Olá Ramon, tudo bem?
Também tenho interesse em experimentar criando algo na área jurídica, então gostei bastante da sua discussão. Contribuirei com meus 5 centavos.
Vou desviar do fato de realmente parecer pouco R$200 de campanha, e da possibilidade dos cliques serem robôs automatizados (veja outras métricas além de cliques, como rolagem ou tempo em tela, elas podem esclarecer este ponto)
Eu gostaria de compartilhar contigo um pouco da minha visão sobre o mercado de tecnologia para o Direito atual. Trabalhei durante alguns anos na área, e diria que o seu sistema possa não ter tanto engajamento pois carece de um motivo para alguém comprar ele. E na verdade este ponto envolve duas opiniões minhas: a maioria das advocacias menores não percebem benefício imediato em um ERP; e não há de forma clara um diferencial no seu sistema (pelo que vi na sua landing page). Ele aparenta ser mais um no mar de opções (no último mapeamento que fiz, chegamos em algo como 60 ERPs jurídicos, fora os mais difíceis de encontrar pela internet).
Eu cogito criar um ERP jurídico por "diversão", pra colocar em prática muito que eu sei, e aprender o que não sei. Não tenho expectativas em criar um sistema de sucesso, pois principalmente no início, não teria algo inovador para oferecer. Tenho ideias, mas não são simples de executar, então pretendo fazer um desenvolvimento evolutivo.
Como você disse, é possível testar o Astrea por um ano gratuitamente (minha esposa é advogada, ela também testou, e demoraram 6 meses além deste um ano para interromper o teste). Eles usam uma estratégia muito boa. A mesma que só me caiu a real quando vi o Pablo Marçal (não sou fã, mas reconheço quando alguém diz algo interessante) falando no "Achismos" do Maurício Meirelles sobre os vídeos que fazem dele, quando questionado se não o incomoda. Ele disse algo como:
Faça como o MST, primeiro você entra no lugar, nem que seja a força, depois você regulariza a situação. Custa menos para mim as pessoas me conhecerem pelo que ouvem e depois eu mudar a cabeça delas do que me apresentar e convencê-la desde o início como quem eu quero que ela me reconheça. Fora que eu gastaria milhões se tentasse gerar o mesmo engajamento com tráfego pago.
E depois de um ano acostumado com o sistema e suas comodidades, se adaptando a ele, a pessoa só sai se realmente não tiver como pagar, ou se alguém apresentar algo que seja considerado melhor. É por isso que, para mim, faz sentido o teste deles ser de um ano e não de um mês ou menos. O periodo mais caótico de um ERP em uma empresa é o início, quando acontece toda a implantação e adaptação. Se esta for a impressão que restar no fim do teste, só reduzirá as chances de conversão.
Agora, em um tom de comparar as funcionalidades: o que é o seu sistema perto do Astrea ou dos demais? Pela sua landing page, me parece serem a mesma coisa. Então, pra mim como lead, vira uma batalha de nomes e preço.
Isto porque, apesar do foco no conceito do "reduzir o tempo perdido", a lista de funcionalidades é muito parecida com a de qualquer outro sistema do ramo. Não que isto seja um problema, mas significa que o outro sistema também irá me proporcionar o mesmo benefício, já que possui os mesmo atributos.
Na empresa onde eu trabalhava o principal produto é uma plataforma de visualização de dados. Algo como um PowerBI, criando dashboards e etc. Parece loucura querer competir com o PowerBI, mas a questão é: Quantos advogados estão dispostos a aprender a configurar e construir dentro do PowerBI? Dá pra fazer isto por planilhas de forma simples e sem manutenção posterior?
Para alguns deles, fazia mais sentido a contratação do nosso sistema ao invés do PowerBI pois eles queriam o gráfico, mas não o resto. E ainda tinha alguns serviços atrelados, como captura de novos processos. Tem um rio de empresas que fazem este tipo de captura. Mas quantas podem oferecer um prazo de 1 dia entre distribuição e notificação? Quantos te dão gráficos totalmente personalizáveis em cima deste dado sem configurar nada? Praticamente só aquela plataforma atendia todos estes pontos. E eles tentavam transparecer isto durante as apresentações comerciais.
A maioria das advocacias menores não querem/podem investir (como seu relato pessoal). Muitos persistem em planilhas até se tornarem de médio porte ou terem necessidades específicas, como atuar para uma empresa que exige maior transparência de processos, por exemplo. Eu já atendi advocacias que queriam construir visualização de dados em cima de planilhas porque não usavam ERP. E no fim do dia, o que a pessoa queria ver eram gráficos básicos que dariam para ser criados no próprio Excel, ou a maioria dos ERP gerariam em relatórios com um clique. Mas ela não queria ter de aprender a criar e fazer manutenção no Excel, e nem passar pelo processo de implantação de um ERP.
Enquanto a sua batalha for por nome, a disputa será desleal. Será o seu bolso e sua expertise em marketing e comercial contra a dos demais.
Algumas perguntas que deixo para reflexão:
- As dores que seu sistema te resolve, são as mesmas dos seus leads?
- Há outras opções no mercado que resolvam estes mesmos problemas?
- O que o seu sistema tem que os demais (ou a maioria) não tem? E isto é bom para quem?
- O quão claro tudo isso está para quem conhece seu sistema?
Já tive contato direto com algumas empresas de ERP jurídicos, pois também era responsável por integrar a plataforma aos sistemas de clientes e parceiros. Conversei com grandes como Benner, Legal One, e menores como Autojur, entre outros. Uma coisa que eu percebi é que os menores parecem prosperar por dois fatores:
- Encontram leads receptivos por motivos variados (regionalidade, budget, influência dos envolvidos, indicações)
- Estão abertos à personalização e por preço acessível, e conversam ativamente com seus clientes para entender como podem ajudá-los e realizar ofertas
Já conversou alguma vez com quem contratou seu sistema, tentando entender o que faz ele ainda estar alí e se tem algo que faz falta para ele?
Faça dele a sua "persona", assim como fez de você e sua esposa. Transpareça os pontos positivos que seus clientes apontam (e fizer sentido com suas estratégias) em sua landing page. Considere se os pontos negativos podem ser atacados, as vezes até gerando novas funcionalidades que poderão ser monetizadas de forma diferenciada (um add-on, ou embutida em um plano X). É o que parece fazer sentido para mim, pelo menos.
Pra finalizar, sugiro separar e contextualizar as telas do sistema que você colocou na página. Por enquanto, é muito teórico e com pouca referência do que a pessoa vai encontrar dentro do seu sistema, quase que um casamento as cegas mas com devolução em até uma semana. Eu entendo que é possível a pessoa clicar no "falar com o comercial" e você mostrar a ela com mais detalhes. Mas como já dizia minha mãe, que era uma confeiteira muito boa: pessoas experimentam primeiro com os olhos.
Muito bom conhecer seu sistema, e não deixe de nos atualizar sobre o que sucedeu, ficaria feliz em saber de uma reviravolta!