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Muito obrigado pela opinião! Achei a ironia no final muito bem colocada—de fato, a privatização dos lucros acaba beneficiando apenas as organizações privadas. No entanto, discordo da ideia de que o Open Source está morrendo. Acredito que o caminho para o futuro do Open Source pode seguir dois modelos distintos.

Primeiro, penso que o Open Source deveria funcionar como uma associação, onde todos contribuem e podem usufruir do projeto. Não me refiro a pequenas correções em documentação, mas a contribuições mais significativas, como melhorias de código ou novas funcionalidades. A ideia seria estabelecer um sistema no qual o acesso ao código-fonte estivesse vinculado à participação ativa no projeto. Alguém poderia argumentar que uma pessoa pode contribuir uma vez e depois parar, mas um modelo baseado em contribuições recorrentes tornaria o projeto mais sustentável.

O segundo modelo seria disponibilizar uma versão mais básica do software gratuitamente, enquanto a versão completa exigiria algum tipo de contribuição. Dessa forma, quem realmente utiliza e se beneficia do projeto poderia apoiar seu desenvolvimento de maneira justa e equilibrada.

Recentemente, vi o CEO do ChatGPT comentando sobre o DeepSeek e como a OpenAI está caminhando para liberar seus modelos de IA mais básicos como Open Source. Acredito que projetos Open Source poderiam seguir essa mesma lógica: oferecer uma base acessível a todos, mas incentivar contribuições para acesso a recursos mais avançados.

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Não sei se o open source está morrendo — talvez pelo contrário, esteja mais vivo do que nunca. Mas sua evolução é urgente para evitar crises como Heartbleed e XZ Utils, que escancaram a fragilidade de projetos críticos, usados por bilhões, mas mantidos por poucas mãos invisíveis.

O exemplo do Linux mostra que o modelo pode funcionar: mais de 80% das contribuições vêm de desenvolvedores pagos por empresas como Intel, Google e Microsoft. Esse é o "santo graal" do open source corporativo, onde gigantes investem porque o kernel é vital para seus negócios. A governança centralizada (Linus Torvalds e a Linux Foundation) evita caos, garantindo que contribuições se traduzam em progresso, não em discussões infinitas.

Mas por que esse sucesso não se repete em projetos como OpenSSL ou XZ Utils? A resposta é simples: enquanto o Linux é infraestrutura óbvia, projetos menores só ganham atenção quando quebram. Empresas usam OpenSSL para criptografar transações bilionárias, mas nenhuma se sente responsável por mantê-lo — até que uma falha como o Heartbleed ameace toda a internet. São "bens comuns" digitais: todos usam, ninguém é "dono".

O modelo open-core (uma versão básica gratuita e recursos premium pagos) é de fato uma alternativa. Empresas como GitLab, MongoDB e muitas outras o adotam com sucesso. Mas sempre gera desconfiança na comunidade.

A ideia de uma "associação de contribuintes" — onde só quem contribui tem acesso — esbarra na realidade da governança. Quem define o que é uma contribuição "suficiente"? Como evitar que pequenos grupos controlem o projeto?

Uma ideia que poderia funcionar:

Financiamento coletivo obrigatório, como um "imposto" pago por empresas dependentes. Consórcios geridos por entidades neutras (ex: Apache Foundation) poderiam redistribuir recursos. Seja desde através de leis que obriguem empresas de tecnologia a alocar % dos lucros a projetos open-source que usam. Até campanhas para educar usuários: open-source não é "grátis", é infra estrutura coletiva. Então a ideia de um imposto faz muito sentido. Mas os problemas de aplicar isso são enormes. Mas...

Entidades como a ASCAP ou o ECAD no Brasil já fazem isso na música (por isso fiz a analogia com royalties), arrecadando e redistribuindo recursos de forma organizada. Não é perfeito, mas artistas recebem pagamentos "justos" pelo uso de suas músicas em rádios e plataformas de streaming. Claro aplicar algo assim para o open-source é tarefa quase impossivel. Ainda assim, o precedente existe e oferece um modelo a ser adaptado.

Enfim o open source não esta morrendo, mas precisa de uma revolução em seu contrato social. A saída está em combinar idealismo (do Free Software) com pragmatismo (do Open Source): licenças e modelos que permitam liberdade, mas exijam reciprocidade corporativa, e um reconhecimento coletivo de que software livre só sobrevive, se quem o usa, entender que ele precisa ser sustentado, não explorado.