Uma [breve] historia da internet
Prefacio
Olá, faz tempo que não apareço por aqui. Hoje trouxe um texto que nos fará voltar um pouco no tempo. O texto foi escrito inicialmente para uma empresa de software no instagram: @optimum.br com a primeira parte desse texto, ou seja, conteudo exclusivo. Não se esqueçam de que as anotações estão no final da pagina, e cada uma possui uma númeração em forma de expoente(2).
Introdução
Hoje, a internet está mais do que presente nas nossas rotinas. Você está lendo esse texto por ela, afinal. Mas, sem dúvidas, ela faz muito mais do que mostrar um post em sua timeline. A internet proporcionou novas formas de ensino e pesquisa, com um conhecimento a cliques de distância; mas a ideia “core” da internet na verdade é o poder de comunicação.
Durante séculos — e até mesmo nos dias de hoje — o meio principal de comunicação era feita no “boca-a-boca”, que cria a necessidade de uma interlocução direta com outra(s) pessoa(s)1. Com a passagem dos tempos, a comunicação evoluiu como as cartas sendo um meio viável de comunicação2. Com o tempo, veio as linhas telefônicas, que foi a porta de entrada para comunicação e conectividade através da internet.
O Início
Tudo se iniciou no final de 1950, nos altos da guerra fria, onde o Departamento de Defesa dos Estados Unidos precisava de uma central de comando e controle que sobrevivesse a um ataque nuclear. Nessa época, todo o sistema militar do país se comunicavam através da rede de telefonia pública, o sistema de telefonia não era descentralizado, oq significa que existiam centrais que conectam telefones locais, o'que tornava o sistema de comunicação vulnerável, afinal, atacando uma central, a comunicação com as linhas telefonicas ligadas aquela central seriam prejudicadas.
Em 1960, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos firmou um contrato com a RAND CORPORATION para solucionar esse problema, aparecendo então uma solução apresentada por um de seus funcionários, Paul Baran. Paul criou um protótipo distribuído, sendo apresentado então ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Após analisado o diagrama desenhado por Baran, o Departamento de Defesa enviou a empresa AT&T para que construísse um protótipo3. A AT&T porém rejeitou as ideias de Baran alegando que não seria possível a construção do protótipo.
A Arpanet
Em 1957, após a derrota dos EUA na corrida espacial com o envio do satélite sovietico Sputnik, o então presidente dos EUA, Dwight Eisenhower, procurou os responsáveis por essa “dormida no ponto”. Ele observou que os órgãos militares (Marinha, aeronáutica, etc.) estavam “disputando” para saber quem receberia o orçamento de pesquisa do pentágono, fazendo com que ele criasse a Organização Centralizada de Pesquisa de Defesa, a então Arpa (Advanced Research Projects Agency).
Durante os primeiros anos, a Arpa tentou compreender qual era seu propósito, só em 1967 que o então diretor da Arpa, Larry Roberts, se atentou para as redes4, com uma motivação em oferecer acesso remoto aos computadores. Foi então que, após uma procura, ele encontrou Wesley Clark, que apresentou um projeto semelhante ao de Paul, com um sistema distribuido controlado por roteadores em pontos da rede. Sim, foi aí que as coisas começaram a mudar.
Após as ressalvas enquanto a ideia, Larry escreveu um documento um pouco vago e apresentou-o em um simpósio de Princípios de Sistemas Operacionais em Gatlinburg, Tennessee no final de 1967. Neste simpósio havia um projeto semelhante que, não só tinha sido projetado, mas também implementado pelo Laboratório de Física na Inglaterra. O projeto conectava apenas meia dúzia de computadores no campus do NPL, mas Roberts ficou convencido de que a transmissão de informações por pacotes era uma boa ideia, construindo então o mais tarde chamado Arpanet.
Os Primeiros Roteadores
A ideia foi então projetada, e sendo projetada, foi desenvolvido os microcomputadores que serviam como interfaces para processar mensagens, os IMPs (Interface Message Processors), esses IMPs eram interligados por fios de 56 Kbps, o'que na época era o mais veloz5. Cada IMP possuía, pelo menos, outros dois conectados a ele replicando os pacotes de rede com informações, para garantir que, quando um IMP fosse destruído, haveriam outros com a mesma informação e outro, e outro, e assim por diante[...], dando então sentido ao termo “comutação de pacotes”.
Cada IMP possuía um host, que era quem criava as mensagens para o IMP enviar. Pense no host como o seu celular enviando uma mensagem pelo Whatsapp, onde ele (O celular) produz a mensagem e o roteador da sua casa envia a mesma. Os Hosts produziam mensagens de 8063 bits, porém o IMP quebrava a mensagem em partes de até 1008 bits e encaminhava eles de forma independente. Formando assim a primeira rede eletrônica de comutação de pacotes, store-and-forward (armazenar e encaminhar).
Após a projeção da rede, a Arpa abriu as portas para o mercado e a concorrência para a construção desse projeto. 12 empresas apresentaram projetos, e a escolhida foi a BBN, empresa de consultoria de Cambridge, Massachusetts, que em 1968 assinou o contrato para o desenvolvimento da sub-rede. A BBN usou como roteador (IMP), um DDP-316 modificado com 12K palavras e 16 bits de memória. Com discos distribuídos e acoplados, pois componentes removíveis eram considerados inseguros na época.
Tudo está apenas começando
Em 1969 foi levado ao ar uma rede experimental que conectava quatro nós: Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA) e Santa Barbara (UCSB), Stanford Research Institute (SRI) e Universidade de Utah. Para aumentar o desafio, os hosts de cada universidade eram diferentes. Em 2 meses antes, tinha sido enviado uma mensagem host a host da Universidade da Califórnia (UCLA), até o Stanford Research Institute (SRI). A rede logo cresceu e foi entregue outros inúmeros IMPs para o território norte-americano, em 3 anos a Arpanet cresceu com grande velocidade.
A Arpa não só financiou a Arpanet, mas também contribuiu para grandes projetos de pesquisa no campo das redes via satélites e comutação de pacotes via rádio, o tão conhecido wifi.
É importante destacar que a história da internet não para por aqui, ainda houve gigantescos avanços na área, assim como nos dias de hoje. O Post pode ficar por aqui, mas a história não. Ainda houve grandes reviravoltas com a NSFNET; A criação do TCP/IP para padronizar a comunicação entre os roteadores; A fundação da Word Wide Web, famosa WWW, e assim por diante. Hoje temos pequenos aparelhos com antenas em nossas casas que chamamos de roteadores, mas mal sabíamos nós que “os avós” dos roteadores eram máquinas que ocupavam salas, faziam barulho e eram muito mais lentas que nossos celulares. O trabalho de grandes pessoas e organizações nos permitiu usufruir do que temos hoje, a internet. Tenho que ficar por aqui, afinal isso é apenas Uma Breve História da Internet.
Por - Ryan Dias,
Mantenha-se firme, Mantenha-se bem.
Anotações
1 Fato é que o meio mais “rudimentar” da comunicação seja através dos símbolos, algo que usamos ainda hoje: a escrita.
2 Fato curioso: O protocolo de rede UDP(user datagram protocol) é uma forma de se comunicar por pacotes — Ou chamada de cartas — transmitindo os dados de sua mensagem. A palavra Datagram Faz analogia ao próprio datagrama que tinha como utilidade transmitir informações através das cartas pelos correios. Onde não era necessário manter uma comunicação constante, apenas mandava a carta e tinha [ou não] a possibilidade de resposta. Exatamente como o UDP funciona.
3 A AT&T, então empresa da costa leste, naquela época possuía o monopólio de telefonia, detendo aproximadamente 94% dos EUA usando seus serviços, motivo que se deu sua divisão em partes menores para o estímulo da concorrência de mercado. As partes menores ainda existem nos dias de hoje, denominadas “Baby Bells”. (Fonte, https://pt.wikipedia.org/wiki/AT%26T).
4 Importante destacar aqui que as “Redes” aqui fazem sentido a ideia de uma rede de computadores interconectados.
5 Lembrando que hoje em dia temos links que rodam a Gigabytes por segundo. Uma evolução e tanto, não?!