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Tecno-ceticismo

Tecno-ceticismo, li em algum texto, durante essa semana, essa palavra pela primeira vez. Infelizmente não me lembro qual texto era e de quem, mas falava, em geral, sobre os hypes no mundo tech.

Já tem um tempo que venho alertando aqui, e também vejo outros alertas por ai, sobre os hypes, sobre o que, onde e quando devemos ceder nossa atenção, e como diferenciar o que é hype, exagero, do que é verdade ou tem alguma possibilidade de avanço etc…

Fato é que na nossa área rola MUITA especulação de que tecnologias recém-criadas se tornarão o próximo iPhone, ou será motivo da próxima revolução industrial, dentre outras coisas do gênero.

Pra quem frequenta o x (ex-twitter) ou outras redes sociais de texto, provavelmente já viu posts em inglês falando sobre algum tech nova, e se viu, quase certeza que também deve ter visto algum emoji dessa sequência: 🚨🤯🚀🔥 geralmente seguidos de palavras como: “mindblowing”, “game changer”, “changes everything”.

Nesses últimos anos de ferramentas de IA sendo lançadas então… já vi centenas, e todos com o mesmo padrão, geralmente atribuindo características únicas, maravilhosas, seguido de uma promessa de que isso, além de extremamente disruptivo vai acabar com algo.

Sempre, para causar alvoroço, ansiedade e FOMO nas pessoas, precisa dizer que vai destruir, acabar, ou substituir algo.

O mercado tech adotou uma frase, a qual eu não gosto muito, chamada: “fake till make it”, que significa algo como “finja até você conseguir”, que foi adaptada para que empresas prometam que seus produtos/softwares cumpram tal propósito, mas que eles, muitas vezes, tem sequer desenvolvido o MVP.

Isto, combinado a práticas de marketing como estar em todas as redes e divulgar constantemente seus produtos, faz com que as pessoas comecem a acreditar.

É mais ou menos como aquela frase: “Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”.

Claro que eu não estou generalizando que tudo que empresas de tecnologia dizem por ai é sempre uma mentira, mas sim alertando que, infelizmente algumas usam dessas práticas para ganhar visibilidade, reconhecimento e principalmente: chamar atenção de investidores.

Quem aí lembra do Devin?

Pra quem não sabe, ou não se lembra, Devin é um produto de IA que uma empresa prometia que ia ser usado no lugar de pessoas desenvolvedoras de software. Eles já agiam como se quase tivesse a tecnologia, mas era uma demo bem inicial.

Mas claro que a ideia não é que todos passem a não acreditar mais em nada que se é dito por ai no nosso mercado.

O que quero trazer para reflexão é de termos pensamento crítico.

Quando chegar algo prometendo mil maravilhas, testar, não se deixar levar por qualquer vídeo milimetricamente pensado e desenvolvido, como se fosse algo natural e espontâneo, para convencer-nos, e então tentar vender pra nós goela abaixo alguma ideia que nem sequer exista.

E de quebra isso também nos ajuda em nossa saúde mental, evita FOMO e picos de ansiedade.

Obrigado pela leitura até o final!

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Na década de 90 as ferramentas CASE para geração de código fizeram relativo sucesso. Algumas empresas venderam soluções para bancos, ganharam uma fortuna. Os diretores acharam que os "usuários" iram gerar suas próprias aplicações, mas no final foi um grande fracasso. Apenas as empresas que venderam solução ganharam dinheiro. Mas tudo contribuiu para melhorar as IDEs com wizards e geradores de código como getters/setters para Java, scripts de testes, páginas html, geradores de documentação, etc.

Então acho que, quando a poeira da IA abaixar, as IDEs novamente serão melhoradas, e teremos provavelmente novas ferramentas para auxiliar no desenvolvimento. Algumas empresas fecharão, alguns conceitos serão esquecidos, outros serão mantidos, etc.

Mas novamente, nenhum "usuário" irá querer lidar com geração de código ou de aplicações. Da mesma forma que as pessoas almoçam fora, mesmo sabendo cozinhar. Tem videos no YouTube ensinando a consertar problemas no carro, mas as pessoas continuarão levando o carro pro mecânico olhar. Vida que segue.