Aparentemente estou dizendo demais, mas quer algo mais sustentável que explica como o mercado funciona fica o textão. Para quem quer só o valor, está na primeira linha do primeiro parágrafo do texto principal, não precisa ler mais nada.
Não vou falar de estágio obrigatório de cursos formais, que só pode ser feito por um período muito curto, e que não ajuda a pessoa ganhar experiência muito grande, porque eu acho que não é foco aqui. Falarei de estágio de mercado, que a legislação trabalhista se aplica.
Um estagiário deve ganhar 1 salário mínimo se for carga completa semanal, conforme a legislação exige (consulte como está agora porque isso muda). Caso contrário poderia não ganhar nada, como ocorre em muitos países, porque a empresa está investindo na pessoa. Qualquer coisa acima disso é uma ótima, agradável e admirável generosidade dela. A função do estágio é a pessoa aprender, não se sustentar, mesmo que ela precise disto. Já que ganha alguma coisa, melhor para ela, é ruim porque algumas oportunidades não existem por causa dessa legislação.
O pessoal reclama que não tem vaga para pessoas sem experiência, mas isso se deve muito em função da legislação. Eu entendo a intenção, faz sentido e tem vantagens ter essa obrigação do salário mínimo pago ao estagiário, mas também inibe que algumas pessoas ganhem experiência. A lei está a seu favor em alguns casos, mas em muitos está contra você. Claro que não é fácil achar equilíbrio entre oportunidade e exploração, mas hoje fechamos oportunidades.
Se a pessoa merece mais que isso, provavelmente ela já não é estagiária. Em geral a pessoa poderia começar com trainee, que não se ouve falar muito porque todos esses títulos são usados sem fundamentação alguma, cada um fala o que quiser e cada um entende oque quiser. Quem já merece um emprego normal mas ainda não tem muita experiência, só a do estágio e trainee e não júnior. O fato de todo mundo achar que ele não existe só mostra que os títulos não são usados de forma adequada.
Ninguém começa como júnior, pelo menos não de verdade, pode ser nominalmente.
Depois a pessoa se torna júnior. O título ela pode receber em qualquer momento, ela ser de fato, depende de quem está observado. Eu acho que as formas mais sensatas exigem alguns anos de experiência e capacidade de resolver qualquer problemas simples por conta própria e outros mais complexos que exigem uma qualidade maior, com ajuda.
Se ela for junior eu acho que ela merece pelo menos uns 3 ou 4 salários mínimos, quem sabe mais. Já vi juniores ganhando o dobro disso, e já estava na hora de ver se ela não é plena. Mas já vi alguns ganhando menos de 2 salários mínimos. Eu acho que só porque a pessoa não é júnior de verdade.
As pessoas ganham o que elas conseguem. O que ele teve capacidade de alcançar pelo seu conhecimento, experiência, capacidade de entregar resultado, a qualidade e produtividade do que faz, junto com fatores externos como a necessidade de quem contrata, a concorrência, como tudo funciona na região e até a capacidade da empresa gerar valor com o trabalho que ela está contratando.
Quando eu comecei eu aceitei qualquer coisa, eu só queria a vaga. Daí apareceram oportunidades para trocar de emprego ganhando mais, o que não fiz porque recebi aumento. E sempre foi mais ou menos assim. Eu fui contratado com salário mínimo na época, mas eu pedi vaga mesmo sem pagamento.
Tá bom ficar parado ou fazendo outra coisa? Quer arrumar uma vaga rapidamente? Pode ficar sem os grandes ganhos que tem agora? Eu pediria o menor valor que eu pudesse, que seja satisfatório para mim.
Se fizer isso, dá certo? Não necessariamente. Ainda pode ser muito para o que pode entregar. E isso varia de empresa para empresa.
Pode ser problema também porque a empresa pode não querer contratar alguém que se valorize tão baixo. Aí é questão de perceber onde está se metendo.
Pode perder tempo, mas pode ir testando valores.
Nem sempre funciona bem, mas pode inverter e usar sinceridade e dizer que só quer a vaga, quer ganhar experiência e aceita o que eles acharem justo. Novamente isso não funciona bem sempre, tem empresa que entende isso como alguém que sairá logo. Se você justificar, pode ser bem visto. Fazendo isso com maturidade pode se tornar algo positivo.
Tem pesquisas salariais que apontam de 3000 a 5000 reais, mas não consideram várias coisas. Ninguém ganha a média, então esse valor não é útil. Quem está começando sempre vai no limite inferior ou mais baixo que isso.
Eu já vi a pessoa ir baixando até ser contratada, e aí pegou um emprego "lixo". E quem garante que a próxima seria um emprego bom e que pagava até mais do que queria no começo?
O valor está em você e no mercado, não está no que você faz especificamente. Conheço programador de C que ganha menos 5k e programador de JS ganhando mais de 20k. Não existe uma tabela de valores por tecnologia. Pode-se ver médias menores ou maiores em cada uma, mas é só uma pesquisa, muitas vezes com apenas dezenas de itens em meio aos muito milhares que existem. Dá uma base por cima, mas não diz quanto as pessoas ganham de fato, a margem de erro é altíssima. Claro que tem médias que tendem a ser menores. Por exemplo, PHP costuma pagar menos em média, mas só porque é comum os menos experientes usarem esta linguagem. Mas tem programador PHP com 30k Eu conheço um programador que ganhava 25k com linguagem que costuma pagar bem, foi para outra que costuma pagar pior e agora ele ganha 45k. E ele saiu do mercado financeiro para o varejo (o setor que você tenta faz muito mais diferença que a tecnologia, mas esse exemplo a empresa específica é que fez diferença).
Faz sentido?
Farei algo que muitos pedem para aprender a programar corretamente, gratuitamente. Para saber quando, me segue nas suas plataformas preferidas. Quase não as uso, não terá infindas notificações (links aqui).