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Empreendedor consegue tirar férias?

Eu achei que não, durante muito tempo…

Há alguns anos eu venho trabalhando de forma muito intensa, com pouco ou quase nada de descanso. Nas últimas semanas, eu comecei a notar o quanto eu estou cansado, tanto fisicamente quanto mentalmente.

Na edição de hoje da Newsletter do Moa, eu falo sobre como a sobrecarga de trabalho é capaz de tirar a nossa capacidade de pensar. Falo também sobre a importância de, vez ou outra, tirar férias.

O corpo pediu arrego

Eu entrei na DevPro (então Python Pro) no segundo semestre de 2019. Saí de lá na metade de 2022. Meio que na sorte, a gente acabou vivendo, in loco, o boom do digital causado pela pandemia. Foram 3 anos muito intensos de trabalho.

Me lembro que, quando eu era mais novo, eu prezava muito pelos feriados. Moleque, 20 e poucos anos, solteiro, com algum dinheiro no bolso… eu queria mais era curtir. Lembro de, certa vez, ter que trabalhar durante todo o período entre natal e ano novo. O projeto estava atrasado, e a gente precisava entregar aquela bomba. Imagina só… 27 de dezembro, o escritório completamente vazio, e só a gente trabalhando. Eu fiquei muito puto…

Mal sabia eu que, anos depois, estaria virando o ano executando um lançamento com verba de mais de R$ 100k de investimento em mídia. O mais curioso: fazendo isso amarradão. Eu amava o que eu fazia. Ainda amo, sem dúvidas nenhuma. Construir negócios pela internet é o que eu mais curto fazer, profissionalmente falando.

Mas, independentemente de se amar o que faz, fato é que esse é um jogo bem estressante. Lançamentos digitais, então, nem se fala. Imagine a pressão e a responsabilidade que é investir R$ 300k em menos de um mês, sem ter a certeza de que essa grana vai voltar. Estamos falando do valor de um imóvel, investidos em mídia digital. Isso é muito estressante.

Devido ao ritmo frenético que a gente tinha na DevPro (e também na Codevance, afinal, eu toquei os dois negócios em paralelo durante todo o tempo), eu nunca parei para tirar férias. Fiz, sim, algumas viagens durante o período, mas nunca sem me desligar da operação. Minha esposa sabe o tanto de vezes que eu estava na praia, de sunga, e no celular discutindo custo por lead com o time. Nesses momentos, o corpo até que descansava. Já a mente, era bem mais difícil.

Tanto que, quando decidimos encerrar a operação e eu sair do projeto, eu simplesmente caí de cama durante uma semana. Fiquei muito resfriado, com o corpo mole, sem forças para nada. Tenho certeza que isso foi meu corpo dizendo "ufa, finalmente esse louco entregou suas responsabilidades, agora posso ficar doente em paz".

A sobrecarga nos tira a capacidade de pensar

A última vez que eu fiquei 30 dias direto sem pensar em trabalho foi em 2012, quando ainda era CLT. Isso faz mais de 12 anos. Depois que eu decidi seguir minha vida profissional de forma autônoma, eu nunca mais tive um mês seguido de férias.

Não estou reclamando. Longe disso, aliás. Acho que se eu ficasse 30 dias de perna para o ar, eu ficaria maluco. Graças a Deus, eu tive coragem de arriscar, quando era mais novo, e, deliberadamente, construir a vida que eu queria viver. De novo, eu amo a minha vida atual e amo o que faço. De novo, isso não significa que o dia a dia não seja estressante.

Por mais que eu tenha começado cedo nessa vida de freelas, eu fui tomar jeito e decidir levar minha carreira a sério lá em 2017, depois de uma última experiência frustrada no mercado de trabalho. De lá pra cá, eu nunca mais parei.

Os últimos anos foram muito intensos. Nos anos de 2018 e 2019, eu me dediquei full time a construir a Codevance. Por mais que, no início, eu vendesse a Codevance como uma fábrica de software, no background, quem fazia tudo era eu. Quando eu descobri que bastava trabalhar forte para ganhar dinheiro, eu comecei a trabalhar igual a um maluco. Eram 10h/dia, de segunda a sexta, e pelo menos mais umas 6h no sábado.

Fiquei nesse ritmo por um ano e pouco, até que vi que ganhar dinheiro era bom, mas, não ter tempo para gastar esse dinheiro era ruim. Foi quando eu comecei a contratar os primeiros prestadores de serviço da Codevance. Além disso, eu percebi rápido que esse modelo de negócio de prestação de serviços era muito atrelado a venda de horas. Portanto, comecei a me interessar pelo mercado digital e pela venda de infoprodutos.

Da metade de 2019 até a metade de 2022, a minha dedicação ficou toda voltada a construir um negócio digital. No "tempo livre", eu seguia tocando a Codevance (agora de forma muito mais estratégica, com o operacional gerido de forma excelente pelo Ronaldo).

Foi só quando saí da DevPro que me vi "sem muitas responsabilidades" diárias. Coloco entre aspas, pois ainda havia Codevance, e a minha mente estava obcecada em encontrar uma nova forma de ganhar dinheiro. Por mais que eu quisesse descansar, olhar para a enorme barriga da minha esposa, grávida de 6 meses, me fazia lembrar que, em breve, eu teria uma família para sustentar. Assim surgiu o Tintim.

Quando comecei o Tintim, pensei "Eu consigo fazer isso. Já sei construir software, e já sei vender pela internet. Não tem nada de novo aqui". Esse pensamento até que faz sentido. Eu só esqueci de considerar que, agora, eu também tinha um filho recém-nascido em casa. O primeiro ainda. Para ajudar, resolvi começar essa newsletter. Estava fácil a vida, não é mesmo?

Graças a Deus, eu consegui equilibrar todos os pratos. O Tintim atingiu R$ 200k MRR em menos de 18 meses. A newsletter já conta com mais de 2.000 assinantes. Meu filho, o principal, é lindo, saudável e perfeito. Somos uma família feliz, com todas as imperfeições possíveis que uma família feliz possa ter.

Mas, isso vem com um custo. Estou trabalhando muito. Muito mesmo. Meu dia começa às 5h30 da manhã e só acaba às 20h30, quando eu paro pra jantar com a minha esposa. São 15h de agenda cheia, de segunda a sexta. É uma rotina diária muito cansativa.

Agora, some a isso o desafio psicológico de ser 100% responsável financeiramente pela sua família. Acrescente, ainda, o fato de seu ofício ser um dos ofícios mais arriscados do planeta terra: ser empresário no Brasil. Imagine o stress de ver as economias de uma vida de trabalho indo embora, pouco a pouco, pois você sabe que ainda não chegou a hora de começar a tirar dinheiro da empresa. É MUITO ESTRESSANTE.

De novo, não me entenda mal: eu não estou reclamando. Longe disso. Essa foi a vida que pedi a Deus e eu sou extremamente grato por tê-la. Acontece que, independentemente da gratidão por tudo o que tenho e vivo, fato é que eu estou estressado e isso está afetando meu desempenho profissional e pessoal.

Atualmente, tenho um desafio enorme de carreira: virar a chave de executor para gestor. Eu já vinha intuindo isso, até que, num café com meu amigo Tiago Fortes, eu realmente consegui realizar e tangibilizar esse dilema pessoal: entender que a força bruta e o excesso de trabalho, que me trouxeram até aqui, não são mais os fatores determinantes que vão me levar ao próximo nível.

Os problemas que enfrento atualmente não são simples de resolver. Não são problemas binários, que podem ser resolvidos imediatamente, como arrumar um bug no software, ou acertar a copy de um anúncio campeão. Os meus problemas, atualmente, são complexos. São problemas que precisam ser elaborados, maturados… a solução para esses problemas não surgem do dia para a noite. Elas dependem de reflexões, de estudo, de conversas, de testes. E eu não estou tendo tempo para refletir, estudar, conversar e testar.

Vou tirar férias!

Eu não pretendia tirar férias. Eu já tirei férias no começo do ano. Há cerca de 8 meses atrás eu consegui me afastar da operação por duas semanas. Fiquei fora na última semana de 2023 e na primeira semana de 2024.

Acontece que surgiu uma ótima oportunidade. Agora em setembro, acontecerá o SaaStr Annual 2024, o maior evento de SaaS do mundo. Já falei aqui diversas vezes o quanto os eventos mudaram minha carreira. Se eventos brasileiros de tecnologia já foram tão impactantes, imagine o maior evento do mundo da categoria, na meca do empreendedorismo digital tecnológico, que é o Vale do Silício…

San Francisco fica muito perto de San Diego, e a Nathalia tem uma prima que mora em San Diego. Então, ela deu a ideia: por que não passar alguns dias de férias na Califórnia antes do evento? De fato, é uma baita oportunidade, afinal, não vamos precisar gastar com hospedagem e nem com a minha passagem, que será paga pela empresa.

O dólar está nas alturas? Sim. O fluxo de caixa pessoal não é dos melhores? Sim, também. Mas, qual é o problema? Para quê a gente ganha dinheiro, afinal? Dinheiro é moeda circulante, portanto, precisa circular. Para ganhar dinheiro é preciso gastar dinheiro. O dinheiro que eu gastar hoje, eu recupero com folga amanhã. Isso não é problema, desde que a minha cabeça esteja boa.

Esse é o ponto. Eu estou muito cansado mentalmente. Essa viagem, sem dúvidas, será revigorante. Vai ser a oportunidade de dar um reset e voltar com tudo para fechar o ano de 2024, e planejar o ano de 2025. Eu quero chegar revigorado no SaaStr e poder beber direto da fonte. Aprender com os melhores do mundo a como escalar uma empresa de software como serviço. Aprender a escalar ainda mais o Tintim.

Por isso, estou saindo de férias! Ficarei algumas semanas ausente por aqui, mas, não se preocupe…

Quando eu voltar, eu vou voltar com tudo!


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💪🏻 O meu objetivo com essa newsletter é ajudar profissionais de tecnologia que desejam desenvolver uma visão mais estratégica.

Além disso, pretendo também compartilhar outras coisas, como um pouco dos bastidores da construção de um negócio SaaS, as minhas opiniões e meus aprendizados. A ideia geral é ser uma documentação pública e estruturada dos meus pensamentos e aprendizados ao longo dos anos.

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um bom empreendedor deve planejar ciclios semanais, mensais, semestrais e anuais de trabalho, incluindo folga, gosto do padrao de 15 dias de ferias a cada 6 meses, nao fica longo a ponto de ser chato, nem curto a ponto de nao recuperar

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