[Hipótese] Mesclagem socio-virtual: Onde começa a vida real?

A agenda da espécie humana

Dia a dia, as pessoas fazem pagamentos, compartilham seus memes favoritos, falam com estranhos em redes sociais e conversam amigos por apps de chat. Estudam por meio de celulares e computadores, lêem livros por tablets e e-readers, e se divertem por meio vídeos no Youtube, Instagram e Tiktok. Em todas essas situações, a presença da tecnologia impactou a maneira como eram realizadas essas tarefas.

De tal modo, a ponte entre vida digital e a vida no mundo real se estreita cada dia mais e resulta numa assimilação dessa linha tênue. A princípio, isso trouxe muitos benefícios como aumento de produtividade e expandir seu mundo pessoal e profissional, consumindo conteúdo e aproveitando possibilidades além das barreiras geográficas e físicas. Porém, existe um lado negativo, insulabre a saúde humana.

O ser humano, nada mais que um primata ansioso, transforma o mundo e é transformado por ele, o conceito clássico da endoculturação. Para explicar o fenômeno da "assimilação socio-virtual" é necessário compreender o que é a cultura e como ela é construída. A cultura na sua definição antropológica, por Edward B. Tylor, trata-se de todo o comportamento, conhecimento, moral, costumes e leis adquiridos pelo homem no convívio social. Cultura é um processo vivo e adaptativo, é em especial uma forma de contornar a inabilidade humana, humanos não precisaram de dentes enormes e garras afiadas para caçar mamutes, já que produziam armas.

A capacidade de produzir objetos, foi uma verdadeira revolução na agenda da história humana, já que apartir desse momento, a mecanização de processos daria um novo significado a existência. Ferramentas foram usados para todo tipo de tarefa, cozinhar, caçar, coletar provisões teria se tornado mais fácil que nunca. O animal humano agora não precisava mais se preocupar com alimentos e água, já que agora poderia armazená-los, ataques de animais silvestres também já não significavam morte iminente, pois poderiam se defender com suas armas.

Embora a nítida melhora na qualidade e perspectiva de vida da espécie, o animal humano agora se vê entendiado. Já havia passado pela Revolução Agrícola, sedentário agora, começa a buscar formas de abastar seu estado enfadonhho. Buscando cada vez mais estímulo, por meio de comidas palatáveis, interações sociais e status, a procura pelo prazer, que antes o permitia sobreviver, agora o tornou refém.

Voltando aos dias atuais, o animal humano não apresentou mudanças biológicas tão significativas que mudariam a maneira como o corpo reagisse a estímulos, porém, agora a busca pelo prazer modificou a cultura de uma maneira que não é necessário esforço algum para ter aquilo que antes impedia o ser humano de se tornar um cadáver frio. O fenômeno que teria tornado um pequeno primata do Saara em um homem comum viciado em álcool e junk food, é chamado Estímulo supranormal. O Estímulo supranormal, ou superestímulo, é uma versão exagerada de um estímulo que causa uma resposta, ou seja um reforço positivo. Em testes de laboratório, chegaram a conclusão que passáros preferem ovos artificiais, que parecem mais sadios, aos próprios ovos.

Exploração humana: A nova treding

Assim como o pássaro, que prefere ovos falsos ao invés dos seus próprios ovos, o animal humano prefere junk food, conexões digitais e pornografia, ao invés de frutas frescas, amizades físicas e relações sexuais positivas. Quando tomaram por si, haviam primatas lucrando sobre outros, por meio do convencimento ou produzindo produtos que causariam dependência. O ser humano então tornou-se o produto e o mercado consumidor.

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