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Como me tornei um programador velho: as raízes e a motivação

Contei na última postagem que, mesmo tendo uma carreira jurídica sólida e já ultrapassado os 40 anos de idade, decidi começar a aprender programação. Mais de 10 anos depois, ainda estou aprendendo, o que não deve desencorajar ninguém: comecei na faculdade aos 17, formei-me aos 21, tornei-me juiz federal aos 26 e nunca pude me dar ao luxo de parar de estudar o direito, tantos foram/são os desafios que enfrentei/enfrento na profissão.

Na verdade, o prazer em aprender é que nos move para frente. Objetivos há, é verdade. Mas o caminho até eles pode ser muito bem aproveitado, até mesmo como um fim em si. É como uma viagem de trem por uma ferrovia que avança por paisagens deslumbrantes: às vezes o lugar de destino não é tão rico em beleza.

Mas, enfim, depois daquela postagem (adaptação de uma anterior que havia feito no LinkedIn), recebi algumas mensagens privadas indagando COMO aprender a programar. Há pessoas muito mais indicadas para apontar esse "caminho das pedras" do que eu, um diletante sem muita disciplina. Acho, no entanto, que posso dar um pitaco aqui.

A primeira pergunta que deve ser feita não é "Como", mas "Por que aprender a programar?". Aprender é ótimo, mas há muito conhecimento por aí a se obter. Você pode estudar o universo, os oceanos, a língua polonesa... Mas qual a sua motivação? O que te fará seguir adiante ao primeiro obstáculo?

Comecei a estudar para concurso público porque o meu sonho de ser executivo de multinacional ruiu depois do vigésimo processo seletivo para trainee em que fui reprovado. Nasceu daí minha motivação para ser servidor público: se estudasse o suficiente para ser aprovado, ninguém poderia me negar a posse no cargo público. E todas as vezes em que batia o desânimo, o cansaço, a dor de alguma reprovação, eu me agarrava no sonho da independência financeira e voltava ao estudo. Essa era a minha bússola.

A vontade de aprender a programar surgiu quando resolvi oferecer os cursos do Master Juris - preparatório para concursos jurídicos do qual fui um dos fundadores - na internet. Depois de diversas soluções mambembes de LMS online ("Learning Management System") que agências e programadores independentes nos apresentaram ao longo tempo, achei que era o momento de entender como a coisa funcionava "under the hood". Em suma, desejava entender um pouco mais daquilo que estava por trás da interface do usuário e assim não ser mais enganado tão facilmente; eu seria um osso duro de roer quando o programador viesse com jargões e nuances para justificar orçamento e prazo de entrega. A partir daí, acabei me apaixonando pelos códigos e nunca mais olhei para trás.

Mas como foi isso? Bem, tudo começou com o WordPress. Quando conheci essa ferramenta, lá por volta de 2010/2011, e percebi que, com ela, mesmo sem saber nada de desenvolvimento web, poderia criar sites, fiquei deslumbrado. Vale lembrar que, naquela época, não havia Wix, Weebly, Squarespace, Shopify, Webflow, Carrd... Nenhum desses criadores de site no modelo "idiot proof" existia.

Naquele período, o Master Juris levou um tombo de uma agência de desenvolvimento e eu tive que arregaçar as mangas para botar nossos cursos na internet (já estávamos atrasados...). Consegui instalar o WordPress (na então recém-chegada versão 3.0) em uma hospedagem que contratei, seguindo um tutorial capenga que achei na web. Depois, levei um tempo para entender como o treco funcionava. E tome de pesquisar temas, plugins gerenciadores de ensino, de alunos, de assinaturas etc. No fim das contas, depois de algumas surras, o site estava no ar, funcionando adequadamente. Por muitos anos, até a aquisição do Master Juris pela Descomplica, aquele "velho" WordPress esteve no ar e deu conta do recado. Chegamos a "exportar" a nossa solução a vários outros cursos que nos pediram auxílio.

Sim, mas até aí, eu apenas poderia ser considerado um "power user" do WordPress, pois ainda não mexia com códigos. Só que um dia, já depois de várias contratações de programadores para ampliar as funcionalidades do site e cansado de ser enrolado com jargões da área, prazos que eu considerava muito dilatados e alguns orçamentos surreais, resolvi "abrir o capô" do bicho. Matriculei-me num curso online gratuito, oferecido à época pela Codecademy, e, em um ou dois meses, dei meus primeiros passos em HTML, CSS e PHP. A partir daí, nunca mais parei. Comprei livro atrás de livro, curso atrás de curso e virei rato de tutoriais. Como o tempo fui me arriscando cada vez mais. Escrevi inúmeros plugins para o meu site e outros foram parar no repositório oficial do WordPress. Cheguei a integrar o pagar.me com o plugin de membership S2Member e o treco está sendo usado até hoje pela Descomplica no site do Master Juris. O meu plugin mais famoso é o Easy Dash For LearnDash, que tem 700+ instalações ativas...nada mal!

Depois do WordPress, ganhei confiança e comecei a fazer projetos com o Laravel. Na sequência, iniciei meus estudos em Python, abri um canal no YouTube (ainda modesto) e sigo por aí, aproveitando meu tempo livre com essa brincadeira.

Hoje as coisas são mais fáceis para mim, pois tenho experiência com a parte lógica e zero receio de enfrentar uma nova linguagem/sintaxe (tá certo, às vezes bate uma certa preguiça...). Mas tudo começou com a motivação de fazer o meu curso, até então presencial, gerar mais receita com aulas online. Suei a camisa e não desisti por conta desse objetivo. Hoje, é verdade, ele (o objetivo) não existe mais e a programação virou esporte/paixão. A finalidade passou a ser, apenas, aprender e transmitir conhecimento. É o que me faz feliz.

Não iludo ninguém que me procura pedindo conselhos sobre como começar. Aprender a programar é muito difícil; já na largada, na instalação do ambiente de trabalho, os problemas começam e a vontade de desistir bate forte. Se a pessoa não tiver um objetivo tão bem definido quanto desejado, dificilmente vai continuar na trilha. Mas a recompensa para quem persiste...a sensação de ver um código rodar é boa demais...

E você? Também tinha a sua motivação? Conte aí nos comentários qual foi.

Nas próximas postagens vou falar mais dos meus projetos que estão no ar. Te vejo lá!

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Muito longo, vou esperar virar um filme rsrsrsrsrs.
Brincadeiras a parte, a tecnologia sempre me facinou, desde os primórdios das telas verdes ou amarelas em alguns casos kkkkk.
E quando realmente comecei a mexer com isso, aquela curiosidade de saber como que as coisas funcionam sempre me levaram a buscar cada vez mais conhecimento e teimoso do jeito que sou, não sosegava enquanto não descobria. entre altos e baixos ainda continuo a aprender, muito mais por curiosidade do que por pratica.

Mas uma coisa é certa e tento sempre passar para frente.
Não importa o que você esteja estudando, desde que você estude e aprenda, já está em um bom caminho.