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Pontos de (In|Re)flexão

Um dos meus primeiros choques de realidade acerca do meu real conhecimento aconteceu durante o ENEM de 2017. Estava no último ano do ensino médio estudando em uma escola particular e, por este motivo, imaginava já possuir conhecimento suficiente para conseguir ingressar em uma faculdade pública sem muito esforço.

Voltando alguns meses no tempo, cheguei a realizar alguns simulados abertos ao público do Objetivo (cursinho pré-vestibular particular) e já tinha percebido que as questões eram muito mais complexas do que eu estava acostumado na escola, principalmente na área de exatas, mesmo tendo um retrospecto positivo durante a minha trajetória. Apesar dos primeiros choques, eu ainda tinha uma esperança: a redação!

Aos 13/14 anos de idade eu já era redator em blogs de Yu-Gi-Oh! e sempre recebi elogios pela qualidade dos textos, apesar de ser horroroso no game. Na escola não era muito diferente, sempre tive muita facilidade com qualquer atividade que envolvesse escrever alguma coisa, e o sinal era muito claro, ainda que não tivesse praticado seguindo os moldes de avaliação, eu destruiria na redação do ENEM.

Garanti meus míseros 560 pontos e aceitei a realidade, eu não era inteligente - ou pelo menos não tanto quanto eu imaginava.

No início de 2023, após completar meu primeiro ano de experiência como programador, resolvi testar minhas habilidades mundo afora, principalmente com React, já que durante o ano anterior tive muitas oportunidades de usar a biblioteca, e, novamente, a conclusão era óbvia, eu destruiria qualquer requisito.

Após concluir e enviar o desafio de uma empresa, recebi o convite para a conversa e já na primeira pergunta foi sem massagem: "O que é programação funcional?" Eu não tinha a mínima ideia, apenas sabia que não era "usar funções" ou qualquer resposta neste sentido. A partir dai foi dramático, surra atrás de surra, e antes mesmo de encerrar, eu já tinha uma certeza, a minha alta confiança às vezes era o meu maior aliado e maior inimigo ao mesmo tempo, e eu decidi imperativamente que aquele dia seria um ponto de inflexão na minha vida.

Apesar do sentimento de derrota, a minha visão é de que isso é somente a vida acontecendo. Alguns talvez pensem "Será que vale se candidatar mesmo sem saber 100% de alguma linguagem ou ferramenta e passar essa vergonha?" e a minha opinião sincera é que sim. Recebi a recomendação de ler o You Don't Know JS e sempre que estiver em algum momento cabisbaixo, desmotivado para estudar, lembrarei do traumático dia e do artigo do Fabio Akita sobre ser arrogante e tenho absoluta certeza de que voltarei ao foco.

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Como diria Naval, sofrimento é:

O instante em que você vê as coisas exatamente como são.

Felizmente pelo que está relatando vc ainda é bem jovem e pode transformar essa frustração em energia e impulso para crescer e se aperfeiçoar.

Recomendo a leitura de Almanaque, excelente livro sobre autoconhecimento.

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Não ter medo de 'passar vergonha' é uma habilidade de poucos, e geralmente é ai que evoluimos.

Quantas vezes eu também não assumi uma postura de quem iria dar conta, e acabei falhando. Resultado? A 'vergonha' me fez procurar melhorar. Se eu tivesse apenas assumido uma incapacidade e evitado o desafio, estaria estagnado desde então.

Poucas pessoas gostam de gente arrogante, mas esta também é uma característica que nos faz crescer. Humildade demais faz as pessoas te adorarem, e não te leva a lugar nenhum.

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Desculpa o palavrão, mas POURRA, que excelente reflexão. Fez eu repensar algumas atitudes que tenho em relação a achar que sabe muito sobre determinado assunto mas que na verdade não é bem assim.

Obrigado.