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[Gestão de produtos] Você toma decisões orientadas a dados? Mesmo?

Overview

Um dos assuntos mais falados e pesquisados dentro da área de gestão de produtos (e de diversas outras áreas), é o tema “Análise de dados”. Em suas buscas muitas pessoas tem a sede por entender como utilizar a ferramenta A ou a ferramenta B, e enquanto priorizam aprender a utilizar essas ferramentas, deixando para segundo plano uma parte tão importante quanto saber utilizar uma ferramenta de Product Analytics. Dentre as coisas importantes deixadas para segundo plano estão os processos para adotar uma estratégia de Product Analytics eficiente.

Olá

Eu sou o Thiago Luna, pai da MaLu, marido da Gabriela e produteiro há mais de 7 anos. Estou começando a compartilhar conteúdo sobre gestão de produtos como uma maneira de retribuir as pessoas da comunidade de produto, tanto conhecimento adquirido ao longo dos últimos anos, o nome desse projeto é Pai Produteiro. Planejo escrever sobre paternidade e gestão de produtos, caso queira acompanhar esse trabalho, me siga no instagram @paiproduteiro ou no twitter @paiproduteiro.

Qual a relevância de trabalhar orientado a dados?

Uma pessoa de produto que não prioriza ou que não consegue investir uma parte do seu tempo em coleta e análise de dados (e quando digo dados me refiro tanto aos qualitativos quanto os quantitativos) tomará decisões baseadas em inputs que podem ser incompletos, impedindo assim que a pessoa de produto tenha uma visão do todo, para enxergar riscos e oportunidades no que está sendo proposto, e essa visão incompleta poderá levar a pessoa de produto a tomar decisões erradas, assumir riscos divergentes do apetite da empresa a risco, levando a eventuais prejuízos ou deixando oportunidades passar bem debaixo do seu nariz.

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Além disso, só uma pessoa que prioriza e acompanha dados sabe responder perguntas como:

Qual a maior fricção na usabilidade do produto hoje?

Dentro da jornada do seu usuário, onde estão as maiores quebras de jornada?

Qual a frequência de uso do seu produto?

Quais são as sazonalidades do seu produto?

Quais métricas podemos usar como argumento para priorizar determinado débito técnico que causa impactos para o negócio, para os usuários ou ambos?

Dados no dia a dia de uma pessoa de produto

Diversos processos de gestão de produto podem ser transformados ao utilizar dados, destacarei aqui alguns dos que considero mais importantes.

Principais processos que podem ser transformados com o uso de dados por uma pessoa de produto:

  • Levantamento de Hipóteses;
    • Como pessoas de produto, comumente partimos de uma suposição (que pode ser nossa ou não) e tentamos fundamentar essa suposição afim de que ela se transforme em uma hipótese, e nesse processo, os dados são recursos fundamentais para reduzir a força gerada pelo achismo e dar espaço aquilo que é fato gerado pelo conhecimento sobre seus clientes e usuários;
  • Design de Experimentos;
    • Existem muitos frameworks e padrões para a definição de um experimento, porém uma pessoa de produto que possui fluência em dados consegue analisar o cenário atual, segmentar a base e entender quais perfis terão maior impacto potencial e estimar os critérios de sucesso do experimento além das proxy metrics;
  • Risk Assessment;
    • Assim como sugerido pelo Marty Cagan, “uma boa pessoa de produto é uma boa gestora de riscos”, e dados são fortíssimos aliados na gestão dos riscos, desde o entendimento dos riscos até tomar decisões de acordo com o apetite a risco que a empresa possui;
  • Go To Market Strategy;
    • Na hora de planejar o momento em que seu produto irá pra rua e para as mãos dos usuários, dados são importantíssimos para entender qual será a melhor estratégia (de acordo com os riscos e timing de mercado), e seja ela uma estratégia Big Bang, Beta Testers, Teste A/B ou qualquer outra técnica, uma pessoa de produto com fluência de dados, conseguirá entender o que medir, como medir, como acompanhar e como compartilhar os resultados para que a sua entrega de valor fique ainda mais evidente;
  • Pesquisas;
    • Quando vamos escolher clientes e usuários para recrutar, os dados são excelentes aliados para nos ajudar a conversar com as pessoas certas e entender o quanto desse perfil de cliente/usuário representa a nossa base toda, e além disso os dados nos ajudam a escrever melhores perguntas para o roteiro afim de fazer perguntas eficientes que nos ajudem a entendem a entender o “porquê” de determinado comportamento que conseguimos analisar e interpretar;
  • Continuous Discovery;
    • Além de todos os processos já citados, uma pessoa de produto com fluência em dados, consegue responder perguntas básicas sobre a situação do produto e levantar suposições a partir de mudanças no padrão de comportamento do que está sendo medido e acompanhado;

Como a cultura da empresa pode impactar o uso de dados

Nesses mais de 7 anos trabalhando com produto, pude participar de diversos tipos de cultura que as empresas tentam construir, e consigo dividir as experiências que tive em dois grandes grupos, as empresas que orientam seus planejamentos estratégicos a dados e as que justificam seus planejamentos estratégicos com dados, tentarei explicar um pouco de ambas e qual é o impacto disso no dia a dia de um profissional de produto:

  • As que orientam seus planejamentos estratégicos a dados (Data Driven);
    • Essas normalmente são empresas que tem metas claras e que a maior parte dos colaboradores sabem dizer onde a empresa, sua área e seu produto pretendem chegar no próximo mês, ciclo, ano, etc.;

    • Nessas empresas, a pessoa de produto tem espaço para utilizar diversas ferramentas afim de descobrir onde estão as maiores oportunidades e aplicar as diversas metodologias para redução de riscos e captura do maior valor possível das iniciativas para o negócio;

    • Fluxo de pensamento que guia o planejamento;

      Objetivos mensuráveis → Iniciativas

  • As que justificam seus planejamentos com dados (Data Justify);
    • Nessas empresas, normalmente já se tem a maior parte das decisões tomadas, e o produto só não seguiu pelo caminho já pensado, muitas vezes por falta de capacity para a execução de todas as iniciativas idealizadas (comumente as iniciativas são chamadas de projetos, porque é assim que é esperado que elas sejam conduzidas, se possível com o mínimo de alteração no escopo imaginado). Com esse contexto a pessoa de produto precisa ser bastante criativa e fazer a venda de processos com bastante destreza para que se necessário, as melhores práticas de gestão de produtos sejam colocadas em prática;
  • Concluindo;
    • Não existe certo nem errado, todas as empresas possuem o seu modelo de trabalho que é fortemente influenciado por sua cultura e seu modelo de liderança, além da influência do tempo de empresa e de vida do produto ou serviço em questão, cabe a você pessoa de produto, entender o cenário que mais lhe apetece e lhe fará crescer.
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Olá, Thiago.

Muito bacana seu post, comecei a seguir o @paiproduteiro.

Gostaria de contribuir com colocações sobre 2 processos citados por você.

Levantamento de hipóteses (e validação)
Esse item pode dar uma rasteira, principalmente em profissionais de produto que são mais experientes e tem maior segurança de suas ações.
É muito importante tomar cuidado com o viés de confirmação para a formulação de determinadas hipóteses e também no seu processo de validação, se é falsa ou verdadeira. Eu tive oportunidade de presenciar grandes prejuízos por hipóteses validadas com viés de confirmação, o profissional de produto pode não perceber que está sendo conduzido por um viés.

Continuous Discovery
Normalmente é esperado que, as entregas feitas, impactem de alguma forma as métricas observadas. Nesse processo de observação da métrica após entregas/melhorias para o produto, existe uma oportunidade muito grande de parceria com a área de infraestrutura operacional do produto (dependendo da forma como o software é servido). Aplicações que rodam em nuvem ou on-premise, e que sejam acompanhadas por uma equipe operacional, é um exclente exemplo, mesclar métricas de produto com as métricas operacionais técnicas da operação.

Para casos como esse, a operação sempre impacta nas métricas de produto, é muito importante ter um contato muito próximo com essas equipes para validar siutações em que alterações observadas sejam validadas se foram provenientes da alteração feita no produto ou então por conta de situações da operação de infraestrutura do produto.

Abs.

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Muito obrigado pela contribuição Baltazar!
Os seus pontos são justíssimos e concordo muito com a sua visão.
Sobre o ponto do levantamento de hipóteses, pretendo escrever um artigo com maior profundidade sobre isso mais a frente, vou considerar esses pontos que você destacou com certeza e espero que você possa ler também.
Grande abraço.