O Google foi longe demais?

Sim, isso mesmo que você leu. Recentemente, usuários do subreddit do YouTube notaram um delay no carregamento de vídeos em navegadores não baseados no Chromium. Caso não acredite em mim, teste por si mesmo. Instale uma extensão que faça spoofing do seu User Agent em algum browser não chromium (Firefox, por exemplo), mentindo a engine do seu navegador para o YouTube e compare os tempos de carregamento dos vídeos. A diferença é de 5 segundos.

Como foi feito?

Olhando o JavaScript carregado, notamos que o código é obfuscado e minificado; porém, passando-o por qualquer desobfuscador da vida que você encontra facilmente na internet, encontramos o sinal da fumaça. Há, de fato, um timeout de 5 segundos implementado quando detectado um navegador não baseado em Chromium. Prática, no mínimo, dúbia.

Implicações morais e a motivação por trás do YouTube

Sabemos que, no atual cenário, o Google domina a guerra dos navegadores, com um marketshare de incríveis 63%, seguido do Safari da também gigante Apple com 19%, uma vitória de lavada para os navegadores baseados no Chromium. Sabemos também que o YouTube trava uma guerra com os bloqueadores de anúncio, implementando medidas cada vez mais rígidas para impedir seu uso. Com um marketshare tão grande, seria fácil para o Google acabar com os bloqueadores de uma vez, como vem demonstrando dia após dia estar em vias de fazê-lo; porém, esse poder não se estende a navegadores que usem uma engine diferente. Alô, amiguinhos da raposa de fogo

Opinião do autor a seguir: Essas medidas que impedem o uso de bloqueadores de anúncio poderiam ocasionar a fuga de usuários para outros navegadores, então qual seria uma medida que mitigaria essa consequência? Isso mesmo, sorrateiramente tornar o YouTube mais lento na concorrência. Quase nenhum usuário tem a expertise ou a curiosidade de saber se o YouTube roda mais devagar arbitrariamente, dependendo do seu navegador, mas pode ter certeza que ele notará os 5 segundos a mais de espera para ver um vídeo.

Considerações finais

Eu, pessoalmente, como programador, me incomodo e me preocupo com a dominância tirânica do Google sobre como a internet é usada no mundo INTEIRO. Apesar de ser um hater pessoal da Apple e suas práticas anticompetitivas, entendo que ela está sendo um dos últimos bastiões ante a dominação completa da internet pelas mãos do Google. Ou Evil Corp.
Me pergunto também se isso não fere regulações estatais europeias, por exemplo.