Se virando com o que tem
Fala pessoal!
Resolvi compartilhar uma experiência que tive em uma gigante de telecom. Para dar o contexto, eu sempre fui de TI e resolvi que poderia contribuir com a área de negócios dessa empresa. Fui contratado para ser meio que uma "interface" entre a área de negócios e a área de TI, não sermos enrolados e dar celeridades às requisições.
Conseguia escrever os requisitos de forma mais assertiva, dar o entendimento mais técnico para a galera de TI e as coisas fluirem. Porém algumas coisas não são assim tão fáceis.
Pequenas tarefas do dia a dia, em grandes empresas, acabam ficando escanteadas por não serem tão relevantes num faturamento bilionário. Entretanto tem muito dinheiro ali. São pequenas rotinas que somadas, no fim do mês trariam milhões em recuperação.
As áreas de TI das grandes empresas são atoladas de grandes projetos, estruturantes, disruptivos, etc. e esses pequenos projetos acabam ficando para trás. Foi aí que eu entrei com meu canivete suiço: VB Script.
O que eu fiz?
Bom, a primeira barreira que temos é a questão de acesso. Não temos banco de dados, ferramentas nem nada liberado. Consegui a muito custo um acesso adm na máquina, com aval da diretoria, do bispo e do papa.
A segunda barreira é licença, então não poderia instalar o Dotnet que era minha ferramenta de trabalho "nativa" na época. Então bora para o que eu tenho.
As rotinas manualmente demandavam um tempo absurdo e muitas vezes eram derrubadas por tempo de query (tínhamos acesso de consulta a uma base D-1), então tinha que me virar com isso também.
Os dados da base não eram estruturados, nada mais era que as linhas de um arquivo texto num campo de uma tabela, então eu precisava fazer filtros dentro de substrings, já imaginam o trampo.
Com o acesso, criei um banco mysql local, onde eu poderia extrair a base o mais rápido possível, subir nessa base local e fazer o que quisesse.
Como foi o processo?
Criei um script em VBS que conectava no Oracle e fazia uma query com poucos filtros (índices) e já estraía os campos necessários dos substrings e exportava num arquivo csv.
O script importava no mysql em uma tabela myisam já indexada, passava um myisampack e deixava ela ligeira.
Feito isso, começava a extrair os números dos problemas que havia no dia anterior e geravam uma planilha excel, gerava um e-mail e enviava para o grupo de analistas responsável.
Era deixada uma task de windows pronta às 3h da manhã a rotina era executada por umas duas ou três horas e pela manhã já estava pronta.
O que isso trouxe?
Foi criado um grupo de trabalho em que foram sendo estancadas essas torneiras nas origens dos problemas em suas respectivas plataformas a um custo baixíssimo. Isso gerou um retorno de mais de R$ 300k por mês para a empresa em somente um dos processos. Foram criados aproximadamente quinze em diversas áreas correlacionadas.
Esse primeiro foi legal porque depois eu consegui abrir portas e trazer o python para o jogo e a coisa ganhou outra proporção.
O que eu quero mostrar?
Não necessarimente a melhor linguagem de programação é aquela que está no hype, é a que todo mundo fala ou a que você não sabe. A melhor é aquela que você tem na mão e vai resolver sua dor.
A proatividade mudou a visão da área sobre a tecnologia e o perfil de profissional que ela queria. Uma área operacional passou a requisitar profissionais muito mais capacitados em pequenas automações, como SQL, VBA, VBS e Python, do que simplesmente aquele analista "cara crachá".
Não subestimem as ferramentas básicas ;-)