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Desvendando o Risco de Plataforma. Você sabe o que é isso?

O inevitável risco de plataforma para negócios digitais

No mundo de produtos digitais e startups, muito se fala em mitigação de riscos.

Pra quem estudou a disciplina de gestão de produtos, rapidamente vai se lembrar do famoso mestre de produtos do Vale do Silício, Marty Cagan, e dos “4 grandes riscos” a serem mitigados, que são repetidos quase como um mantra nessa área: risco de valor, de usabilidade, de viabilidade técnica e de viabilidade de negócio. 🤓

Mas existe um outro tipo que tem surgido em algumas discussões por aí, e, na minha opinião, fica entre o de viabilidade técnica e de negócio, que é o risco de plataforma.

Como assim?

Acredito que esse tema seja mais forte em negócios Saas (software as a service), mas se aplica a diversos tipos. Vai fazer sentido conforme o texto.

Você e sua empresa entenderam que faz sentido para seu negócio criar um chatbot que resolve alguma_coisa_importante para seus clientes, e quando se fala em chatbot é impossível não lembrar do maior app de mensageira do Brasil, o Whatsapp.

Então, você constrói seu produto utilizando algum fornecedor de bot de Whatsapp, ou até mesmo conectando diretamente com a API do Facebook/Meta. 🤖

Você já mitigou o risco de valor (já entendeu que isso vale muito para seus usuário) e o de usabilidade (seus usuários conseguem falar sobre o assunto via mensagens de texto), ótimo.

Sabemos que lançar produtos de sucesso não é uma ciência exata, mas a princípio não tem mais nada grande pra se preocupar, não é?!

Bom, mais ou menos.

Como fica um Youtuber sem o Youtube?

A maioria de vocês deve se lembrar do caso do Monark e do Flow, certo?! ☄️

Pra quem não acompanhou (onde você estava escondido?), o influencer Monark sofreu grandes bloqueios e teve sua conta excluída em diversas plataformas. Isso prejudicou de forma gigantesca o seu negócio como influenciador. (Sem entrar em detalhes polêmicos aqui, não é o foco).

E o que isso tem a ver? O negócio dele e de todos os influencers possui um risco enorme por depender diretamente das redes sociais, um risco de plataforma gigantesco.

Pensa comigo, o que resta do negócio de:

Um influencer sem seu Instagram?

Um youtuber sem seu perfil do YouTube?

Um podcast sem sua conta do Spotify?

Seu bot de WhatsApp sem a conexão com o WhatsApp?

Isso é o risco de plataforma, entendeu?

Entendi. O que eu faço agora?

Mantenha isso em mente e sempre avalie o tamanho desse risco.

Pense no seu bot, se amanhã o Facebook conseguir de alguma forma proibir bots no whatsapp, seu negócio sobrevive?

Você tem um bot ativo no Telegram, Instagram ou no seu próprio site?

Existe algum caminho de atender seu cliente sem ser por um bot?

Perceba que uma das minhas sugestões para mitigar o problema é usar outras plataformas. Mas não tem risco nisso? Claro que tem! Mas assim você utiliza o princípio de diversificação.

“Ah, mas o WhatsApp nunca acabar!”.

Pois é, assim como o Orkut, MySpace, MSN… ⌛

Além disso, nem sempre a ameaça é do encerramento de um produto, por vezes pode ser um próprio grande player incorporando as funcionalidades do seu produto/negócio.

Se o Instagram implementar o seu próprio 'Linktree', o que acontecerá com a essa empresa?

Mais exemplos de tipos de produtos que possuem esses risco são fáceis de encontrar:

Ferramentas de inteligência artificial que usam a API da OpenAI;

Plugins para Wordpress, Woocommerce, Shopify;

Empresas que dependem de estratégias de SEO;

Aplicativos para Android e iOS;

Toda e qualquer ferramenta que se conecta com Instagram, Facebook, Tiktok, Whatsapp;

Consigo me livrar 100% desse tipo de ameaça?

Na minha opinião, não!

O que você pode fazer é mitigar e diversificar ao máximo esses riscos, e faz parte do jogo.

Não faz sentido “construir um Whatsapp“ próprio para criar seu bot, ou tentar desenvolver seu próprio modelo de IA generativa conversacional para seu negócio (a não ser que você tenha bilhões de dólares sobrando).

Além disso, mesmo que seu negócio tenha pouca dependência tecnológica, sempre vai ter uma camada que não está sob seu controle.

Seus usuários devem acessar seu site/sistema via navegador Chrome (Google) ou via Android e iOS (Apple);

Seus servidores e códigos provavelmente vão estar na AWS (Amazon), GCP (Google) ou Azure (Microsoft);

Mesmo que você resolva montar um servidor na sua casa, seu sistema bem provavelmente será Linux ou Windows Server.

Em resumo, tenha ciência dos riscos e saiba quando e quanto vale a pena se expor a cada um deles.

Mas por favor, não vai tentar criar um servidor aí na salinha da sua casa, juro que não quis te influenciar dessa forma, ok?! 😅


Esse texto é parte da edição 11 da newsletter O Digital.

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AHH Cara com certeza, nesse caso, não tenho como não lembrar do Icaro de Carvalho que usa o Instagram como principal plataforma de aquisição de clientes mas joga todo o tráfego para o produto dele - O novo mercado - fora da plataforma.

Ele acaba sendo blindado por ter o próprio produto, e não depender de marca externa. Inclusive, ao ser cancelado pelo Felipe Neto ele faturou alguns milhões. Vantagem de se ter um bom produto e saber se posicionar.