Executando verificação de segurança...
1

A inquisitividade de um programador

À medida que a tecnologia avança e progride, ela esconde as decisões que foram tomadas no passado e que levaram a esses avanços. Ao longo da história, problemas são resolvidos com ferramentas que geram outros problemas que são resolvidos com outras ferramentas. Isso continua em um loop até que esqueçamos os porquês. Você já se perguntou:

Graças ao open-source, frameworks web modernos e bibliotecas nativas, você pode ser um ótimo programador sem nunca ter questionado essas coisas. Não estou sugerindo que você resolva esses problemas sozinho, mas perguntar o por quê ajuda a desenvolver um pensamento crítico pragmático, que é diferente da mera curiosidade.

Inquisitividade pragmática

Os programadores são por natureza seres inquisitivos, que fazem muitas perguntas, e questionam coisas que geralmente passam não questionadas. Ser curioso faz parte da nossa profissão, que é resolver problemas.

A curiosidade matou o gato

No desenvolvimento profissional, é crucial que a inquisitividade seja acompanhada de pragmatismo. Embora a mera curiosidade possa ser divertida, ela nem sempre resulta em aprendizado produtivo. No entanto, ao adotar uma abordagem prática, a inquisitividade se traduz em conhecimento mais aplicável e útil. Por exemplo, ao entender as decisões que levaram à evolução da web para o HTTP/3, os programadores adquirem conhecimentos de engenharia de software de alto nível que não são meramente teóricos, mas também práticos. Isso se mostra extremamente valioso para programadores no mercado, que buscam soluções aplicáveis e eficientes em seu trabalho cotidiano.1

Listo três hábitos saudáveis para te ajudar a desenvolver uma inquisitividade pragmática como programador:

  1. Reconheça suas suposições. A definição de suposição é "algo que você aceita como verdadeiro sem questionar ou provar". Se você usa principalmente programação orientada a objetos, pode cair no erro de supor que sempre se precisa de classes e métodos para criar um programa. Ou até mesmo que a instância de tempo ~T[23:59:60] é sempre inválida2.
  2. Debugue suas suposições. Antes de questionar o porquê de algo, verifique se sua suposição é realmente verdadeira. Utilize sua lógica para sustentá-la, teste-a e, caso seja demonstrada como falsa, parta para o próximo passo.
  3. Procure por respostas. Este é o momento de cultivar sua curiosidade e hábito de inquisitividade pragmática. Ao questionar suas suposições, você estará construindo conhecimentos reutilizáveis que o ajudarão a questionar cada vez mais. É comum acreditarmos em falsehoods2, por isso, encare isso como um sinal para apoiar seu novo hábito e desfrute das respostas que encontrar pelo caminho.

Mas não seja um bobão 🤪

Embora a inquisitividade pragmática seja importante para um programador, não devemos deixar de lado a nossa curiosidade inata. É fundamental questionar as coisas, mesmo que pareçam bobas. Afinal, como o mural presente em minha cidade, Curitiba, que faz referência ao filme de Kubrick, nos lembra: "só trabalho, sem diversão, faz de Jack um bobão"

O "Jack Bobão" em um mural no centro de Curitiba

Antes de finalizar, gostaria de falar que esse artigo foi originalmente publicado no https://debugando.org, uma proposta diferente de conteúdo de programação em ritmo slow web e text-first. Se você gostou do que leu, e concorda comigo que engenharia de software vai além dos bits, dá uma passada lá e assina a newsletter pra receber mais

Footnotes

  1. Se você está interessado em aprender isso, recomendo este artigo da MDN sobre a Evolução do HTTP

  2. https://github.com/kdeldycke/awesome-falsehood 2

Carregando publicação patrocinada...