De Volta ao Básico: Foque em Monitoramento, Não em "Observabilidade"
Turma, tem muito papo hoje sobre "Observabilidade". É um termo chique, que vem com ferramentas complexas e a promessa de poder perguntar qualquer coisa sobre seu sistema. Parece ótimo, mas será que não estão complicando demais?
Lembram do objetivo quando começamos a discutir padrões e jeitos melhores de fazer software? Queríamos sistemas que funcionam. Que entregassem valor. Que a gente entende e consegue consertar rápido. No fundo é so isso que importa.
Essa onda de "Observabilidade" – com seus traces, métricas de alta cardinalidade, logs estruturados – parece às vezes colocar a carroça na frente dos bois. Foca-se muito em coletar respostas potenciais antes mesmo de sabermos quais são as perguntas essenciais.
Esqueça "Observabilidade" (por enquanto). Foque em Monitoramento.
Qual a diferença, na prática?
Monitoramento: Faz perguntas específicas e predefinidas sobre a saúde e o comportamento do sistema, baseadas em modos de falha conhecidos e indicadores chave. Está no ar? Está rápido? Está dando erro? A função principal está operando?
Observabilidade: Tenta coletar dados suficientes (logs, métricas, traces) para que você possa fazer perguntas arbitrárias e desconhecidas sobre o estado interno do sistema depois que algo aconteceu.
O problema de correr atrás de observabilidade total desde o início é cair na complexidade, na distração e numa falsa sensação de controle, muitas vezes ignorando o básico.
Abrace o Monitoramento Funcional
O que realmente precisamos, antes de mais nada, é de um bom Monitoramento Funcional. Isso significa verificar diretamente se o sistema está cumprindo sua função principal de forma correta e eficiente, do ponto de vista do usuário ou de dependências críticas.
É responder às perguntas fundamentais de forma confiável:
- O Serviço está Disponível? (A aplicação responde? O health check básico está OK?)
- O Usuário Consegue Realizar Tarefas Essenciais? (O login funciona? A busca retorna resultados? O carrinho de compras opera?)
- O Desempenho está Aceitável? (O tempo de resposta está bom? A taxa de erros está baixa?)
- Os Recursos são Suficientes? (CPU, memória, disco estão aguentando o tranco?)
- Estão Ocorrendo Erros Críticos? (Há erros graves sendo registrados nos logs que indicam falhas sérias?)
Mantenha Simples, Depois Evolua
Comece garantindo um monitoramento funcional robusto. Tenha certeza de que você sabe, rapidamente, se seu sistema está funcionando e performando. Use as ferramentas mais simples que resolvem o problema. Isso pode ser qualquer coisa, desde um curl num script cron ou um grep nos logs até um readiness probe sofisticado no Kubernetes. O ponto crucial é: não escolha a ferramenta complexa ou integrada só porque está na moda ou parece mais "moderna". Se um script simples te dá a resposta que você precisa de forma confiável, talvez ele seja melhor do que uma solução cheia de recursos que você ainda não domina completamente ou que é um exagero para sua necessidade real naquele momento. Entenda o que você precisa medir antes de escolher como medir.
Depois que essa base sólida existir, aí sim avalie se você precisa das análises mais profundas e complexas que a "observabilidade" promete, geralmente para investigar problemas específicos, recorrentes ou muito difíceis de diagnosticar.
Não corra atrás da palavra da moda. Foque na função. Seu software está fazendo o que deveria?
Prove isso com monitoramento.