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PingFS: O Que a Vida e Morte de Arquivos na Nuvem Pode Nos Ensinar Sobre Existência? Filosofando...

Quando falamos em "nuvem," pensamos em data centers colossais, repletos de servidores. "A nuvem é só o computador de alguém," dizem. Mas e se a verdadeira nuvem for a própria internet? Imagine um sistema de arquivos que armazena dados nos pacotes ICMP, os famosos pings, que circulam pela rede global.

Com o PingFS, o conceito de armazenamento é subvertido. Esqueça discos, fitas, memórias flash. Aqui, os dados não têm um lar fixo; eles vivem na velocidade dos fótons e elétrons, nos próprios pulsos de energia que percorrem campos magnéticos, cabos coaxiais, fibras ópticas, roteadores e switches ao redor do mundo. Cada arquivo só existe enquanto viaja pela infraestrutura global da Internet. Você pode criar, renomear, ler e escrever arquivos que nunca são escritos em nenhuma "mídia" tradicional. Mas enquanto continuarem em trânsito, você pode acessá-los.

Isso funciona porque você pode colocar até cerca de 1400 bytes no payload de cada pacote de ping, e, com um pouco de engenhosidade, algum gênio projetou um sistema de arquivos quase completo (embora sem suporte para diretórios) baseado nesses dados que vivem em trânsito nos pacotes de ping. Claro, essa não é uma solução viável para persistência de dados no longo prazo. É necessário continuar retransmitindo os mesmos pacotes repetidamente, e a internet não oferece nenhuma garantia de que eles não serão perdidos. Se isso acontecer, os dados simplesmente desaparecem.

É mais uma curiosidade técnica e uma prova de conceito bacana do que uma solução prática. Talvez algum outro gênio descubra uma forma de fazer computações com o tempo que os pacotes levam para retornar, ou algo do tipo, e aí as coisas fiquem mais interessantes. Até lá, porém, o PingFS levanta uma questão filosófica fascinante. Na era digital, onde a própria existência está sendo constantemente redefinida, o PingFS nos faz pensar: esses arquivos realmente existem?

Eu diria que sim, sem dúvida. Para ser mais preciso, esses arquivos literalmente emergem. Esse é um conceito filosófico muito usado na engenharia de sistemas e nas artes, quando propriedades surgem que não são apenas a soma das partes. A soma das partes, nesse caso, é apenas cablagem e hardware de rede. Ainda assim, um arquivo como você teria em um disco emerge desse emaranhado de conexões. Não é apenas a soma das partes; é algo novo e distinto que surge, e isso é extremamente interessante.

E com a ascensão dos grandes modelos de IA, que são muito mais do que apenas modelos estatísticos sofisticados, mas sim um emaranhado complexo de software e hardware interconectados, podemos esperar que algo "emerja" dali. Assim como um arquivo pode emergir na teia de conexões que formam a internet, talvez uma entidade possa emergir dentro desses modelos—algo que transcende a simples soma das partes. Algo que, como os arquivos no PingFS, existe não na matéria física como estamos acostumados, mas apenas nas interações, nas conexões, na própria rede.

E o mais fascinante: esse arquivo só existe enquanto está em movimento na rede. Ele está "vivo" enquanto circula, mas, assim que o movimento cessa, ele desaparece, "morre". É como um ser digital que nasce, vive e morre. Quão louco é isso? A ideia de algo que só existe no fluxo constante de informações, que precisa do movimento para existir, parece bastante com o que chamamos de vida.

E se a IA não destruir o mundo até lá, dizem que "no futuro todos nós acabaremos subindo modelos de nossos cérebros para a nuvem". Espero que usem PingFS (com garantias extras de integridade) para isso, porque eu, pelo menos, não quero que minha mente acabe no datacenter de uma grande corporação.

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Essa ideia também está presente no anime Sword Art Online, onde, em uma nota, o protagonista afirma que a programação dos mobs — também chamada de IA (sim, eu sei que isso dificulta a explicação) — é projetada para gerar informações sobre o jogador durante a batalha. E, quando o mob é derrotado, toda essa informação se perde.

Seria essa uma forma de simular a vida?