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Carta de um dev rabugento para novos devs

Quarta-feira, 9 de outubro de 2024.

8:12 p.m. No escritório. Está chovendo, um pouco frio, estranho para uma primavera.

Tenho como atividade profissional a programação desde 2014. Abril de 2014, para ser mais preciso, foi quando comecei em uma agência criando sites e sistemas web com PHP e jQuery. Isso mesmo. Na época, não existia nada desses frameworks e libs que usamos hoje em dia. Tínhamos que "sujar as mãos" com o bom e velho jQuery para garantir algumas animações e retrocompatibilidade com navegadores arcaicos, como o IE6. Só de me lembrar já me dá calafrios… Mas foi uma época boa e de muitos aprendizados. Já pensei em largar tudo e ir para uma área completamente diferente? Já! Porém, como já devem ter percebido, continuo na mesma área.

Nessa época em que iniciei, já existia uma certa ideia sobre o compartilhamento de conhecimento por fóruns, blogs e YouTube, inclusive. Nada comparado a hoje, mas já surgiam alguns “tech influencers”. Lembro-me de passar bons momentos lendo artigos no Medium, onde consumia conteúdo gringo e de alguns "brazukas" desbravadores da plataforma.

Durante esses meus mais de 10 anos de profissão, atuei quase que exclusivamente como desenvolvedor fullstack (lá nos primórdios ainda conhecido como web master) e continuo assim até hoje.

Olhando para trás, vejo algumas decisões que tomei no decorrer da carreira, nas quais algumas me arrependo e outras acertei muito. Na verdade, não sei se "arrependimento" seria o termo correto, pois essas escolhas me levaram para onde estou hoje, e estou feliz com isso. Baseado nisso, gostaria de elencar alguns “conselhos” ou dicas, como preferir, para os novos devs que estão entrando no mercado, ou que já estão há algum tempo na profissão e talvez se sintam descontentes com alguns aspectos dela.

Foque sempre na base. Acredito que não existe conselho melhor para alguém em início de carreira. Você lendo isso pode até se perguntar internamente: "Mas isso é muito óbvio". Pois é, eu concordo contigo, caro leitor. Porém, às vezes, as coisas mais óbvias nem sempre estão claras para a gente. Eu confesso que negligenciei a base lá no início, e isso atrasou muito meu desenvolvimento como dev. Sabe aquelas aulas chatas de algoritmos e estrutura de dados que vemos na faculdade? Aproveite-as ao máximo. Leia, aplique, treine e depois retorne para o primeiro passo. Esse é o ciclo de aprendizado. E ame o processo. Não se constrói nada grande em uma semana. E não vai ser em uma semana que você vai aprender tudo.

Encontre uma empresa que seja sua parceira. Lembre-se de que o contrato de trabalho tem que ser uma via de mão dupla, um ganha-ganha. Você contribui para que a empresa conquiste suas metas e objetivos, e ela também deve contribuir para as suas metas de carreira. Encontre um local que te dê espaço para usar sua criatividade, que te dê espaço para que você possa testar uma nova tecnologia e, o principal de tudo, que tenha profissionais com essa mesma gana de aprendizado. Afaste-se dos negativistas, pois isso é mais contagioso que gripe.

Faça alguns freelas. Todo desenvolvedor já teve sua fase de pegar aqueles freelas, seja para complementar a renda ou para se desafiar e procurar outros contextos. Nesse momento, com seus primeiros freelas, você vai errar nas estimativas e vai duvidar de suas capacidades. Mas continue firme e lide com essa situação com naturalidade, pois faz parte do processo. Todos passam por isso. E com você, no início de carreira, não será diferente. Apenas não ferre com o cliente. Coloque-se no lugar dele e o mantenha sempre informado do que está acontecendo.

Aprenda a dizer não. Aprenda isso o mais rápido possível. Isso vai te ajudar a manter a sanidade e a poupar um gasto com terapia. Muitas situações em que eu disse SIM, sem ter certeza de que era um sim convicto, foram as vezes em que mais me ferrei. Seja em projetos como freela ou até em projetos internos da empresa. Tenha em mente o seguinte: se não é um SIM óbvio, é porque a resposta deve ser NÃO.

Seja sempre um aprendiz. Não importa quanto tempo de carreira você tenha. A partir do momento em que você escolhe essa profissão, você poderá se considerar sênior em algumas coisas, e com certeza será júnior em outras. Nunca pare de estudar, se aperfeiçoar e, por que não, voltar à base.

Enfim, esses são alguns conselhos que podem te ajudar nessa caminhada e te livrar de alguns problemas.

Grato pela paciência e por ler até aqui.

Nos vemos nas próximas cartas.

8:51 p.m.

Daniel.

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concordo muito com você quando falamos sobre questões de arrependimento, apesar de tudo são os erros, acertos e experiências que nos fazem ser quem somos; não é exagero pensar que as coisas seriam muito diferentes se certos eventos não tivessem ocorridos. Eu por exemplo reprovei duas vezes na cadeira de Estrutura de Dados e apesar do tempo que perdi (perder talvez seja força de expressão), acabei descobrindo e aprendendo muitas outras coisas relacionadas a área, inclusive conheci pessoas novas desse meio e que certamente esses acasos contribuiram bastante para o meu aprendizado.

no momento tenho planos para continuar seguindo nessa carreira que amo e odeio ao mesmo tempo, mas no fim do dia são ossos do ofício...

como diria meu velho pai: "o estresse de hoje é o aprendizado de amanhã."

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Acho que o natural de todo dev é ser tornar o dev rabujento (feliz ou infelizmente haha).

Esta é uma carta que todos deveriam ler, independente do tempo e da experiência na área, porque pelo menos pra mim são dicas que apesar de parecerem óbvias, são muito difíceis de internalizar e praticar, acabamos não dando o devido valor. E conhecer os processos, se permitir errar, corrigir erros, fortalecer sempre a base de conhecimento antes de querer entregar algo complexo, etc., são coisas que não se aprende de um dia para o outro, e acho que ouvir isso nunca é demais.

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acredito que quanto antes entendermos que os fracassos irão aparecer com mais frequência que os acertos e que tá tudo bem errar e se permitir errar, melhor será para lidarmos com as frustações e com as dificuldades que os aprendizados no geram; a dor de aprender é ter noção de que quanto mais se aprende mais perguntas surgem.

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Sou dessa época também! Comecei lá em 2011 e jQuery éra presente em toda web, hoje em dia temos 1 zilhão de frameworks JS e os novos devs ficaram muito mais dependentes de frameworks.

Bom texto!