[PITCH] De R$ 74K em transações a falência e blacklist nos bancos – porquê criei um gateway de pagamentos
Hoje vou falar exatamente sobre o que você leu no título...
O SaaS: Alertpix
O SaaS em questão é a Alertpix, uma startup que ajuda streamers a monetizarem seu conteúdo de forma simples e eficiente. Graças à nossa dedicação e muito growth hacking, conseguimos um crescimento bacana. Fomos a eventos, demos entrevistas, participamos de podcasts e até tivemos um certo destaque no TabNews por algumas semanas. Somos muito gratos por isso.
O gráfico abaixo mostra um crescimento interessante, o nosso mês com mais volume, batemos 74k em transações, mas... nem tudo são flores.
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O lado obscuro das fintechs
Lidar com fintechs atrai todo tipo de olhar: o dos seus clientes, de hackers, das regulações e, infelizmente, dos golpistas. Tivemos a infelicidade de atrair esses últimos.
Se você não é do ramo de fintechs, provavelmente não tem familiaridade com o termo KYC (Know Your Customer). Mas é simples: sabe quando você abre uma conta em um banco digital e precisa tirar selfies segurando documentos (e às vezes até o cachorro no colo)? Isso é KYC.
As instituições financeiras precisam de barreiras de entrada para conhecer o seu cliente e prevenir que contas fraudulentas e de laranjas sejam abertas.
O problema? Isso custa caro. Empresas pagam mensalidades absurdas para acessar APIs que fazem essa verificação. Quanto mais você precisa, mais você paga.
Nosso projeto era indie, então não tínhamos como bancar R$ 5, 10, 15 mil por mês por isso. Criamos nosso próprio KYC, que funcionou bem por um tempo... até que começamos a receber notificações do Mercado Pago como esta:
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O golpe do chargeback
O que isso significa? Alguém fazia uma doação para um streamer, recebia o que queria e, logo depois, ligava para o banco alegando que foi enganado e exigindo o dinheiro de volta.
Estávamos tão preocupados com a honestidade dos streamers, em não trazer contas que não se encaixavam no perfil, que esquecemos de monitorar quem doava o dinheiro. O pior? O banco não dava a opção de disputar o chargeback, então não tínhamos como provar que a pessoa estava agindo de má-fé.
Com o tempo, recebemos três novas notificações desse tipo. E, de repente, a bomba caiu:
SUA CONTA FOI BANIDA.
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Do nada, o caos se instalou. Horas no atendimento, ouvidoria, e-mails, cartas, sinais de fumaça... e nada. Os streamers não podiam mais receber doações nem sacar o que tinham recebido.
Nem mesmo contatos dentro do Mercado Pago puderam nos ajudar.
O que aprendemos com isso?
- Instituições financeiras não ligam se você fatura 1.000 ou 100.000. Se você não se encaixa no perfil que elas querem, você não é bem-vindo.
- Sim, erramos ao permitir uma conta fraudulenta na base. Mas o comportamento era tão convincente que, até hoje, olhando os logs, parece uma conta legítima.
Precisamos tirar dinheiro do próprio bolso para cobrir o valor bloqueado e acelerar a migração para outra instituição. Nesse meio tempo, usamos o Nubank para receber de outros produtos que monetizamos com a Stripe, já que tudo ficava no Mercado Pago. E essa foi a pior decisão possível.
O efeito dominó
Perdi todas as minhas contas — tanto pessoais quanto empresariais, de todos os meus CNPJs, no Mercado Pago e no Nubank (e de várias outras), num piscar de olhos.
Agora, além do dinheiro dos clientes preso, meu patrimônio pessoal e de dev também estava bloqueado. Eu não podia pagar uma DARF, uma conta de água ou sacar dinheiro para pagar os pedreiros que estavam reformando minha casa.
Efí Bank: mais um bloqueio
Finalmente migramos para outra instituição: a Efí Bank. Operamos por uma semana e... bloquearam nosso saldo novamente.
A essa altura, tudo que estava no meu CPF foi marcado como fraudulento. Todas as chaves Pix e meu nome foram para o buraco.
Depois de noites sem dormir, sem respostas, sem soluções, eu desisti de tudo. Cara eu passei tanta coisa que toda a situação de trouxe sérios problemas de saúde.
E até que um dia, depois de refletir bastante eu postei no Twitter:
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O milagre do Twitter
De repente, um mar se abriu.
- Dezenas de gateways ofereceram ajuda.
- Indie hackers e até pessoas famosas (tipo apresentador de TV!) começaram a compartilhar suas próprias histórias.
- Descobrimos que muitos passaram pelo mesmo problema ao usar o Mercado Pago para receber pagamentos em seus sites.
O nascimento da AbacatePay
Como nós tivemos várias propostas de vários gateways, nós vimos que não basta somente resolver o nosso problema nós podemos resolver os problemas de outras pessoas também.
Pra gente não fazia sentido não ajudar outras pessoas que precisam monetizar seus produtos.
E assim nasceu a AbacatePay, nosso próprio gateway de pagamentos, focado em pequenos empreendedores que não conseguem boas taxas em outras instituições.
O lançamento
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Quando lançamos a AbacatePay, tivemos mais de 1.000 cadastros no primeiro mês! Uma galera incrível entrou para ajudar, compartilhar suas dores e agradecer por estarmos fazendo algo por eles.
Agora, nosso projeto não é mais indie — e não pode ser. Vamos lidar com toda a burocracia, para que você, indie hacker, não precise se preocupar com nada.
Aprendizados
Ainda sou odiado pelos bureaus e abrir conta em banco se tornou um sacrifício. Mas tudo tem seu preço.
Aprendi que erramos em alguns pontos — mas quem não erra? O importante é aprender com os erros e nunca mais repeti-los.
Outra grande lição: quando você achar que chegou ao fim, olhe ao redor. Muita gente enfrenta o mesmo problema. E se você quiser, pode ajudá-los também.
É isso, eu passei por uns maus bocados e ainda estou colhendo os frutos dos nossos erros.
O mais importante é tentar, é difícil, mas mesmo que tudo falhe, sempre dá pra tentar novamente.
Afinal, a vida não é um morango, mas pode ser um abacate 🥑
Fonte: https://abacatepay.com