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Tecno-Feudalismo, 'Cloudalistas' e a Responsabilidade dos Programadores na Construção de um Futuro Próspero

Resumo: Este artigo explora o conceito do "tecno-feudalismo", comparando o domínio das empresas de tecnologia com o controle da Igreja e dos senhores feudais na Idade Média. Argumenta-se que as empresas de tecnologia estão acumulando poder nunca antes visto na história moderna, influenciando decisões, moldando o conhecimento e ameaçando a ordem da sociedade. Os programadores desempenham um papel fundamental na construção desse futuro, pois têm o poder de decidir como os dados são coletados, utilizados, compartilhados e processados. A ética e a responsabilidade social dos programadores são essenciais para mitigar os riscos desse cenário e criar um futuro mais livre e próspero para todos.

Introdução:

O advento dos computadores eletrônicos digitais em meados do século XX representa um dos saltos tecnológicos mais disruptivos da história da humanidade. Assim como a prensa tipográfica, o motor e as revolucionárias Caravelas, a tecnologia digital reformulou fundamentalmente a maneira como vivemos no mundo. Ela não só se tornou uma pedra fundamental de nossa sociedade em nossso atual presente, mas vai moldar nosso futuro de maneira profunda.

Nesta exploração do tecnofeudalismo e do surgimento dos "cloudalistas", mergulhamos em um conceito especulativo que prevê um futuro em que alguns poucos oligarcas da tecnologia exercem poder e controle sem precedentes na história. Semelhante aos antigos Reis e à Igreja. Traçando paralelos com desenvolvimentos históricos, como o domínio do conhecimento pela Igreja durante o início do feudalismo e a poderosa Companhia das Índias durante a Era da Exploração, muitos estudiosos procuram entender as possíveis consequências dessa revolução digital.

À medida que se aprofunda nesse conceito, fica evidente que esses "cloudalistas" não apenas dominarão o domínio digital, mas também estenderão sua influência aos territórios inexplorados da exploração espacial. Eles acumularão riqueza e poder além do que qualquer "Capitalista" ou "Rei" jamais poderia sequer imaginado. Isso levanta questões profundas sobre o futuro da democracia, do capitalismo e do equilíbrio de poder em um mundo cada vez mais moldado pela tecnologia e controlado por poucos selecionados.

O cenário:

Ao examinar a concentração de poder nas empresas de tecnologia e traçar paralelos com o feudalismo, encontramos semelhanças intrigantes entre o controle do conhecimento pela Igreja e a propriedade da terra pelos senhores feudais. Ambas as entidades exerceram domínio deste periodo que ficou conhecido como Idade das Trevas, controlando o cenário social e político da época.

No mundo medieval, a Igreja detinha o monopólio do conhecimento. Ela controlava o acesso à educação e à informação, atuando como guardiã das atividades intelectuais. De forma paralela, os gigantes da tecnologia contemporânea se posicionaram como guardiões da informação, exercendo controle sobre vastas quantidades de dados e influenciando o cenário do conhecimento geral. Essa influência se estende à formação da opinião pública, orientando o discurso político, e impondo as normas socias, o que lembra o papel da Igreja na formação de sistemas de crenças.

Neste périodo, os senhores feudais acumularam imensas propriedades de terra, o que lhes garantiu poder e influência sobre seus territórios e seus súditos controlando e cobrando por tudo que era produzido nas terras. Da forma similar, os oligarcas da tecnologia acumularam grande quantidade de poder computacional e controle sobre o reino digital, estabelecendo-se como senhores feudais digitais modernos. Seu poder econômico, que muitas vezes excede o da maioria das nações, permite que eles moldem políticas, façam lobby junto aos governos, contornem as regulamentações, da mesma forma que os senhores feudais exerciam influência sobre governo e moldavam os reinos.

Citação: "In a lot of ways, the internet is an updated version of the medieval cathedral, where citizens from surrounding villages would gather to buy, sell, socialize, learn and worship." - "The Innovators" by Walter Isaacson

Os perigos:

Esse domínio digital emergente indica uma possível transformação semelhante ao fim do feudalismo. Isso sugere que podemos estar vivenciando uma especie de renascimento digital, que pode levar a mudanças significativas nas estruturas da sociedade. A transição histórica do feudalismo para a era mais esclarecida e igualitária, dos Estados Nacionais Capitalistas Democráticos, marcada pelo explosão de conhecimento durante o Renascimento e o Iluminismo, oferece uma analogia amargamente convincente.

Nesta era digital, testemunhamos o embaçamento das fronteiras nacionais, o surgimento de entidades supranacionais e gorvernamentais. Uma evolução no conceito de cidadania à medida que as empresas de tecnologia operando entre países e atropelando a legislação local oferecem serviços que cada vez vão se tornando mais essenciais. Essa fase transformadora da história humana nos leva a considerar a possibilidade de um mundo pós-democrático, à medida que a influência dos oligarcas da tecnologia cresce e os sistemas convencionais ruírem.

A igreja e os lordes feudais usaram seu poder para controlar a população e expandir seu próprio poder. O tecno-feudalismo pode levar a uma situação semelhante, em que as empresas de tecnologia têm o monopólio da informação e dos recursos de computação e usam esse poder, para novamente, controlar a população e expandir seu próprio poder.

Dessa vez, será muito mais difícil reagir: Se as empresas de tecnologia tiverem acesso a todos os nossos dados, poderem rastrear todos os nossos movimentos e preverem nossos comportamentos, tornarão virtualmente nula nossa capacidade de fazer qualquer coisa para desafiar o status quo.

Citação: "The 21st century's grand scheme was rebranding mass surveillance as Social Media" - "The Age of Surveillance Capitalism" by Shoshana Zuboff

A Conclusão e o que eu tenho haver com isso?

Embora essas ideias possam soar como visões especulativas, elas têm raízes sólidas em tendências contemporâneas e em paralelos históricos. O tecno-feudalismo e a crescente influência das empresas de tecnologia em nossas vidas nos deve levar a refletir profundamente sobre o curso que nossa sociedade tomará no futuro.

No entanto, há uma classe de indivíduos que possui um papel singular nesta narrativa: os programadores. Os programadores, hoje em dia, são os arquitetos da sociedade. Eles constroem os algoritmos e sistemas que dão forma à nossa realidade. Portanto, eles têm um poder extraordinário e uma responsabilidade incomparável na moldagem do futuro.

Ao criar software, nos programadores temos o poder de decidir como os dados são coletados, utilizados e compartilhados. Determinamos como as informações fluem, quem tem acesso a elas e como são protegidas. A ética e a consciência que levamos para o trabalho desempenham um papel vital na mitigação dos riscos de uma sociedade dominada por oligarcas tecnológicos.

Como programadores, é fundamental considerar o impacto social, ético e político de cada linha de código que escrevemos. Devemos nos questionar sobre como nossos sistemas afetarão a privacidade, a equidade e a liberdade individual. Temos a obrigações de sermos os guardiões da responsabilidade social, resistindo à tentação de priorizar o lucro sobre um futuro prôspero para toda a sociedade.

Citação: "In a world that is defined by code, programmers create the reality." - "TabNews" by clacerda

E aí programador já conhecia estes conceitos e refletido sobre sua responsabilidade na construção de futuro saudável?

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Concordo que o tema é muito relevante, mas discordo que nós tenhamos tanto poder para decidir como isso é feito, pois se você não fizer da forma como a empresa quer, pode ter certeza que existem muitos outros que aceitam fazer e por muito menos do que você recebe. Nós como sociedade deveríamos nos unir para discutir como esses algoritmos irão alterar a nossa vida, mas parece que cada vez nos afastamos mais de um pensamento coletivo para o bem comum, deixando com que as grandes corporações façam o que bem entenderem com os nossos dados.

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As empresas são divididas em 3 segmentos, segundo uma teoria da ADM q estudei na faculdade.

Estratégico : quem direciona e toma as decisões
Tático : quem entende as deireções e decisões e busca implantar
Operacional : quem implanta (o dev ta aqui)

Achar que o programador pode fazer a diferença não é muito realista, o Jeff Bezos por exemplo ele direciona a Amazon e dane-se se o dev vai ou não fazer o que mandam, todo mundo tem boletos para pagar mesmo que 100% dos devs não concordem o que eles vão fazer, no melhor dos casos serem demitidos, e digamos que a amazon tenha 50% do quadro de desenvolvimento desligado por isso, o mundo ta cheio de dev querendo arrumar trabalho e pai de familia precisando pagar as contas.

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Pedromussato, agradeço pelo seu comentário e pela perspectiva que você trouxe à discussão. No entanto, acredito que houve um mal-entendido em relação ao propósito central do artigo.

Primeiramente, é importante reconhecer que, sim, em muitas empresas, os programadores operam no nível operacional, como você mencionou. No entanto, o argumento central do artigo não é que todos os programadores, em todas as posições, têm o poder de moldar o futuro da tecnologia e da sociedade. Em vez disso, é que os programadores, como coletivo e como profissão, têm uma responsabilidade ética e social inerente.

Além disso, é fundamental lembrar que muitos dos líderes mais influentes da indústria tecnológica, como Jeff Bezos, Elon Musk, Bill Gates e Mark Zuckerberg, começaram suas carreiras como programadores. Eles são a prova viva de que os programadores podem, e frequentemente fazem, ascender aos níveis estratégicos das empresas e, assim, influenciar diretamente a direção e as decisões tomadas.

A analogia com a 'burguesia' é pertinente aqui. Assim como a burguesia desempenhou um papel fundamental na transição do feudalismo para o capitalismo, os programadores têm o potencial de desempenhar um papel semelhante na transição para uma nova era digital. Não estou sugerindo que todos os programadores se tornarão CEOs ou fundadores de startups, assim como nem todos os 'burgueses' se tornaram grandes banqueiros, mas sim que a profissão de programador tem o potencial de influenciar e moldar o futuro da sociedade como nenhuma outra.

Finalmente, é essencial reconhecer que a ética e a responsabilidade não se limitam a recusar tarefas ou a desafiar diretamente as decisões da alta administração. Elas também envolvem a conscientização, a educação e a defesa de práticas mais éticas e responsáveis. Mesmo que um programador individual sinta que não pode fazer a diferença sozinho, juntos, como coletivo, os programadores têm o poder de influenciar a direção da indústria.