[OUT OF THE BOX] A medicina de Da Vinci
Hoje, separei um tema muito especial. Quero falar sobre um dos homens menos comentados, mas ao mesmo tempo mais surpreendentes para o início do que temos naem inovação e disrupção dos dias de hoje. Quero falar sobre Leonardo da Vinci.
Eu não sei você, mas o estilo de Da Vinci sempre me cativou. Algo meio místico, misturado ao empirismo e à metodologia científica - temas tão distintos - que entram em uma sintonia única na mente de um homem tão "simples". Simples de criação, simples de vida, mas com uma sede por conhecimento tão absurda que nada o pararia, nem mesmo a própria ignorância.
Da vinci era pintor, escutor, desenhista, matemático e - acredite ou não - anatomista. Não sei se chegou a praticar a medicina, mas esse é um dos menores detalhes da vida dele.
Da infinidade de criações e notas escritas em toda a sua vida, quero tratar especificamente uma delas hoje. A percepção da visão através do olho humano. Como cientista, Da Vinci sempre procurou padrões no mundo que o cercava.
Através disso, de alguns estudos com câmaras escuras e o comportamento da luz, ele começou a entender como a luz se comportava. Era o início do que hoje chamamos de PinHole, uma espécie de câmera fotográfica primitiva, normalmente citada no primeiro ou segundo ano do ensino médio.
Porém, ao abrir e dissecar diversos cadáveres, da vinci começou a notar um padrão que se repetia: o olho tinha um funcionamento muito semelhante à câmera que ele tanto havia estudado. Havia um padrão: um orifício por onde a luz entrava, uma câmara escura e um aparato receptor. A simples diferença estava na complexidade do olho.
O olho precisa ver de perto, de longe, em ambientes com mais ou menos luz, precisa diferenciar cores. E tudo isso também está lá.
Seja no cristalino, que altera a refração da luz e nos possibilita ajustar o foco, os músculos que aumentam ou diminuem o diâmetro do orifício por onde entra a luz, o próprio globo que permite a criação de um campo escuro, ou até a retina, com sua incrível capacidade de absorver e transmitir o que está sendo recebido.
Da Vinci foi, se não o primeiro, um dos primeiros homens a compreender dessa forma extremamente simples como o olho humano funcionava. Fez a ligação entre um tópico "da vida real" (leia-se fora da medicina) com a medicina, e com isso, entendeu que a imagem chegava invertida e que era transmitida por alguma espécie de transmissor (hoje chamado de nervo óptico). Compreendeu os diferentes mecanismos e a forma como eles interagiam. E é genial.
E porque eu estou te contando essa história hoje? A medicina, a vida, o mundo ao nosso redor - ao meu ver - sempre foram recheados desses exemplos. "Grandes homens" que, fazendo o que amavam no fundo do seu coração, levaram o mundo a ver através dos seus olhos apaixonados.
E que com isso transformaram toda uma geração, quem sabe a realidade de toda uma geração, talvez uma espécie inteira.
Homens que, por entenderem além do que a faculdade ou a academia os ensinava, foram referência para os seus iguais ou superiores. Sem o conhecimento prévio da PinHole, talvez da Vinci nunca teria chegado a esse conhecimento, muito menos da forma que chegou. E talvez, por isso, a oftalmologia estaria atrasada algumas décadas, no melhor dos casos.
Hoje eu quero te propor a se colocar nesse lugar. Deixar de ser 'apenas mais um na equipe', ir para 'apenas mais um dia de trabalho', e se comprometer de verdade a estar lá.
Mudar vidas. Melhorar, mesmo que um pouquinho, o entendimento de alguém sobre a própria condição. Ajudar e estar presente no trabalho. Se comprometer - de verdade - com as melhores práticas e entregas para cada um dos que entram à sua porta.
E muito além disso. Pensar que, muito além das experiências dentro do consultório, a medicina se relaciona de forma profunda com todas as outras áreas do conhecimento. Sem exceção. E isso é um dos grandes diferenciais que se pode ter hoje. Palavra de médico.
Esse é o post de hoje. Talvez seja mais um desabafo. Um cansaço dessa rotina de fazer as coisas por fazer, de bater ponto. Sinceramente? Eu quero mais. E eu sei que existe um lugar onde isso é possível.