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Os times de Hobbits… ops! software*

Como Tolkien diz muito sobre times de software em O Hobbit.

Tarefas como prototipar uma interface, elicitar um requisito, programar uma funcionalidade, gerir uma equipe ou qualquer trabalho com software dependem da nossa criatividade. Por isso, desenvolvê-la é uma tarefa essencial. A nossa imaginação é fomentada através do que consumimos. O Hobbit é a indicação da vez.

J.R.R. Tolkien foi professor e autor de livros famosos como O Hobbit e O Senhor dos Anéis. Já eu sou um programador, nerd e grande admirador de sua obra, condição na qual não me levaria a menos do que escrever esse texto. Espero que seja proveitoso para todos que puderem ler.

O Hobbit conta as aventuras de Bilbo Bolseiro, um hobbit, que parte em busca de um tesouro guardado pelo dragão Smaug, junto de anões, e, em vezes inesperadas, com o grande mago Gandalf, O Cinzento. A obra foi muito premiada e é aclamada como um clássico. Gandalf é como todo bom sênior; é com esse tipo de analogia que compus esse texto. A ideia aqui é ilustrar como o trabalho de uma equipe de software pode ser visto de outra perspectiva - da ficcional.

I. Senior: ágil e sábio como Gandalf.

Começo por ele porque, entre todos, é aquele que pode liderar uma equipe, e a seu modo - assim como Gandalf. Isso acontece não somente por causa de seu poder, que podemos representar como conhecimento, mas por sua experiência, que se traduzem no dia a dia como agilidade e sabedoria.

Há sempre negócios a tratar; é por isso que dificilmente vemos o Gandalf das nossas equipes. Quando um recurso se faz necessário e o procuramos solicitar, na verdade, isso já era algo previsível para o senior; para nossa surpresa, é o prórpio recurso que está a nossa espera. E tal como o mago, os seniors sempre aparecem nas situações em que nos encontramos em grande apuros e com nossos limites à prova. O que, naa verdade… nem sempre acontece.

Nem sempre ele aparece, e isso é comum tanto para um sênior como para Gandalf. Dois dos possíveis motivos poderiam ser: 1) Há assuntos a serem tratados que não podem ser adiados e requerem a presença deles; e 2) Eles, mais do que todos, são aqueles que depositam confiança em seus colegas. E isso fazem de forma sábia. Não é que não pudessem fazer o trabalho; eles poderiam, e muitas vezes o fazem conosco. Mas há uma questão maior a considerar: eles sabem que sua posição foi alcançada através da oportunidade, e por isso a criam. E de igual, também são beneficiados, com todo o suspense e a misteriosa e inesperada maneira como a solução será tramada. De Hobbits, em times de software, tratarei mais à frente.

Ouvir sobre um problema é pensar de modo automático no caminho da solução. Os Seniors, por sua vez, já trilharam esse e muitos outros caminhos. Quando não, sua experiência será como um farol para que as suas conjecturas sejam mais certeiras. Gandalf assume isso de um mesmo modo nesse diálogo com Frodo:

  • Gandalf, Você sabe de Tudo.
  • Sei - quando sei de alguma coisa.

II. Élfos, diversos como UX’s.

Tão rara quanto a aparição de um Élfo fora de seus domínios é o profissional de UX. Entre todas as analogias que eu poderia fazer da realidade com o universo de Tolkien, a mais certeira é essa. Atributos como espertize e criatividade são encontradas em todos as espécies; os élfos, por sua vez, se destacam, e assim os diferencio, pela sua maneira artística.

Todos já ouviram de sua beleza. Também foram eles os produtores de espadas que lutaram grandes batalhas e cantos que, de tão belos aos ouvidos, trazem sede de sua continuidade. Tudo isso é fruto dessa sua “maneira artística”. E tal como o trabalho do UX, não pense alguém que o caso aqui se trata de uma estética pura, de algo infundado. A beleza na criação é inerente ao seu projeto, assim como as espadas, as canções e as interfaces.

Tal como uma espada, a beleza de uma interface é revelada quando ela é bem projetada. Nisso está envolvido o equilíbrio entre estética e funcionalidade, como com a Orcrist, uma espada feita pelos élfos para matar Orcs: ela brilha na cor azul a fim de avisar ao seu portador da presença do inimigo; mas se ela também não pudesse matar Orcs, de que serviria como uma espada?! Não há melhor experiência com uma ferramenta!

III. Anãos são como analistas e PO’s.

Se engana quem acha que um analista de requisitos tem um trabalho pouco importante como cavar um túnel. Essa gente é quem conduz toda a equipe ao ouro, exatamente como fazem os Anãos, e por isso os comparo. Por mais que cavar um túvel pareça uma tarefa maçante, repetitiva e para qualquer um, analistas e PO’s entendem o “como se fazer”, o X da questão.

O ouro do nosso caso é o requisito de software. Somos todos igualmente necessários, e sem o trabalho do PO ou do analista não chegaríamos a qualquer ouro, ou requisitos de software, ou no mínimo não chegaríamos tão bem quanto poderíamos. Todos podem pegar uma picareta e cavar um túnel, mas quantos sabem como achar ouro? Por isso, o analista/PO são como os anãos. Esse é o trabalho deles.

VI. Agile Master e, novamente, Gandalf.

Dentro de O Hobbit não é ainda apresentada uma espécie ou personagem específico que possa situar os agilistas. Por isso, eu reparto Gandalf entre eles e os Seniors. Gandalf já foi muito bem descrito e todas as suas atribuições também são as de um AM. Eu gostaria apenas de dar ênfase a uma característica específica não mencionada: Gandalf também é, como AMs, um estrategista.

Gandalf estave longe da vista de todos e apareceu somente na Batalha dos Cinco Exércitos. Entretanto, é notório que sua atuação se estende ao longo de toda a obra: desde o início do empreendimento em busca do ouro a essa sua última aparição. Acontece que a batalha já lhe estava prevista e ele estava, ao longo da história, tratando de articulações entre os povos, de intervenções necessárias; tudo para garantir que o plano do ouro pudesse ser bem executado.

Ninguém, além de um estrategista, poderia prever uma possível guerra; mas Gandalf previu. Em seu aparentemente tempo livre, ele estava trabalhando a fim de garantir a boa execução do plano. Esse é o trabalho do agilista.

VII. Juniores e Bilbo, O Hobbit.

Por fim, todo bom junior é como Bilbo, o hobbit que protagonizou a história. Bilbo herda de suas diferentes famílias o eterno dilema de decidir entre a tranquilidade do lar e as aventuras do mundo afora do Condado. Quando o lado Took desperta, ele decide partir na jornada em busca do ouro. E assim ele se torna autor de feitos que não poderiam se esperar de um hobbit.

Apesar das reafirmações de Gandalf quanto a especialidade que há em Bilbo, os anãos, ao longo de toda a história, possuem sérias dúvidas quanto ao que ele de fato pode fazer, e mesmo após os ter salvo de grandes apuros de maneiras inesperadas. E assim é o júnior, que, apesar das recomendações que possam ser feitas acerca dele, possui a capacidade de sempre surpreender a todos.

A trilha dos juniores, tal como a de Bilbo, é uma trilha de amadurecimento. Enfrentar o medo de errar e ser corajoso em meios ao desafios quando se tem pouca experiência não é uma tarefa fácil, mas faz parte da jornada que é ser um junior.

Considerações finais

Todo conhecimento está entrelaçado de um modo que não podemos dizer que um bom código, por exemplo, teve base exclusiva em bons princípios como o SOLID. Quando pensamos, pensamos com tudo aquilo que somos e que temos; não é só de técnica que saí a nossa produção. Seja o SOLID ou uma boa obra literária como O Hobbit, tudo contribui com o código que escrevemos, ou com a interface que produzimos, ou com o requisito que elicitamos.

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