, óbvio, né? Mas quem se destaca pode ser alguém que começou com um cursinho vagabundo, entendeu o processo e, de forma autodidata, devorou tudo que podia, enquanto alguns graduados tradicionais podem levar anos pra sair do nível júnior. (Fui censurado por causa desse comentário bobo, Deschamps? / Uma bolha pode crescer, crescer e ficar enorme, mas, como é de se esperar, toda bolha um dia estoura)
Talvez tenha ficado a impressão de que eu condeno quem não segue um "caminho tradicional", mas não é essa a intenção. Em nenhum momento falei sobre isso, aliás. Acredito que a "formação completa" tenha tocado algum gatilho, mas isso significa a amplitide do conhecimento. O meu ponto é sobre a acomodação de quem para no primeiro passo e acha que, só porque fez um curso rápido ou usa IA para tudo, achando que isso basta para ser um bom profissional. Quem se limita ao trivial acaba, inevitavelmente, tendo dificuldades em lidar com problemas mais complexos.
Como alguém que aplica processos de contratação, observo que a falta de base sólida em teoria da computação, estrutura de dados ou matemática aplicada pode prejudicar o desempenho em projetos desafiadores, em resolver coisas além do trivial. É mais fácil ter contato com tais atividades em uma universidade, de fato. Claro que muitos profissionais aprendem tudo isso sozinhos, de forma autodidata, mas esse caminho não é para todos. Não são poucos os que se perdem por não saberem por onde começar ou por simplesmente não buscarem o aprofundamento necessário.
Acho importante ser autodidata, sou um autodidata. Mas também possuo formação na área. Uma coisa não excluí a outra. Deveria ser complementar e, de fato, é complementar.
Reconheço também que há pessoas com formação acadêmica que acabam estagnadas. Assim como existem autodidatas brilhantes que superam devs graduados. Cada um tem seu caminho. Mas, na prática, muitos recrutadores ainda enxergam no diploma — ou em currículos mais extensos — uma garantia mínima de contato com fundamentos que, por vezes, o autodidata pode não ter tido. Quanto mais atributos e ferramentas tiver a sua disposição, acredito que seja melhor.
Uma formação mais completa contrubui para aqueles que querem se destacar. Qualquer argumento contrário é um pouco empobrecido.
No final, o que conta mesmo é a capacidade de resolver problemas e de buscar conhecimento constantemente, não importa o caminho que você seguiu pra chegar aqui.
Sei que ainda que muitos devs mediocres que fizeram universidade, por exemplo, estão ocupando cargos melhores que deveriam estar em mãos de devs realmente melhores. O mercado ainda valoriza essas coisas. Discuta com ele.
No meu caso, estou justamente fazendo uma graduação com todo aquele feijão com arroz tão valorizado, mas que, para mim, não vi nada de extraordinário. É um conteúdo que pode ser aprendido a qualquer tempo e por meios até mais eficientes. Quanto às contratações, o mercado valoriza mesmo é o dinheiro, e também comete erros – empresas quebram, essas coisas.
O problema da parte teórica que as faculdades ensinam (ou deveriam ensinar), é que muitos dos benefícios são indiretos e só se percebem no longo prazo.
Várias coisas eu só fui perceber a importância muitos anos depois. Coisas que na época eu não achava tão úteis.
E discordo que todo esse conteúdo pode ser facilmente aprendido em outros lugares. Algumas coisas sim, mas tem muita coisa que esses cursos famosinhos da internet costumam ignorar, ainda estou pra ver um que realmente foca nos fundamentos da mesma forma que a faculdade fazia. Muitos só ensinam receitas de bolo do framework da moda.
Então se vc não viu importância, talvez seja porque é um desses casos que mencionei, que só se percebe no longo prazo. Ou então (sempre existe a possibilidade, e sem mais informações, assumo que será um chute grosseiro, com grande chance de falar besteira) a faculdade que não é tão boa assim...