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Edit: No final isso aqui virou um artigo respondendo o seu artigo rsrs

Sobre influência das redes sociais

[...] a segunda foi que surgiram as tais redes sociais que até hoje se mostram uma ameaça a humanidade afinal elas tem o poder de influenciar o rumo até de países inteiros [...]

Meu ponto de vista sobre isso é totalmente o contrário para ser sincera, as redes sociais trouxeram a decentralização da informação, tirando o poder de monopólios e concessões que eram feitas totalmente pelo Estado.

As pessoas são influenciáveis por natureza, independente de meio, antes eram majoritariamente por TV e Rádio (e talvez jornais impressos), e hoje majoritariamente pelas redes sociais. A maior diferença é: na época da TV e Rádio, como você validaria uma informação? Como você saberia que aquilo é verdade e não uma mentira absurda ou distorção da realidade? Na maioria absurda das vezes, você não conseguia. A Internet trouxe o acesso a informação, e com ela hoje você pode facilmente validar uma informação.

No meu ponto de vista, as pessoas hoje são menos influenciáveis do que anos atrás antes das redes sociais, já que hoje elas podem validar as informações. Mas é claro que pessoas influenciáveis vão ser influenciadas independente do meio, e quanto mais informação esse meio tiver, maior será a quantidade de vezes que uma pessoa será enganada e irá repassar essa informação. No entanto, isso não é o mesmo que ter uma população mais influenciável, é só uma conta percentual básica. O que acontece é que hoje a gente sabe que as pessoas estão sendo enganadas, antes nós não sabiamos, e hoje elas são enganadas mais vezes, pois a quantidade de informação aumentou.

Sobre Web 1 x Web 2 x Web 3

A mudança entra a Web 1 para a Web 2 foi majoritariamente de quantidade de conteúdo e de forma de interação, mas não de arquitetura de redes, como a Web3.

Para mim, a ideia de "versão da Web" não faz mais tanto sentido. Web 1 para Web 2 foi realmente uma mudança de como nós, na posição de usuário, interagimos com o conteúdo. Web3 e a provável Web4 são substancialmente diferentes.

Web3 nunca me pareceu um avanço de fato, é mais lenta, é mais cara, gasta muito mais energia, e no final ainda assim é só a aplicação de conceitos que existem desde a Web 1: P2P, Sistemas Distribuidos, Contratos Inteligentes (sim, isso existe desde 1994). E para piorar, é centralizada (sim, infelizmente na prática está centralizada, o que fica cada vez mais aparente).

Lembra do teorema de CAP? Então, a Web3 precisa fazer sacrificios que acabam resultando em custos maiores (seja de tempo ou capital) e dificuldade de adoção. Ninguém quer acessar um site e descobrir que hoje só metade dele funciona, ou que os dados estão desatualizados, ou que ele está indisponível, já que pelo menos uma dessas coisas terá que ser sacrificada. Claro que é possível aliviar e quase anular a frequência desses cenários, mas fazer isso tem basicamente se resumido em custos maiores.

Além de todos os problemas intrinsecos do modelo da Web3, humanos se atraem muito mais pela conveniência do que pela liberdade (e isso não é algo bom), ou seja, por qual motivo o ChatGPT representa uma ameaça para o Google? É por ele ser mais preciso? Ter mais informações? Não, é justamente por ser mais conveniente, é por ter um lugar especifico aonde você vai, digita o que quer e tem a resposta na hora. Até mesmo o TikTok tem sido a principal fonte de informações dos jovens, não por ser uma rede social, mas por ser mais conveniente do que gastar horas pesquisando e ter que construir uma conclusão por si mesmo.

A decentralização como proposto pela Web3, apesar dos problemas e das coisas que eu discordo, é algo que eu pessoalmente acho uma ideia incrível, mas não acredito que vá acontecer.

E no final, a Internet já é decentralizada por natureza, composta de inumeras redes e sub-redes de computadores. Mas nós precisamos sim [para termos uma sociedade mais livre] decentralizar ainda mais esse sistema, o problema é justamente as implicações citadas. Para mim ambos sistemas vão coexistir. E se tomar o IPv6 como exemplo, seja para otimizar a Web3 em questão de velocidade (diretamente nas camadas mais baixas da rede) ou para adoção de uma coisa que muda completamente como lidamos com a Internet, a Web3 pode levar mais de 30 anos para ser amplamente adotada e substituir a querida e odiada velha Web 2.

Web 4?

Existem diversos problemas nessa ideia de Web 4, por mais que comece parecendo algo interessente.

[...] se eu sigo 'Filipe Deschamps', 'Diolinux' e 'Linux Universe' faria sentido se eu recebesse os conteúdos que eles produzissem quando produzissem, não na ordem que um algoritmo acha que é melhor pra mim fazendo valer o nome "rede social" [...]

Concordo, odeio abrir alguma rede e ver coisas de pessoas que não sigo, mas acredito que o mais adequado seria na verdade termos, por padrão, só o conteúdo de quem a gente segue ou de canais que são recomendados por essas pessoas (como da seção de Canais do YouTube que todo canal tem, por exemplo), e uma outra opção que seriam as recomendações. Ainda assim, teriamos que ter um meio termo onde teriamos um algoritmo que trabalha com recomendações só de quem seguimos.

Por outro lado, é quase impossível fazer isso, eu mesmo sou inscrita em mais de 900 canais, o YouTube não conseguiria gerar uma recomendação totalmente pessoal para cada individuo, e por isso ele acaba com recomendações generalizadas para grupos de pessoas, e obviamente isso tem viés (se é proposital ou não, não cabe a mim decidir).

O ideal mesmo seria termos mais opções para controlar as nossas recomendações, e mesmo que a "rede social" queira entregar uma experiência própria, ela deveria dar a opção para você controlar como essa sua experiência pessoal acontece, enquanto a plataforma entrega a experiência padrão para quem não quer ter esse controle fino.

Cada vez estamos tendo menos opções, e por isso eu acho que essa parta abaixo não seria adequada.

Seria ótimo se ao invés de 'escreva um texto pra mim' tivesse um único botão: 'melhore esse texto pra mim' e ao clicar o texto fosse corrigido, tivesse erros apontados e fosse formatado, ao invés de simplesmente criarmos bolhas sociais usando algoritmos de entrega controversos [...]

Isso para mim deveria ser uma opção, uma funcionalidade da ferramenta, eu ainda prefiro perguntar algo e ter uma resposta controversa do que não poder nem perguntar. É claro que isso pode ser utilizado como ferramenta de manipulação, mas se até hoje canais grandes do YouTube são sequestrados por meio de engenharia social simples, diminuir o escopo dessas ferramentas não vai funcionar.

A manipulação vai ocorrer independente do meio. Sempre que houver alguém influenciável, vai acontecer essa influência. Engenharia Social é uma técnica secular que funciona extremamente bem até hoje. Tem esse livro sobre Engenharia Social que eu amo recomendar.

As bolhas sociais são só reflexo de uma massa populacional manipulável devido a alguns fatores, um deles a falta de educação. E se o problema é educação, devemos resolver esse problema. Não adianta tentar proteger as pessoas, temos que ensinar elas a como se proteger, pois cedo ou tarde o ataque acontece, e na maioria das vezes não temos controle nenhum disso e não estaremos lá para impedir.

Eu não acredito em uma população em que os outros decidirem por ela o que é ou não é bom, isso vai contra todo e qualquer conceito moral e ético que eu pessoalmente defendo. Mas também há controversas na minha fala, já que a educação também é usada como meio de manipulação, por isso eu disse que é um dos fatores, o segundo é a inteligência, e talvez o principal deles. Mas isso é algo que nós não temos controle (isso é até discutível), por isso a educação é extremamente importante, mas eu não vou dizer como evitariamos o viés educacional, pois eu não sei.

E de fato me preocupa, mesmo eu sabendo como me proteger de informações controversas, como você descobre a verdade quando só tem acesso a mentiras? Felizmente, por enquanto, a Internet não pode ser controlada, o problema mesmo está nas pessoas cada vez menos investigando e indo a fundo sobre o que obtem na Internet, e cada vez mais caindo na conveniência de aceitar tudo que lê ou ouve como verdade.

Outro problema é como competir com grandes empresas? Como ter uma pluralidade de plataformas com politicas diferentes? Quem mais teria dinheiro para criar e manter um YouTube a longo prazo sendo mais competitivo que o próprio YouTube? E a Twitch? Essas empresas cresceram aos poucos e se tornaram grandes de mais a ponto de que só eles conseguem manter a infraestrutura extremamente cara necessária para ter tudo o que tem.

A única alternativa que sobrou e quase não deu certo foi criar uma plataforma não competitiva inicialmente, mas levar os influenciadores grandes e tentar até dar certo, e mesmo assim, o crescimento foi tão pequeno e o dinheiro foi acabando, e foi havendo o encolhimento até falirem. Nem o Facebook conseguiu competir, e dinheiro não faltou, mas não se tornou sustentável mesmo após 4 anos.

Talvez a Web 4 possa responder isso, mas para Streaming, por exemplo, latência é crucial, por isso a maioria prefere a Twitch, a interação com delay é horrível, digo por experiência própria. O problema computacional e de armazenamento, que é extremamente caro, é facilmente resolvido com a decentralização, por outro lado, os problemas de latência e largura de banda só aumentam, como seria possível resolver isso?

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como você descobre a verdade quando só tem acesso a mentiras?

Excelente ponto.

E sabe o que muita gente faz? Escolhe suas próprias "verdades" de forma arbitrária, enviesada e irracional. Isso explica a quantidade assustadora de terraplanismo, anti-vaxxers e todo tipo de negacionismo/conspiracionismo que tem surgido atualmente. Todos esses acreditando que "descobriram a verdade que as grandes corporações queriam esconder de nós".

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Achei massa a tua resposta e senti vontade expressar a minha opinião sobre o que o natanael755 falou, mas com foco em teu comentário (e primariamente na questão "como tecnologias emergentes agem na formação do conhecimento humano?".

Primeiramente (no meu ponto de vista) eu resumiria o post do natanael755 em "preocupações com tecnologias que potencialmente (segundo um grande senso comum) diminuiria a capacidade intelectual e de criatividade das pessoas".
Esse resumo tem um contra-discurso, em que uma parcela menor da sociedade acredita, eu acho.

Da mesma forma, acredito muito que os dois discursos podem fazer mutuamente sentido - essas tecnologias emergentes, podem ter vindo, e possivelmente vieram, para substituir a nossa capacidade de pensamento - e ta tudo bem, da mesma forma que elas conseguem ampliar a nossa capacidade de pensamento. Por exemplo, como você (gabiissan) destaca:

[...] Além de todos os problemas intrinsecos do modelo da Web3, humanos se atraem muito mais pela conveniência do que pela liberdade [...]

O ponto-chave do discurso dessa dualidade é esse, humanos querem comodidades, é o que movimenta o capitalismo, é a motriz do desenvolvimento tecnológico, resolver cada vez mais coisas que humanos se esforçam para fazer. Mas essa premissa tem controvérsias, pois até que ponto isso começa a explorar o estado da arte do desenvolvimento do conhecimento humano?

Para explicar esse ponto, destaco esses dois trechos, o primeiro do Natan e o segundo da Gabi:

[...] Seria ótimo se ao invés de 'escreva um texto pra mim' tivesse um único botão: 'melhore esse texto pra mim' e ao clicar o texto fosse corrigido, tivesse erros apontados e fosse formatado [...]
[...] O ideal mesmo seria termos mais opções para controlar as nossas recomendações, e mesmo que a "rede social" queira entregar uma experiência própria, ela deveria dar a opção para você controlar como essa sua experiência pessoal acontece [...]

Esses levantamentos trazem um conforto hipotético, de que, apesar da maioria das pessoas estarem preocupadas em serem substituídas por máquinas ou as suas crianças do futuro (como já acontece com as de hoje), estiverem atrofiando seus cérebros com TikTok, fakenews ou respostas rápidas na internet, existem meios e métodos de explorar e reduzir o impacto dessas tecnologias na formação do conhecimento humano, sem afetar a experiência.

E ainda mais, restaurando o que eu disse anteriormente, que tecnologias como GPT ou Text-to-Image por exemplo, sejam capazes de abstrair complexidades a nível de escopo ou domínio desnecessárias para aquele contexto, nos dando a oportunidade de ser obrigado a expandir meus conhecimentos para tarefas exclusivamente mais complexas que uma IdA - ainda - não resolve.

Em resumo, estamos passando por viradas tecnológicas esperadas, assim como anos atrás, sempre haverá resistências e opiniões distintas, e debates saudáveis sobre ética, por exemplo, e como isso afeta a humanidade são extremamente úteis, mesmo que faça evoluir mais lentamente.