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Moxie Marlinspike, criador do Signal, argumenta que metodologia Ágil compromete inovação no desenvolvimento de software

Segundo ele a metodologia cria “camadas de abstração” que afastam os desenvolvedores de um entendimento profundo do que estão construindo, limitando sua capacidade de ser criativos e inovadores, ao não terem uma visão clara do sistema como um todo.

Window Snyder, CEO da Thistle Technologies, destaca que muitos desenvolvedores hoje estão focados em linguagens de programação de alto nível que simplificam o desenvolvimento de aplicativos, mas que, por isso, não aprendem linguagens de baixo nível ou como interagir diretamente com o código da máquina, resultando em uma compreensão superficial de como o software realmente funciona “por baixo do capô”, o que, segundo ela, diminui a capacidade de inovar ou resolver problemas complexos.

Marlinspike também traça um paralelo entre desenvolvedores de software e pesquisadores de segurança, que se concentram em "olhar através das abstrações" para entender como as coisas realmente funcionam, o que os coloca em uma posição única para inovar no campo da segurança e do software. Ele utiliza a metáfora do mundo de Harry Potter para ilustrar sua visão, comparando o entendimento profundo do software à magia, onde aqueles que dominam o conhecimento (como os alunos estudiosos de Hogwarts) têm o poder de "mudar o mundo".

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Eu não tenho muita propriedade para dizer sobre o impacto do ágil nisso, mas acho que é menos culpa da metodologia e mais culpa de quem aplica ela.

Entretanto, como já tenho um tempo de estrada, percebo que a compartimentalização de conhecimentos e atividades tem esse efeito de diminuir o espaço de inovação. Por exemplo, vemos cada vez mais uma fronteira muito forte entre backend, frontend, banco de dados, infra.... É claro que em cada uma dessas áreas as atividades tem se tornado mais complexas e é esperado a necessidade de especializações, mas o que também está acontecendo é o total desinteresse em quem está em algum desses nichos em relação aos outros.

Para a indústria isso é ótimo pois podem ver o funcionário como uma peça facilmente substituível, as coisas passam a ser "fabricadas" e não "criadas". É por conta desse tipo de coisa que é tão normalizado alguém de backend não saber o básico de frontend, temos profissionais que se denominam nível pleno de qualquer coisa, mas não consegue colocar uma aplicação simples no ar fazendo todos os papéis mais comuns: backend, frontend, DBA, infra...

Quando comento isso nas discussões que participo, normalmente sempre tem alguém que interpreta: "Mas você está dizendo que devemos voltar na época dos WebMasters e tal....", e não é esse o questionamento, o questionamento é que estamos cada vez mais normalizando que devs sejam ultraespecializados e achando que isso é uma coisa boa, quando na verdade é boa apenas para a indústria (até certo ponto), e como consequência matamos a inovação.

Ferramentas como jQuery e Bootstrap surgiram de grupos de desenvolvedores que boa parte eram "backenders" e queriam uma forma mais simples de construir interfaces e interagir com elas. O que temos hoje de Svelte, Angular, React, Tailwind e etc, é em boa parte herança das ideias dos projetos jQuery e Bootstrap lá do passado.