Executando verificação de segurança...
14

Criando um produto: dicas sobre pesquisa de mercado

Vi uma publicação no Hacker News com a seguinte pergunta: Como fazer pesquisa de mercado para produto?. Eu li vários comentários, anotei os principais pontos sobre eles e agrupei por semelhança conforme os tópicos abaixo.

Recomendações de pesquisa

As conversas iniciais consistem em tentar entender o problema do cliente e como ele é doloroso, e não entrar imediatamente com uma solução em mente. Não pense demais, apenas vá lá e converse com as pessoas. Quanto mais melhor. O fator limitante no primeiro dia é a falta de informação, por isso o seu trabalho é aprender até que seja bastante óbvio o que fazer.

Você pode usar as seguintes formas para pesquisa:

  • Família e amigos da indústria;
  • X (Twitter) e Reddit (procurando reclamações, listas de desejos, pessoas pedindo alternativas);
  • Análises do produto;
  • Publicações e fóruns específicos do setor;
  • Se você tem muito dinheiro, entrevistas com especialistas e pesquisas por meio de insights do GLG ou similares;
  • Encontrar pessoas no LinkedIn e pedir para conversar;
  • Procure avaliações de 1 estrela em lojas relevantes (os exemplos dados foram G2 e Capterra), e veja se você consegue resolver esses problemas sozinho.

Essas pesquisas também podem ser usadas para definir funcionalidades futuras.

Além disso, algo que talvez tenha um efeito maior em negócios B2B: converse com clientes em potencial e use perguntas bem abertas. A maioria das pessoas gosta de reclamar, então você pode ouvir qual é o maior problema deles. Depois, faça perguntas de acompanhamento sobre como o problema os está afetando pessoalmente. Isso pode te ajudar na fase de venda.

As pessoas não querem dar feedbacks negativos

As pessoas, em sua maioria, evitam conflitos e, portanto, não fornecem feedback honesto. Como resultado, você precisa ser um pouco indireto em sua linha de questionamento e prestar mais atenção ao que eles fazem do que ao que dizem.

Nesse caso, você pode ter duas abordagens opostas de perguntas para o problema em questão, para que você possa ver se elas direcionam as respostas. Exemplos:

"Se eu fizesse um novo serviço x, você gostaria?" vs "Se eu dissesse que custaria US$ 5 para você usar o novo serviço x, você o usaria?"

"Você acha que o novo serviço x seria útil?" vs "Você acha que alguém quer um novo serviço x?"

Além disso, não pergunte a amigos ou familiares se eles acham o seu produto uma boa solução. Obtenha feedback começando com a premissa de "Como isso é ruim agora?".

Aprenda a vender o produto

Não construa o produto apenas na esperança de que as pessoas venham até você. Além de fazer pesquisas de mercado, é igualmente importante que você descubra se será capaz de "comercializar" o produto. Pergunte ao seu potencial cliente:

"Se este produto estivesse disponível hoje e eu o oferecesse gratuitamente, você iniciaria o processo de implantação e lançamento imediato?"

Se a resposta for "não", então há algo errado, já que é uma oferta gratuita. Então, você tem que se aprofundar e descobrir o porquê. Repita isso com alguns clientes em potencial e você deverá começar a convergir para um entendimento válido.

Se a resposta for "sim", então você precisa descobrir o preço. Pergunte algo como

"Ok, e se eu cobrasse um milhão de dólares pelo produto?"

Até encontrar o preço ideal. Supondo que você consiga fazer com que seu cliente diga "sim" em um número que seria lucrativo para você, agora você sabe que tem um produto que pode ser vendido a pelo menos um cliente por um preço lucrativo. Se o produto realmente existir, venda-o. Se ainda não existir, prometa ao cliente que você o avisará assim que estiver pronto e continue iterando.

Quando você tem um produto ou protótipo concreto para exibir, o melhor indicador é que as pessoas perguntem se podem comprar o produto agora. Se não o fizerem ou se você tiver que perguntar se estão interessados, provavelmente não estará resolvendo um problema importante para eles.

Faça um MVP, mas um MVP mesmo

Se você deseja iniciar uma startup, você não está otimizando para minimizar erros. Você está descobrindo se alguém se importa o mais rápido possível. Você só obterá a verdadeira validação disso vendo se as pessoas usam o seu produto e, em seguida, iterando a partir daí.

Você precisa, ao mesmo tempo, conversar com as pessoas e criar o MVP para lançar o mais rápido possível. Quando se trata de testar um produto, tente entregar o valor manualmente. As empresas não compram software, elas compram soluções para problemas.

Use uma lista de espera para medir o desejo

Depois de definir seu público-alvo e fazer uma análise da concorrência, crie uma landing page rápida com lista de espera. Tente direcionar o tráfego para lá com publicações nas redes sociais e talvez com anúncios pagos. Isso irá medir o interesse das pessoas no seu produto.

Recomendações de livros

Eu não li nenhum dos livros abaixo, mas eles foram recomendados pelas pessoas que comentaram na thread do Hacker News (alguns estão com preços bem acessíveis para o Kindle):

Recomendação de vídeos

O arkadiyt recomendou dois vídeos da Y Combinator sobre o assunto:

Recomendação de leitura extra

O geekodour criou algo que não deu certo, mas fez uma publicação no blog resumindo sobre a pesquisa de mercado. É quase um checklist, está bem completo e pode te ajudar.

Carregando publicação patrocinada...
4

Embora o "Mom Test" seja frequentemente mais recomendado por sua abordagem quase trivial é importante destacar que Steve Blank é o grande pioneiro do "Customer Development Method".

O livro do Steve Blank, que sempre recomendo por aqui, é a leitura fundamental para todo aqueles envolvidos no desenvolvimento de startups e negócios disruptivos, sendo considerado como a "bíblia" do empreendedorismo digital. Além da leitura, há uma variedade de recursos educacionais disponíveis aborda os ensinamentos do livro, incluindo cursos em vídeo em plataformas como Coursera, Udacity, conteúdo gratuito no YouTube além do supracitado "mom test".

No entanto, é importante estar atento às "armadilhas da modernidade", que podem desviar os empreendedores de princípios fundamentais do abrir e gerenciar uma empresa e estar atento as peculiariades da legislação e mercados brasileiros. Nesse contexto, "O Segredo de Luísa", um clássico da literatura empreendedora nacional, é uma obra complementar essencial. Justamente por não se concentrar especificamente em tecnologias emergentes, este livro aborda a essência da criação e do desenvolvimento de negócios no Brasil.

1

Após identificar o público-alvo, surge uma questão relevante: como garantir que esse público específico realmente adquirirá o produto ou serviço? Por exemplo, ao desenvolver uma nova funcionalidade para uma ferramenta de cardápio digital, como determinar se essa adição será valorizada pelos donos de restaurantes? Embora a novidade possa aprimorar a experiência do cliente, é o proprietário do estabelecimento que tomará a decisão final sobre sua adoção. Nesse contexto, qual seria a abordagem mais eficaz para validar a viabilidade, a rentabilidade e a aplicabilidade da ideia? Quem deveria ser o foco principal da pesquisa para assegurar que a proposta seja bem-sucedida e atenda às necessidades do mercado?

1

@psousaj não tem garantia que as pessoas que disseram que "gostariam" realmente comprarão.

No seu exemplo sobre o cardápio digital, você precisa sim vender a ideia para o dono, já que é ele quem pagará por isso, mas você pode realizar uma abordagem mostrando dados para ele que ajudem na tomada de decisão.

E, como dito na publicação, você e o dono do restaurante podem fazer a pesquisa e a "implementação manual" para ver se tem um efeito positivo (um PDF simples com QR Code, por exemplo). Esse efeito deve ser definido antes dos testes: o que vocês estão buscando? Que o cliente dê uma avaliação melhor? Que ele escolha mais rápido? Que compre mais coisas? Que a venda de sobremesas aumente? Que o cliente compartilhe mais o restaurante?

Se eu estivesse no seu lugar, buscaria primeiro entender um problema que posso resolver e depois buscaria a solução. Talvez o cardápio digital não resolva uma dor do cliente/restaurante.