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jess
3 min de leitura ·

PRECISAMOS FALAR SOBRE ANSIEDADE

Vivemos em um mundo ansioso, as gerações estão cada vez mais ansiosas e isso é notável. O contraste entre a geração dos nossos avós e a geração atual é nítido, antes, as pessoas passavam horas em uma cadeira simplesmente contemplando a vista, conhecer os vizinhos era algo natural, suas carreiras frequentemente estendiam-se por décadas no mesmo emprego. No entanto, nos dias atuais, há uma busca incessante por resultados imediatos; hoje, precisamos de entretenimento 24 horas por dia, mudamos de emprego com uma frequência absurda e a urgência em obter resultados é imensa. Essa urgência, sem dúvida, guarda uma correlação direta com os altos níveis de ansiedade que enfrentamos.

Em uma análise mais profunda, somos ansiosos, pois vivemos numa sociedade que cobra produtividade a todo custo. A era dos "coaches" é uma indicativa disso, onde indivíduos que frequentemente não possuem realizações tangíveis oferecem conselhos baseados em fórmulas vazias. Pior ainda é que pagamos para absorver esses discursos que sugerem de, “você precisa acordar às 5 da manhã, trabalhar 12 horas por dia, estudar todos os dia e investir todos os meses, do contrário não será dignos de sucesso, será um fracassado”. A mera leitura dessas frase já gera uma angústia gigante.

Essa narrativa incessante apenas amplifica nossa ansiedade e resulta em frustrações constantes. A promessa de ganhar quantias substanciais em poucos meses, seja como programador ou em qualquer outra área, é muitas vezes acompanhada por cursos caros que prometem o sucesso instantâneo. No entanto, essa é uma tática de marketing, perceptível para aqueles que compreendem um pouco sobre estratégias de venda e redação persuasiva (copywrite). Em todos esses textos, um "inimigo" é criado - aquele que não se esforça o suficiente, contrastado com o "herói" que supera todos os limites sem descanso. As roupagens variam, mas a abordagem permanecem as mesmas.

O conceito de meritocracia também exerce um papel prejudicial nesse contexto. A ideia de que o sucesso é exclusivamente resultado do esforço pessoal é extremamente irritante e simplista. Essa linha de pensamento desconsidera fatores estruturais, privilégios e oportunidades que podem influenciar o sucesso de alguém.

Pessoalmente, sucumbi a essas pressões no passado, resultando em crises de pânico, ansiedade e depressão. Apenas ao atingir o fundo do poço percebi que essas narrativas eram meramente construções para vender um ideal inatingível. O último ano foi o auge dessa conscientização, pois as consequências de negligenciar minha saúde mental vieram à tona. A jornada de autoanálise e terapia foi fundamental para o entendimento da verdade por trás dessas pressões implacáveis.

Como indivíduos comuns, como podemos lidar com essa lavagem cerebral diária? A resposta não é simples e estou, pessoalmente, em processo de compreensão. No entanto, fica claro que devemos adotar nosso próprio ritmo. Devemos parar de nos acelerar constantemente, lembrando-nos de que tudo é um processo. Comparar-se com os outros só aumenta a ansiedade; em vez disso, devemos celebrar nossa própria evolução. É crucial encontrar um equilíbrio entre estudo, trabalho e lazer.

A ideia desse texto não é pregar estagnação, mas sim enfatizar que a jornada é tão importante quanto o destino. A conquista de metas, seja aprendendo programação, alcançando o emprego ideal ou sonhos pessoais, tem seu próprio tempo. A vida não é uma maratona, não existe linha de chegada, aproveite o percurso, aproveite o processo. O segredo é não desistir, é fazer a sua parte, esteja disposto, mas não pague o preço de algo que nem existe.

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